Não é de hoje que se sabe que o notório Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro em seu antigo gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, é um arquivo vivo capaz não apenas de complicar o filho 01 de Jair Bolsonaro, mas também o próprio ex-presidente, de quem foi muito próximo ao longo de anos.
No auge do escândalo das rachadinhas, o ex-assessor desapareceu e fez surgir uma pergunta que ficou marcada na história recente da política nacional: “Cadê o Queiroz?”. Tempos depois, ele foi encontrado pela polícia na casa do igualmente notório Frederick Wassef, um dos principais advogados da então primeira-família da República. Passou um tempo preso, mas logo deixou a cadeia.
O caso das rachadinhas, cuja investigação oficial acabou enterrada no Judiciário, entrou para o extenso rol dos escândalos políticos do país que ficam sem punição. Queiroz, porém, continuou a ser um fantasma a assombrar a família Bolsonaro.
Na semana passada, mostramos aqui que ele recorria a Alexandre Santini, ex-sócio de Flávio Bolsonaro em uma loja de chocolates que segundo o Ministério Público foi usada para lavar dinheiro de origem ilícita, para mandar recados e pedir dinheiro. Eram, claramente, pagamentos que ele cobrava do clã para se manter em silêncio.
Agora, a coluna obteve um conjunto de áudios que revelam, em detalhes, a pressão de Queiroz e a maneira como ele ainda empareda os Bolsonaro, sob pena de abrir a boca e trazer à luz os bastidores de sua atuação nas transações heterodoxas em favor do clã.
As mensagens foram enviadas por WhatsApp a Santini quando Queiroz e os Bolsonaro, em razão das investigações sobre as rachadinhas, vinham evitando o contato direto.
Para além de pedir mais dinheiro na forma de “empréstimos” para serem quitados posteriormente não por ele próprio, mas por Flávio Bolsonaro, Queiroz admite que recebeu apoio financeiro, reclama por considerar que não vinha tendo tratamento igual ao de outros aliados dos Bolsonaro e diz, sem reservas, ter conhecimento de vários rolos relacionados à família.
Eis os principais trechos.
O problema não é só dinheiro
Era fim de 2022. Fabrício Queiroz procurou Alexandre Santini porque estava precisando de socorro financeiro. Ele não sabia, mas Santini estava rompido com Flávio Bolsonaro. Os dois se aproximaram quando Flávio ainda era deputado estadual no Rio. Tornaram-se amigos. No auge do caso das rachadinhas, no qual ambos estiveram sob investigação do MP – Queiroz como operador do esquema e Santini como sócio da loja da Kopenhagen –, era por meio dessa conexão que o ex-assessor de Flávio mantinha contatos com a então família presidencial para pedir proteção e dinheiro.
Queiroz diz estar passando por dificuldades (“Você não tem noção da fogueira que eu tô pulando”), reclama que não teria sido suficientemente amparado e se gaba da lealdade ao clã. Dirigindo-se a Santini, ele afirma: “Se acontecesse com você o que aconteceu comigo, você bancava até o final também, (porque) tu é homem”.
Homem-bomba assumido
Em mais um áudio, Queiroz diz que se seus filhos estão desamparados. Afirma que dois deles, Felipe e Nathália, até haviam conseguido alguma renda com o auxílio de um aliado de Flávio Bolsonaro, mas que, como vieram a público as contratações secretas realizadas por meio do Ceperj, uma fundação ligada ao governo do Rio, acabaram perdendo a boquinha. Ao mencionar o assunto, ele cita o nome do ex-árbitro de futebol Gutemberg Fonseca, nomeado secretário de Esportes do governo de Cláudio Castro, do Rio de Janeiro, por indicação de Flávio Bolsonaro.
Muito próximo do senador, o secretário teria sido o responsável, segundo Queiroz, por conseguir a boquinha para seus dois filhos. Só que, como o contrato não durou muito tempo, o ex-assessor de Flávio Bolsonaro se sentiu enganado. Queiroz põe ainda na conversa o nome de outro homem de confiança de Flávio, o advogado João Pedro do Nascimento, que durante o governo Bolsonaro se tornou presidente da poderosa CVM, a Comissão de Valores Mobiliários.
#Fonte: Metrópoles
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