Católicos do RN desejam que novo papa promova unidade e equilíbrio


Na Catedral de Natal, fiéis fizeram orações e homenagens ao longo da semana. Imagem do papa ficou em destaque no altar| Foto: Magnus Nascimento

O Papa Francisco (1936-2025), falecido no início da semana, foi reconhecido mundialmente por promover transformações significativas na Igreja Católica durante seu papado de 12 anos. Com o conclave, que começa quinze dias após a morte para escolher o novo líder da igreja, a comunidade católica no Rio Grande do Norte e em todo o mundo aguarda com expectativa o anúncio do futuro Sumo Pontífice. 

Fiéis e líderes religiosos esperam que sejam mantidas características de unidade, equilíbrio e continuidade do trabalho de Francisco, com foco na liturgia e na análise da sociedade. O Papa Francisco teve uma relação especial com o RN, com ações significativas para a comunidade local ao longo de sua liderança.

Nomeado pelo Papa Francisco em julho de 2023, o Arcebispo Metropolitano de Natal, Dom João Santos Cardoso, nutre expectativas positivas acerca do novo papa. Ele cita que o próximo representante católico precisará manter a unidade da Igreja Católica para evitar “fragmentações” e dialogar com o mundo moderno. 

Dom João Santos descreve o pontificado de Francisco como uma “novidade extraordinária do Espírito Santo”, uma “primavera na Igreja” que trouxe renovada esperança, embora também tenha sido alvo de críticas e incompreensões. “A grande expectativa para aquele que for escolhido para ser o Bispo de Roma, sucessor de Pedro, é a unidade. A Igreja Católica é muito diversa, com países, continentes, culturas, línguas e ritos diferentes, além de suas histórias e identidades eclesiológicas”, disse Dom João.

Neste sentido, ele avalia que garantir essa unidade será o grande desafio do novo papa. “Essa unidade é da igreja não se fragmentar, não se dividir, por mais que tenhamos sensibilidades pastorais distintas, realidades locais e até visões eclesiológicas. É preciso uma grande ajuda do Espírito Santo para cumprir essa missão”, afirma o sacerdote.

Dom Jaime Vieira Rocha, arcebispo de Natal de 2011 a 2023 e atualmente arcebispo emérito, também reconhece o legado do Papa Francisco, chamando seu papado de “extraordinário”. Ele destaca a importância de o novo papa dar continuidade ao trabalho de Francisco, que se destacou pela humildade e sensibilidade, tornando-o uma referência mundial neste sentido. “O caminhar da Igreja com o Papa Francisco, diante dos desafios do mundo atual, foi visivelmente feliz, eloquente e corajoso. A missão da Igreja, liderada por Francisco, não terá retrocessos”, ressalta.

Para ele, qualquer pontífice eleito pelo conclave “com a inspiração do Espírito Santo” continuará essa missão e os testemunhos da Igreja no tempo presente. “Não acredito que tudo será começado do zero. Tenho a expectativa de que o Conclave escolherá um papa que possa dar continuidade, pelo menos, às prioridades e conquistas do papado de Francisco”, afirma Dom Jaime.

O Padre Matias Soares, da paróquia de Mirassol, teve uma experiência especial com o Papa Francisco, recebendo cartas escritas pelo próprio Pontífice em 2021, enquanto se recuperava de um grave tratamento de Covid-19. Ele se diz entusiasmado com o estilo pastoral do pontífice e o impacto que ele teve na Igreja, especialmente no mundo contemporâneo.

Além disso, Padre Matias chegou a se encontrar com Francisco e também destaca o legado Francisco, especialmente no que diz respeito às reformas e ao estilo pastoral de conduzir a igreja. “O grande desafio do próximo papa será dar continuidade às reformas que Francisco vinha implementando gradualmente. Um exemplo disso é o aumento do protagonismo das mulheres em posições estratégicas dentro da Igreja”, comenta.

Ele ainda destaca o empenho de Francisco em levar a Igreja ao encontro das periferias geográficas e existenciais, promovendo uma Igreja mais missionária. “Foi ao encontro de todos, não ficando nas suas realidades e estruturas internas, mas uma igreja que é capaz de ir ao encontro das pessoas que estão nas periferias geográficas e existenciais da história”, aponta.

Padre Matias também lembra as viagens apostólicas inéditas de Francisco a países onde nenhum papa havia estado antes, além de sua preocupação com a acolhida de pessoas LGBTQIA+ e seu empenho em demonstrar sensibilidade e humanidade em relação a essas questões. Para ele, o papado de Francisco representou um avanço significativo em várias frentes, e espera-se que o novo papa dê continuidade a esses esforços.

Potiguares participam do rito de despedida

Em Roma, dois padres potiguares participaram do rito de despedida do Papa Francisco. O Monsenhor Flávio Medeiros, natural de Acari, foi nomeado pelo pontífice como Cônego da Basílica Vaticana e está envolvido em todos os atos de despedida. Juntamente com ele, o Padre Valdir Cândido, que é pároco da Catedral Metropolitana de Natal, foi nomeado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e Reitor do Pontifício Colégio Pio Brasileiro, também participa das atividades.“Acho que a expectativa para o novo papa é que corresponda às exigências do tempo presente da Igreja para guiar a marca de São Pedro. Esperamos que a igreja não tenha esse divisor de águas, com um papa desfazendo o que o outro fez”, destaca o padre Valdir.

Ele pontua que a Igreja tem seus rituais, tradições e sua história, e busca manter essas características preservadas. “O próximo papa virá com a força e luz do Espírito Santo para nos guiar nesse tempo presente que tanto necessitamos. O mundo está polarizado. É uma realidade no mundo político e até mesmo na Igreja. É preciso um Papa que tenha um discernimento profundo de que não vai guiar no que diz respeito à polarização, mas sim ao equilíbrio e união”, sugere o padre.

Fiéis querem papa “humilde e acolhedor”

Assim como os sacerdotes, os fieis católicos também têm demonstrado suas expectativas com a escolha do novo papa. O motoboy Maurício Júnior, por exemplo, espera que haja continuidade do trabalho do Papa Francisco. “Esperamos que se dê continuidade ao que o Papa Francisco vinha fazendo, que é a questão da humildade, o acolhimento aos fiéis e aos pobres, daquilo que a igreja estava um pouco carente”, enfatizou.

Durante toda a semana, a Igreja Católica em todo o Rio Grande do Norte, assim como em outras partes do país e do mundo, homenageou o Papa Francisco. Na capital, a Catedral Metropolitana permaneceu com uma imagem do Sumo Pontífice no altar central. A aposentada Antônia Alves, 70 anos, disse que a torce para que o novo chefe da Igreja Católica seja como o Papa Francisco: humilde e que ajude a melhorar a religião, aproximando principalmente os jovens. “A humildade do Papa Francisco, a convivência dele com pobres e humildes era o que eu mais gostava”, conta.

O Papa Francisco teve uma relação especial com o Rio Grande do Norte, marcando momentos históricos para a Igreja local. Durante seu papado, canonizou os Mártires de Cunhaú e Uruaçu em 2017, reconhecendo sua importância para a fé nordestina. Em 2020, concedeu à Igreja Matriz de Nossa Senhora da Guia, em Acari, o título de Basílica Menor, a primeira do estado. Também nomeou o padre Flávio José de Medeiros Filho como cônego da Basílica de São Pedro, no Vaticano, e promoveu três bispos potiguares.


Durante a pandemia, enviou uma carta comovente ao padre Matias Soares, internado com Covid-19, demonstrando seu afeto e preocupação pela comunidade local.

O Conclave

Quinze dias após a morte do Papa Francisco, a Igreja Católica dará início ao Conclave, tradicional e simbólico processo de escolha do seu novo líder. É um encontro de cardeais que foram nomeados pelo papa com menos de 80 anos. Eles se isolam no Vaticano sem acesso a telefone, internet ou qualquer contato externo, comprometendo-se com um juramento de confidencialidade.


Nesse encontro eles escolhem o novo dirigente maior da Igreja Católica. As votações ocorrem duas vezes por dia. A cada votação, as cédulas com os votos são queimadas em um forno especial. Ela será vista saindo da chaminé do telhado da Capela Sistina, onde ocorre o Conclave. Se sair preta, é sinal de que os cardeais não chegaram ao consenso de, pelo menos, dois terços necessários para o nome do novo pontífice. É quando a fumaça sai branca que o Vaticano avisa ao mundo que a igreja tem um novo papa.


Quando um cardeal é eleito, ele é questionado sobre a aceitação do cargo e, em caso afirmativo, escolhe o nome pelo qual será conhecido. Em seguida, veste as roupas papais na Sala das Lágrimas. Após esse momento, o novo papa é apresentado ao mundo do balcão central da Basílica de São Pedro, em Roma, com a tradicional proclamação em latim: “Habemus Papam!” — temos um papa.


Enquanto isso não acontece, a igreja entra em período de Sé Vacante, que é quando a sede papal está oficialmente vaga e a administração é temporariamente assumida pelo camerlengo, atualmente o cardeal irlandês Kevin Joseph Farrell. Ele é responsável por supervisionar a gestão do Vaticano, confirmar oficialmente a morte do pontífice e coordenar os preparativos para o Conclave.








#Fonte: Tribuna do 
Católicos do RN desejam que novo papa promova unidade e equilíbrio Católicos do RN desejam que novo papa promova unidade e equilíbrio Reviewed by CanguaretamaDeFato on 26.4.25 Rating: 5

Nenhum comentário:

OS COMENTÁRIOS SÃO DE EXCLUSIVA RESPONSABILIDADE DO AUTOR.

REGRAS PARA FAZER COMENTÁRIOS:
Se registrar e ser membro do Blog; Se identificar (não ser anônimo); Respeitar o outro; Não Conter insultos, agressões, ofensas e baixarias; A tentativa de clonar nomes e apelidos de outros usuários para emitir opiniões em nome de terceiros configura crime de falsidade ideológica; Buscar através do seu comentário, contribuir para o desenvolvimento.

Tecnologia do Blogger.