Campanha da Fraternidade 2022: Tema, 'Fraternidade e Educação'. Presidente da CNBB, Dom Wamor Oliveira de Azevedo, Cobrou Valorização do Ensino

 Campanha da fraternidade

A campanha da fraternidade é tradicionalmente realizada pela Igreja Católica em parceria com instituições cristãs desde a década de 1960. O texto-base é escrito por membros do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic) e passa pelo aval da direção-geral da CNBB.

A confederação representa os bispos do país, e funciona como uma espécie de entidade de classe. A adesão à campanha não é obrigatória e depende de cada diocese.

O lançamento do tema ocorre sempre na quarta-feira de cinzas, quando tem início a Quaresma, período de 40 dias que antecede a Páscoa. O assunto é difundido nas celebrações e programações da comunidade religiosa.

 

 Papa Francisco celebra missa para marcar o Dia Mundial da Paz na Basílica de São Pedro no Vaticano neste sábado (1º) — Foto: Guglielmo Mangiapane/Reuters 

 

Segundo a CNBB, mais do que abordar os problemas na educação, o objetivo da Campanha da Fraternidade 2022 é "refletir sobre os fundamentos do ato de educar na perspectiva católico-cristã".

"Nessa perspectiva, a educação é compreendida não apenas com um ato escolar, com transmissão de conteúdo ou preparação técnica para o mundo do trabalho, mas de um processo que envolve uma 'comunidade' ampliada que inclui todos os atores (família, Igreja, Estado e sociedade)", diz a CNBB.

A campanha atende ainda ao Pacto Educativo Global, convocado pelo Papa Francisco, onde foram apresentados os elementos para uma educação humanizada, que contribua na formação de "pessoas abertas, integradas e interligadas".

"A educação será ineficaz e os seus esforços estéreis se não se preocupar também em difundir um novo modelo relativo ao ser humano, à vida, à sociedade e à relação com a natureza", diz o Pacto Educativo Global.

Caderno, aula online, covid, crianças, escola, estudante DF — Foto: TV Globo / Reprodução

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou oficialmente, nesta quarta-feira (2), a Campanha da Fraternidade de 2022, com o tema "Fraternidade e Educação" e o lema bíblico "Fala com sabedoria, ensina com amor".

"Educação é pilar da paz e por isso precisa receber sempre mais investimento significativos de governantes, empreendedores, instituições, todos os setores", diz Dom Walmor Oliveira de Azevedo, presidente da CNBB.

A campanha busca incentivar a visão da educação integral, considerando os aspectos emocionais, espirituais, cognitivos e físicos dos estudantes. "É preciso perceber que ser humano além de inserção no mercado de trabalho, para que o processo educacional não forme apenas máquinas racionais para inserção no mercado", afirma o secretário-geral da CNBB, Dom Joel Portella Amado.

Para Dom Joel, educação não é apenas uma questão a ser discutida dentro das escolas e cada membro da sociedade tem um papel fundamental no processo. "Para educar uma criança é preciso uma aldeia inteira. Quer dizer que educar é tarefa da família, das escolas, das igrejas e de toda sociedade", diz.

Pandemia

Volta às aulas nas escolas do Distrito Federal. — Foto: TV Globo/Reprodução

A CNBB destacou ainda que a pandemia de Covid-19 causou impactos na educação. "Escancarou ainda mais a desigualdade do nosso país para aqueles impossibilitados de acessar equipamentos tecnológicos para frequentar as aulas", conta o padre Júlio César Rezende.

Para o sacerdote, a pandemia deixou em evidência a necessidade de uma colaboração maior entre famílias e as instituições de ensino. "A escola sozinha não consegue empreender sua missão e a família, de forma isolada, também não", diz.

A evasão escolar, perda de interesse pela educação e atraso de aprendizado são preocupações apontadas pela conferência. O relatório da organização Todos Pela Educação divulgado em dezembro do ano passado aponta que cerca de 244 mil crianças e adolescentes entre 6 e 14 anos estavam fora da escola no segundo trimestre de 2021.

O número representa um aumento de 171% em comparação a 2019, quando 90 mil crianças estavam fora da escola. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), que abrange os efeitos da pandemia.

A conferência acredita na importância de cobrar por políticas públicas que ajudem a reverter o quadro atual da educação no Brasil.

Sobre a vacinação de crianças contra Covid-19, Dom Joel afirmou que não pode vincular a vacina apenas à necessidade de frequentar a escola.

"Vacinação é um dever e um direito e precisa ser feita. Estamos diante do desafio de salvar vidas", afirma.

 Guerra na Ucrânia

02/03 - Uma mulher corre enquanto foge com sua família por uma ponte destruída nos arredores de Kiev, na Ucrânia, nesta quarta-feira (02) — Foto: Emilio Morenatti/AP

 

 

 

 

 

 

 

O secretário-geral da CNBB, Dom Joel Portella Amado, apontou a necessidade de se posicionar pelo fim do conflito entre Ucrânia e Rússia. A guerra entrou nesta terça-feira (1º) no sexto dia. É o maior ataque de um país contra outro desde a Segunda Guerra Mundial, há 80 anos.

 

 

De acordo com o Serviço de Emergência da Ucrânia, 2 mil civis morreram no país em ataques da Rússia. Já dados da ONU apontam que o número de refugiados da Ucrânia já passa de 600 mil.

"É impossível e desumano tocar em fraternidade e não tocar na dor e no sofrimento dos irmãos da Ucrânia. Toda a Igreja se solidariza", afirma Dom Joel. "[O conflito] não pode ser respondido com outra linguagem que não seja a da paz."

Sobre o posicionamento "neutro" adotado pelo governo brasileiro com relação à Ucrânia, o sacerdote afirmou que a posição da Igreja se aplica a qualquer pessoa. "Quando nossa opção não é pela paz, nós nos desumanizamos. Não basta cruzar os braços e dizer que não contribuiu [com o conflito]. Se há uma guerra, precisamos trabalhar pela paz", afirma.







#Fonte: G1

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