Bolsonaro discursa em SPImagem: Reprodução
Só um em cada cinco brasileiros ainda apoia o governo Bolsonaro, segundo todas as últimas pesquisas, 32 meses após a posse em janeiro de 2019.
Se ele imaginava que poderia estancar a sangria na sua popularidade, mobilizando seus seguidores para ocupar as ruas neste 7 de Setembro, Bolsonaro deu mais um tiro no pé.
Foi muito barulho para nada, só muita fumaça e bravatas, com mais ameaças antidemocráticas para agradar os já convertidos da seita bolsonarista.
Sim, havia muita gente nas ruas em Brasília, no Rio e em São Paulo, mas muito menos do que ele sonhava para virar o jogo. Em vez de milhões, foram milhares, os mesmos de sempre, enrolados em bandeiras para gritar "mito!".
Bolsonaro partiu para o tudo ou nada, e não ganhou nada.
De manhã, em Brasília, ao ameaçar novamente o Supremo Tribunal Federal, do alto de um carro de som, ele convocou uma reunião do Conselho da República para amanhã.
Mas, à tarde em São Paulo, já tinha desistido da ideia, diante do fracasso da sua nova cloroquina, bombardeada por todos os lados, demonstrando como está completamente perdido.
O capitão queria dar uma demonstração de força, mas colheu mais rejeição ao seu governo, já isolado politicamente, e perdendo apoio até entre o Centrão e nos setores do mercado que o apoiaram e bancaram na campanha de 2018.
Durante os últimos dois meses, Bolsonaro largou de vez o trabalho de governar o país, algo que ainda não começou a fazer, para viajar pelo país às nossas custas e mobilizar os devotos, com discursos cada vez mais radicais contra as instituições.
Quando isto custou ao país, com o uso da estrutura do Estado, paralisado à espera do 7 de Setembro de Bolsonaro?
Em nenhum dos discursos, entre uma e outra motociata, o capitão apresentou soluções para os graves problemas reais que assolam o país.
Amanhã, o desemprego, a fome, a inflação, a pandemia e a crise hídrica que pode nos deixar sem água e sem energia elétrica, tudo continuará do mesmo tamanho. Nada disso preocupa o presidente, não está na sua pauta.
No seu alucinado discurso da avenida Paulista, Bolsonaro voltou às suas obsessões: falou do "voto impresso e auditável", ameaçou o ministro Alexandre Moraes, do STF, e avisou os "canalhas" que nunca será preso, porque não vai mais respeitar as ordens da Justiça.
O inimigo oculto da sua fala, porém, foi o ex-presidente Lula, que lidera todas as pesquisas de 2022 e é o maior obstáculo à sua permanência no poder.
Como sabe que, em condições normais de temperatura e pressão, com as leis vigentes, não terá a menor condição de se reeleger, e ainda corre o risco de ser apeado do poder antes do fim do mandato, o presidente atacou o sistema eleitoral e apelou mais uma vez a Deus, a sua última defesa, já no desespero.
Se a democracia brasileira não estivesse tão esgarçada, normalizando o absurdo, Bolsonaro sairia de cima do carro de som na Paulista direto para a cadeia, acenando pela última vez aos seus devotos.
Caso as instituições democráticas reajam a seus ataques constantes e repetidos, sempre os mesmos, este pode ter sido o discurso do começo do fim do governo Bolsonaro.
Para quem conhece sua história no Exército e na Câmara, não deveria ser nada surpreendente. Sempre foi um arruaceiro, cafajeste, terrorista
Como tenente, queria jogar bombas nos quartéis e na estação de águas do Rio de Janeiro. Foi reformado como capitão, função que nunca exerceu, aos 33 anos.
Agora, ele ameaça um país inteiro para salvar a sua pele e a dos filhos das "rachadinhas", que deram origem a um império imobiliário.
Como esse elemento pode ter sido eleito presidente do Brasil com 58 milhões de votos?
É isso que não consigo responder.
A melhor imagem desses atos antidemocráticos, que Bolsonaro tanto procurava para mostrar ao mundo, é a dos seus fiéis indo embora dos protestos a favor, de cabeça baixa, arrastando suas bandeiras pelo asfalto, neste dia quente de inverno que passou como a fumaça daqueles tanques velhos que desfilaram para ele em frente ao Palácio do Planalto.
E agora, Jair?, perguntaria o poeta Drummond.
Só lhe resta uma saída: começar a trabalhar, governar o país.
Mas, pensando bem, é melhor deixar como está.
Ainda pode piorar.
Vida que segue.
Em tempo: a Polícia Militar de São Paulo acaba de divulgar a estimativa de público na avenida Paulista: 125 mil pessoas.
Bolsonaro esperava 2 milhões... A rebelião bolsonarista flopou.
#Fonte: Uol,
BALAIO DO KOTSCHO
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