Governadora do RN Fátima Bezerra: 'Temos mais de 100 obras para concluir e inaugurar em 2021' ; VEJA ENTREVISTA

 Crédito da foto: Blog do César Santos Governadora Fátima Bezerra no Cafezinho com César Santos deste domingo, 20

Por César Santos - JORNAL DE FATO

Segunda-feira, 14 de dezembro de 2020. Um dia após prestigiar a cerimônia de encerramento da Festa de Luzia, a governadora do Rio Grande do Norte Fátima Bezerra (PT) tomou o cafezinho com César Santos, na sede do JORNAL DE FATO. Rendeu uma entrevista com conteúdo importante, onde temas de interesses da população potiguar foram destacados, a luta para vacinar os potiguares contra a Covid-19; a exigência de inclusão do ramal Apodi/Mossoró no projeto de integração do rio São Francisco; a obra de construção do Hospital da Mulher de Mossoró; autonomia financeira da Universidade do Estado (UERN); entre outros temas igualmente relevantes. A entrevista que segue também é uma prestação de contas da primeira metade da gestão Fátima Bezerra e a previsão para os próximos dois anos

 

Governadora, vamos iniciar com o que há de mais imediato, que está impactando a vida das pessoas, exatamente a pandemia da Covid-19. É possível fazer uma previsão de quando a vacina pode chegar ao Rio Grande do Norte para imunizar a população?

Nós estamos trabalhando incansavelmente, fazendo aquilo que cabe ao Governo do Estado, que é preparar toda a logística de distribuição. Nesse sentido, o Estado já tem o seu plano estadual de vacinação que apresentamos (sexta-feira, 18). Nós já estamos adquirindo seringas, agulhas, câmaras de frios, geladeiras de maior suporte, para que a vacina chegando, ela possa ser destinada à população. A nossa logística será instalada em todas as unidades regionais vinculadas à Secretaria de Estado de Saúde. Vamos ter a parceria dos municípios. Mossoró, por exemplo, vai ter estrutura na Unidade Regional de Saúde (2ª URSAP), funcionará uma central de distribuição. Agora, nós continuamos com um trabalho intenso junto ao Governo Federal, para que a vacina chegue o mais breve possível. E assim que chegar, estamos prontos para vacinar a população potiguar. Esperamos para janeiro próximo.

 

Há uma sinalização positiva do Governo Federal que, inclusive, pediu o apoio dos governadores para executar o Plano Nacional de Vacinação. Esse entendimento está consolidado?

Fomos nós que provocamos aquela reunião do Fórum dos Governadores junto ao ministro da Saúde (Eduardo Pazuello), que ocorreu semana passada. Nós colocamos claramente a necessidade imperiosa do Governo Federal assumir a coordenação plena do plano nacional de imunização. Não tem como o Governo Federal não assumir essa tarefa, é impossível você pensar em um país de dimensão continental como é o Brasil, e um plano desta envergadura sem ter a coordenação plena do Governo Federal. Claro que isso vai ocorrer em cooperação com os estados e municípios. Dentro desse contexto, tem um ponto primordial que é o compromisso do Governo Federal de adquirir todas as vacinas que tenham o certificado científico e técnico da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Isso significa não só a vacina que está sendo produzida pela Fiocruz, que o governo brasileiro diz que vai adquirir setenta milhões de doses, mas todas as outras que estiverem disponíveis. Depois de muita pressão dos governadores, o governo admitiu comprar a Coronavac, vacina que está sendo produzida pelo Instituto Butantan junto com a farmacêutica chinesa Sinovac.

Há resistência do presidente Bolsonaro à Coronav porque ela está sendo produzida sob a determinação do governador de São Paulo, João Doria. Essa posição política tem prejudicado o processo de chegada da vacina ao País?

Nós deixamos muito claro que o Governo Federal não pode se pautar nesse momento por qualquer diferença, seja lá de que natureza for. O que tem que ser levado em consideração é o interesse maior da nação, que é a proteção à vida, proteção do povo brasileiro, que nesse momento precisa da vacina. Por isso, nós estamos cobrando que o Governo Federal assuma a sua responsabilidade, conduza o Plano Nacional de Imunização para que a vacina possa chegar a todos os brasileiros.

 

Mas, de forma direta, voltando a minha primeira pergunta, quando a vacina chegará ao Rio Grande do Norte?

Para responder concretamente a sua pergunta, nós dependemos dessa resposta do Governo Federal, cabe a ele coordenar esse plano nacional de imunização, comprar vacina para todos e distribuir em sintonia com os estados e municípios. O Rio Grande do Norte tem pronto o seu plano. A vacina chegando, vamos iniciar imediatamente a aplicação. Estamos prontos. O nosso plano foi dividido em três fases. Na primeira fase serão imunizados trabalhadores de saúde, indígenas, pessoas com 75 anos ou mais. A segunda fase contemplará pessoas de 60 a 74 anos, e a terceira, pessoas com comorbidades. Os trabalhadores em educação também estão inseridos como prioridade. Vamos vacinar mais de 730 mil potiguares.

 

A senhora julga que o seu governo acertou nas medidas, adotou as medidas na hora certa e que conseguiu atenuar os efeitos da pandemia no estado?

Um dos grandes problemas que nós tivemos foi ter ficado sem comunicação, aliás, a própria Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza que entre as três principais estratégias do enfrentamento à pandemia, uma delas é comunicação social, a comunicação institucional. Infelizmente, nós estávamos sem contrato de publicidade desde fevereiro deste ano e, por isso, não tivemos condições de divulgar de forma massiva perante a população o acerto das medidas que o nosso governo adotou. Veja bem, instalamos mais de 600 leitos críticos e clínicos para pacientes do coronavírus, o que corresponde a seis hospitais de campanha. Fizemos isso em meio a uma realidade onde nós encontramos um estado colapsado, os leitos de UTI, inclusive, judicializados, como era o caso do Hospital Regional Tarcísio Maia (em Mossoró), e nós conseguimos vencer tudo isso. O Rio Grande do Norte levou mais de 30 anos pra instalar 380 leitos de UTI. Enfrentamos meses de pandemia, com todas as dificuldades, sem uma estratégia unificada a nível nacional, mas nós conseguimos, graças a Deus, adotar as medidas certas, no diz respeito à estrutura da saúde pública e no plano de enfrentamento à pandemia.

O distanciamento social, inserido no plano de enfrentamento à doença, provocou o fechamento das atividades econômicas e gerou polêmica e reclamações do setor produtivo. O resultado foi o esperado, o governo realmente acertou?

Nós tivemos a sabedoria e a responsabilidade de fechar as atividades quando era pra fechar e abrir no momento que era pra abrir, de forma gradual. Retomamos as atividades no dia primeiro de julho e passamos julho, agosto, setembro, outubro, novembro, sem ter um acréscimo nos casos da doença. Pelo contrário, a pandemia aqui estava em declínio. Infelizmente, voltamos a passar por esse pico agora, muito decorrente das aglomerações imensas ocorridas nas eleições. Mas o que eu quero afirmar que o governo está trabalhando para preservar vidas.

 

Como o governo se preparou para o enfrentamento da pandemia nesse segundo momento, em que os casos voltaram a aumentar em todo o RN?

Primeiro, disponibilizando novos leitos, tanto que nós anunciamos o processo de reversão de 89 novos leitos para pacientes com Covid-19. No caso de Mossoró, renovamos TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) junto com a Apamim, em parceria com a Prefeitura e com os Ministérios Públicos Estadual e Federal. São dez novos leitos de UTI já disponibilizados no Hospital São Luiz. Segundo, baixamos o novo decreto, colocando claramente a necessidade imperiosa de suspensão de todo e qualquer evento que resulte em grandes aglomerações, a exemplo de shows, convenções, eventos corporativos, científicos. Então, todos esses eventos promovidos e patrocinados pelo Governo do Estado estão suspensos, ao mesmo tempo em que recomendamos aos municípios que façam o mesmo. Nós retomamos as ações do Pacto pela Vida, em parceria com as regionais de saúde, com prefeitos, com os gestores na área de saúde, colocando à disposição toda a nossa força de segurança para os municípios, que assim demandarem, possam cumprir com rigor os protocolos sanitários.

 

Governadora, quando a senhora assumiu o Governo do RN, em janeiro de 2019, naquele momento o grande desafio era reequilibrar as contas públicas. Nesse contexto, a prioridade era colocar em dia o pagamento salarial dos servidores públicos. A senhora deve concretizar esse compromisso só no terceiro ano de gestão. Por quê?

César, se você comparar a realidade em que a gente encontrou Rio Grande do Norte e como ele se encontra hoje nós tivemos avanços extraordinários. Primeira coisa, desde que assumi o governo o servidor público tem calendário e tem previsibilidade de quando vai receber seu salário, tanto é que durante esses dois anos nós nunca atrasamos. O pagamento dos salários na nossa gestão é feito dentro do mês. Nós estamos pagando a conta que o governo anterior deixou, que foram as quatro folhas em atraso. Já pagamos duas folhas e em janeiro agora, se Deus quiser, iniciaremos a quitação desses atrasados que ainda restam, no caso dezembro e o décimo terceiro de 2018. Quando eu falo do avanço extraordinário, é no sentido de dar ao servidor aquilo que a própria constituição lhes assegura, afinal de conta para quem trabalha, o mínimo que ele tem a exigir é receber exatamente o seu salário dentro do mês e é isso que nós estamos fazendo.

Governadora do RN Fátima Bezerra: 'Temos mais de 100 obras para concluir e inaugurar em 2021' ; VEJA ENTREVISTA Governadora do RN Fátima Bezerra: 'Temos mais de 100 obras para concluir e inaugurar em 2021' ; VEJA ENTREVISTA Reviewed by Canguaretama De Fato on 20.12.20 Rating: 5

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