Foto: MAXIM SHEMETOV / REUTERS
O laboratório russo Gamaleya anunciou nesta segunda-feira que os dados finais da fase 3 dos ensaios clínicos da vacina candidata contra Covid-19 Sputnik V indicam uma eficiência de 91,4% contra o novo coronavírus. No Brasil, Paraná e Bahia já firmaram acordos com o instituto, mas ainda não houve pedido formal de registro emergencial ou de autorização para testes junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O vice-diretor do instituto, Denis Logunov, afirmou em coletiva de imprensa que o imunizante também protegeu os voluntários da forma grave da doença em 100% dos casos.
Os dados apresentados pela Gamaleya ainda não foram publicados nem revisados por pares, o que deve ocorrer em breve, ainda segundo Logunov. Segundo o laboratório, foram avaliados números de 22.714 voluntários, dos quais 78 apresentaram Covid-19. Destes, 62 faziam parte do grupo de controle, que recebe um placebo no lugar da vacina.
Os números são idênticos aos dados preliminares publicados no último dia 24, baseado em 39 casos de Covid-19 entre os voluntários, o que indica que a taxa de eficácia se manteve constante.
Vacinação em massa
Cerca de 200 mil pessoas já receberam a Sputnik V na Rússia como parte da campanha de vacinação em massa no país, que enfrenta uma segunda onda da Covid-19 e registra mais de 2,6 milhões de infecções pelo Sars-CoV-2. O diretor do Gameleya, Alexander Gintsburg, estimou que boa parte da população russa, de 145 milhões de pessoas, será vacinada no próximo ano.
Segundo Kirill Dmitriev, presidente do Fundo de Investimento Direto Russo (RDIF), fundo soberano do governo da Rússia que financia os trabalhos do Gamaleya, os dados consolidados da fase 3 da Sputnik V devem embasar pedidos de registro junto às agências reguladoras da Bielorrússia, Índia, Emirados Árabes Unidos e Argentina. Na última quinta-feira, o presidente argentino, Alberto Fernández, anunciou que o país pretende imunizar 300 mil pessoas até o fim do ano com a vacina russa.
Dmitriev disse, ainda que as reguladoras da Rússia devem decidir em breve se suspenderão o recrutamento de novos voluntários por razões éticas. Diversos países e agências governamentais se veem diante do dilema de continuar a administrar placebos em ensaios clínicos ao mesmo tempo em que a vacinação em massa está em curso.
Na última sexta-feira, o Gamaleya e a farmacêutica britânica AstraZeneca anunciaram que farão testes combinando seus dois imunizantes, ambos baseados na tecnologia de vetor viral para o transporte do RNA do novo coronavírus. Enquanto a fórmula russa usa dois tipos de adenovírus (vírus responsável por resfriados) encontrados em humanos, a vacina britânica tem como base um adenovírus de chimpanzé.
#Fonte: O Globo
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