Foto: Pablo Jacob/Agência O Globo
O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro afirmou, em
entrevista à revista “Crusoé” veiculada nesta sexta-feira, que o
presidente Jair Bolsonaro não vetou dois pontos do projeto anticrime
para proteger o filho, o senador Flávio Bolsonaro. Segundo o ex-juiz da
Lava-Jato em Curitiba, as restrições à decretação de prisão preventiva e
a acordos de colaboração premiada batem de frente com o discurso contra
a corrupção e a impunidade adotados por Bolsonaro na campanha
eleitoral.
“Me chamou a atenção um fato quando o projeto anticrime foi aprovado
pelo Congresso. Infelizmente houve algumas alterações no texto que acho
que não favorecem a atuação da Justiça criminal. Tirando a questão do
juiz de garantias, houve restrições à decretação de prisão preventiva e
também restrições a acordos de colaboração premiada.
Propusemos vetos, e
me chamou a atenção o presidente não ter acolhido essas propostas de
veto, especialmente se levarmos em conta o discurso dele tão incisivo
contra a corrupção e a impunidade. Limitar acordos e prisão preventiva
bate de frente com esse discurso. Isso aconteceu em dezembro de 2019,
mesmo mês em que foram feitas buscas relacionadas ao filho do
presidente”, afirmou Moro à Crusoé.
Questionado sobre a suposta existência de uma “Abin paralela”, em
referência à Agência Brasileira de Informação, ele disse que foram
solicitados, no início do governo, “talvez” cinco policiais federais
para atuar diretamente no Palácio do Planalto, sem ser externado o
motivo. O pedido foi feito, segundo ele, informalmente, mas depois foi
abortado.
“Isso nunca me foi colocado nesses detalhes. O que houve no começo do
governo, no início de 2019, foram solicitações informais para que nós
cedêssemos um número até significativo de policiais federais para atuar
diretamente no Palácio do Planalto. Mas essa ideia, como foi revelado
pelo falecido Gustavo Bebianno, foi abortada. Isso foi cortado. Isso não
evoluiu.”
O ex-ministro diz ainda que o presidente é incoerente com o discurso
de campanha ao fazer alianças com parlamentares do centrão, “que não se
destacam extamente pela imagem de probidade”. Segundo Moro, a aliança
tem como barrar um pedido de impeachmente no Congresso.
“No que se refere à agenda anticorrupção, de fortalecimento das
instituições e aprimoramento da lei para tanto, sim, e já faz algum
tempo. No que se refere às alianças políticas, o discurso do presidente
era muito claro no sentido de que ele não faria alianças políticas com o
Centrão e agora ele está fazendo.
E a culpa por isso não pode ser posta
em mim, dizendo: “Olha, foi preciso fazer aliança com o Centrão cpor
causa da saída do Moro”. Não, isso precedeu a minha saída. Começou
antes, pelo receio do presidente de sofrer um impeachment. A motivação
principal da aliança é essa”, diz o ex-juiz.
#Fonte: O Globo
Sergio Moro diz que Bolsonaro Não Vetou Pontos do Projeto Anticrime Para Proteger o Filho Flávio
Reviewed by Canguaretama De Fato
on
29.5.20
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