Antes Bolsonaro Não Tivesse Voltado das Férias: Agora, Ameaça Vacinação Infantil


Jair Bolsonaro com Marcelo Queiroga: presidente e ministro unidos para sabotar a vacinação infantilImagem: Divulgação


Em seu primeiro dia de trabalho este ano no Palácio do Planalto, depois de três semanas de férias na praia, o presidente Jair Bolsonaro se dedicou a sabotar a vacinação das crianças brasileiras.

Contrariado com o anúncio do início da vacinação infantil, informado na véspera pelo Ministério da Saúde, 20 dias após a autorização da Anvisa, Bolsonaro atacou a instituição em entrevista à Rádio Nova, de Pernambuco, seu primeiro compromisso do dia.

"A Anvisa, lamentavelmente, aprovou a vacina para crianças entre 5 e 11 anos de idade. A minha opinião, quero dar para você aqui: a minha filha de 11 anos não será vacinada. E você tem que ler o que foi feito ontem no Ministério da Saúde, o encaminhamento disso daí, para você decidir se vai vacinar o seu filho ou não. Eu pergunto: você tem conhecimento de uma criança de 5 a 11 anos que tenha morrido de covid?"

Sim, se o presidente não sabe, algum assessor poderia informá-lo que, desde o início da pandemia, tivemos 6.163 casos de covid entre crianças, e 301 delas morreram.

"Lamentavelmente", como assim? Por que, presidente? O que autoriza o sr. presidente da República a dar opinião sobre um assunto de saúde pública, como fez no ano passado, ao atrasar a compra de vacinas para empurrar o seu "kit covid" e receitar cloroquina em lugar de vacinas?

Pior é que o seu ministro da Saúde, que é médico, o sabujo Marcelo Queiroga, reduzido a estafeta, faz declarações na mesma linha, colocando em dúvida a segurança e a eficiência das vacinas, no momento em que o mundo inteiro enfrenta uma nova onda da pandemia, com mais de 2 milhões de casos por dia, qualificada pela Organização Mundial da Saúde como "um verdadeiro tsunami".

Na contramão do mundo, em vez de convocar a população para se vacinar e levar suas crianças, o governo brasileiro faz uma campanha contra a imunização, criando obstáculos de toda ordem, como a de fazer uma consulta pública e exigir prescrição médica por ordem do seu presidente.

Foi necessária uma forte mobilização da sociedade científica contra este absurdo, que acabou sendo abandonado, no anúncio feito por Queiroga, também ele contrariado por ter que ceder no último momento, sem deixar de colocar mais minhocas na cabeça dos país, como fez na manhã de hoje, durante o lançamento do programa "Cuida Mais Brasil", ao lado da primeira-dama Michelle Bolsonaro, que ele chamou de "mãe de todos os brasileiros".

Lá pelas tantas, ao falar sobre a importância da proteção às famílias, o ministro citou a morte de uma mulher grávida em maio do ano passado, que ele associou a um efeito adverso da vacina contra a Covid-19. Quem? Quando? Aonde? Isso ele não falou.
 
 
 
 
 
#Fonte: Ricardo Kotscho, Colunista do UOL
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