Foto: Joédson Alves/EFE
O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, respondeu a
críticas feitas pelo presidente Jair Bolsonaro nesta segunda-feira (1º)
sobre a postura de Moro em relação à possibilidade de prender quem
furasse quarentenas durante a pandemia de covid-19 e também em relação à
resistência quanto à flexibilização das regras de posse de armas no
país.
Segundo Moro, Bolsonaro queria “promover uma espécie de rebelião
armada contra medidas sanitárias impostas por governadores e prefeitos”.
Segundo o presidente, Moro teria dificultado a posse e o porte de
armas aos cidadãos comuns, tema defendido pelo presidente, contrariando
uma de suas promessas de campanha. Ele disse que foi necessária a
revogação da Instrução Normativa nº 131, da Polícia Federal, que
estabelecia procedimentos relativos a registro, posse, porte e
comercialização de armas de fogo e munição no Sinarm (Sistema Nacional
de Armas).
“Essa IN é da Polícia Federal, mas é por determinação do Moro. É uma
instrução normativa que ignorou decretos meus, ignorou lei, para
dificultar a posse e porte de arma de fogo para as pessoas de bem. Assim
como essa IN, tem uma portaria também que o ministro novo revogou, que,
apesar de não ter força de lei, ela orientava a prisão de civis. Por
isso que naquela reunião secreta, de forma covarde, ele [Moro] ficou
calado. E ele queria uma portaria ainda depois que multasse quem
estivesse na rua. Perfeitamente alinhado com outra ideologia que não era
a nossa. Graças a Deus, ficamos livres disso”, disse o presidente.
Sobre as medidas de enfrentamento à pandemia, Moro afirmou na nota
que sempre defendeu que as medidas deveriam ser aplicadas mediante
diálogo e convencimento, e de forma “excepcional”.
A portaria “apenas esclarecia a legislação e deixava muito claro que a
prisão era medida muito excepcional e dirigida principalmente aquele
que, ciente de estar infectado, não cumpria isolamento ou quarentena”,
disse o ex-juiz.
Leia a íntegra de nota de Moro:
“Sobre as declarações do Presidente no Alvorada sobre minha gestão no MJSP, presto os seguintes esclarecimentos:
1 – As medidas de isolamento e quarentena são necessárias para conter
a pandemia do coronavírus e salvar vidas. Devem, certamente, ser
acompanhadas de medidas para salvar empregos, renda e empresas. Sempre
defendi que as medidas deviam ser aplicadas mediante diálogo e
convencimento. Mas a legislação prevê como um recurso excepcional a
prisão, conforme art. 268 do Código Penal. A Portaria Interministerial
n.º 5 sobre medidas de isolamento e quarentena, por mim editada junto
com o Ministro Mandetta, apenas esclarecia a legislação e deixava muito
claro que a prisão era medida muito excepcional e dirigida
principalmente aquele que, ciente de estar infectado, não cumpria
isolamento ou quarentena. Durante minha gestão como Ministro da Justiça e
Segurança Pública, dialoguei com os Secretários de Segurança dos
Estados e do DF para evitar ao máximo o uso da prisão como sanção ao
descumprimento de isolamento e quarentena, inclusive isso foi objeto
expresso de reunião por videoconferência com os Secretários de Segurança
no próprio 22/04/20120. Acredito em construir políticas públicas
mediante diálogo e cooperação, como deve ser, de nada adiantando ofensas
ou bravatas.
2 – Sobre políticas de flexibilização de posse e porte de armas, são
medidas que podem ser legitimamente discutidas, mas não se pode
pretender, como desejava o Presidente, que sejam utilizadas para
promover espécie de rebelião armada contra medidas sanitárias impostas
por Governadores e Prefeitos, nem sendo igualmente recomendável que
mecanismos de controle e rastreamento do uso dessas armas e munições
sejam simplesmente revogados, já que há risco de desvio do armamento
destinado à proteção do cidadão comum para beneficiar criminosos. A
revogação pura e simples desses mecanismos de controle não é medida
responsável.
3 – Sobre a ofensa pessoal feita, meu entendimento segue de que quem utiliza desse recurso é porque não tem razão ou argumentos.
#Fonte: R7
LOUCURA! Bolsonaro Queria ‘rebelião armada’ contra medidas sanitárias, diz Sergio Moro
Reviewed by Canguaretama De Fato
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