Magnus Nascimento
“Até agorinha eu estava pensando no que a gente ia fazer para tomar café. Você acredita? Aqui a geladeira está sem nada”, disse Keliane, que recebeu a reportagem da TRIBUNA DO NORTE na manhã da última sexta-feira. “Ontem (quinta) foi aperreado porque minha irmã está no hospital internada e eu deixei os meninos com o pai deles aqui. Aí ele ligou perguntando se tinha alguma coisa e não tinha. Deixei minha irmã lá e fui para o meio dos conjuntos pedir. Ainda arrumei R$ 3 de ovos, um cuscuz e um tantinho de manteiga. Aí fiz pra eles. E assim vamos levando. Tem dia que a gente pensa até em fazer besteira, mas meu filho de 12 anos conversa muito comigo. Tem sido difícil demais a situação aqui”, relata.
Keliane faz parte de um grupo de 600 mil pessoas que vive em extrema pobreza no Rio Grande do Norte, isto é, 17% da população do Estado, de acordo com um estudo do economista Daniel Duque, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Entre o primeiro trimestre de 2019 e janeiro de 2021, o índice da extrema pobreza passou de 13,1% para 17%, um crescimento de 3,9 pontos percentuais, o que significa um aumento de 29,7%. Foi o 6º maior crescimento entre os estados do Brasil, atrás de estados como Roraima (8,7 pontos percentuais); Ceará (4,4 pontos percentuais); e Pernambuco (4,4 pontos percentuais). A pesquisa da FGV traduz em números uma percepção cada vez mais presente nos centros urbanos do RN: pessoas pedindo dinheiro e comida em sinais de trânsito, ruas e supermercados.
Em relação à pobreza, o Rio Grande do Norte chegou a 40,7% da população (o que já inclui os 17% em extrema pobreza). Nesse caso, o Estado teve o 4º maior crescimento entre os estados do Nordeste, atrás apenas de Sergipe; Paraíba; e Pernambuco. O avanço da miséria e da fome foi flagrante em todo o país, uma vez que 24 das 27 unidades federativas registraram aumento da taxa da população considerada pobre ou muito pobre, segundo Duque.
Para definir pobreza e pobreza extrema, a pesquisa utilizou parâmetros do Banco Mundial, que estabelece que uma pessoa é pobre quando vive com até R$ 450 por mês. Já o pobre extremo é o que tem rendimentos mensais de até R$ 150, o que representa R$ 5 por dia. Dentro do universo de 1,4 milhão de potiguares na faixa da pobreza, existem ainda 600 mil pessoas em condições ainda mais vulneráveis, os considerados pobres extremos, como é o caso de Keliane de Lima, que recebe R$ 220 do Bolsa Família. O valor é dividido para seis (ela, o marido e quatro filhos), o que, no fim das contas, representa uma renda per capita de apenas R$ 1,22 por dia.
#Fonte: Tribuna do Norte
Extrema Pobreza Cresce 29% no RN
Reviewed by Canguaretama De Fato
on
12.9.21
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