Aumenta o Número de Crianças Registradas Sem Nome do Pai no RN

 Magnus NascimentoSâmia Miranda tem 37 anos e nunca teve o registro do pai. Crescimento do número de pessoas nessa condição cresceu 9,4% no ano passado

Sâmia Miranda tem 37 anos e nunca teve o registro do pai. Crescimento do número de pessoas nessa condição cresceu 9,4% no ano passado

Em 2021, 2.387 crianças foram registradas no Rio Grande do Norte sem o nome do pai na certidão de nascimento, maior índice desde que os dados começaram a ser analisados em 2016. O registro do ano passado também é 9,40% superior aos números de 2020, onde 2.182 crianças tiveram o pai ausente da certidão. O levantamento foi realizado pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen/Brasil). A administradora Sâmia Miranda, de 37 anos, nunca teve o registro do pai.
 
Sobre o nome ausente na certidão, Sâmia explica que até hoje não sabe explicar bem o porquê de sua mãe ter tomado essa decisão. Com pais diferentes, nem ela nem suas irmãs mais novas foram registradas com a representação paterna. “Minhas tias falam que foi minha mãe que não quis que ele registrasse, entende? Ele ainda veio atrás, procurou tudo, mas ela não quis. Só tenho o nome da minha mãe na certidão e fui criada por ela e meus avós. Conheci meu pai com 8 anos de idade mas, na verdade, não tem muito contato”.

Essa falta acabou deixando um vazio na vida de  Sâmia, visto que aquela figura paterna idealizada simplesmente nunca existiu. A administradora conta que chamava seu avô de papai, mas não era uma substituição por completo. Dona Antonia Eufrazio, 73 anos, explicou que não quis registrar suas filhas com nome paterno porque achou que daria conta como mãe solteira e tinha medo da guarda compartilhada. Segundo ela, não sentiu dificuldade na criação pois morava com os pais, mas financeiramente não foi fácil.

“A gente sente esse vazio, principalmente em algumas ocasiões como o dia dos pais. Via os pais dos meus colegas deixando eles na escola e eu não tinha isso. Às vezes, a gente se revoltava e eu mesmo dizia pra minha mãe que a culpa era dela por eu não ter direito de ter alguma coisa, por exemplo, ela nunca foi atrás de pensão”, relata. Hoje em dia, Sâmia mantém contato esporádico com o pai através de um aplicativo de mensagens. Suas irmãs só conheceram o pai delas a cerca de seis anos atrás quando foi acometido por um câncer.

Atualmente separada há dois anos, ela agora se preocupa com a ausência do pai de seu filho Davi. O ex-marido trabalha fora e nem sempre está disponível para as necessidades do menino. “Ele vem, passa quatro ou cinco dias com Davi e vai embora. É diferente, como desde novinho meu filho teve contato com o pai,  tem dias que ele fica muito revoltado, que ele chora e reclama por sentir essa falta”, finaliza.

Liane Passos, 33 anos, mora em Mossoró e precisou dos serviços da Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Norte (DPE/RN) para conseguir um divórcio e reverter a paternidade da sua filha de três anos. Após a separação com seu ex-marido, o homem fez um exame de DNA onde constatou que não era pai biológico da criança. O processo de reversão do registro paterno já foi judicializado.  

“Quando descobrimos a gravidez, casamos e fizemos tudo certinho. No final do ano passado, quando separamos, ele começou a dizer que ela não era dele e fez o DNA. Passamos pela orientação jurídica e informaram que era algo solucionado só na Justiça porque poderia ter vínculo afetivo.

 Explicamos que a relação deles não era próximas, ele a via pouquíssimas vezes. Estou tentando resolver isso para  depois ir atrás do pai dela”, diz.
Desde que se separou, Liane mora com a filha na casa de seus pais. “Tem horas que eu me preocupo com essa “falta”, mas que de que adianta ter um pai só para dizer que tem? Tiro por mim, quando eu era criança meus pais nunca se separaram, mas ele não era presente. Se você me perguntar se eu sinto falta do meu pai, em algumas ocasiões eu vou dizer que não. Em festa de escola ou de família, ele não ficava junto. Graças a Deus, tive uma mãe que conseguiu suprir tudo e hoje eu tento fazer isso com minha filha”.
 
 
 
 
#Fonte: Tribuna do Norte


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