Foto: Cristiano Mariz/VEJA
O empresário Paulo Marinho, 68, suplente de senador de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e um dos mais importantes e próximos apoiadores de Jair Bolsonaro na campanha presidencial de 2018 afirmou, em entrevista à Folha, publicada neste domingo (17), que a Polícia Federal avisou Flávio com antecedência da Operação Furna da Onça.
A
operação investigava o esquema de “rachadinha” e desvio de dinheiro
público em seu gabinete que atingiu o ex-motorista e assessor Fabrício Queiroz, seria deflagrada.
O filho do presidente Jair Bolsonaro
(Sem Partido-RJ) foi avisado da existência dela entre o primeiro e o
segundo turnos das eleições, por um delegado da Polícia Federal que era
simpatizante da candidatura de Jair Bolsonaro.
Pior
ainda. Os policiais teriam segurado a operação, então sigilosa, para
que ela não ocorresse no meio do segundo turno, prejudicando assim a
candidatura de Bolsonaro.
A coisa não para por aí. O delegado-informante teria aconselhado ainda Flávio a demitir Fabrício Queiroz e a filha dele, que trabalhava no gabinete de deputado federal de Jair Bolsonaro
em Brasília. O filho do presidente seguiu o conselho e os dois foram
exonerados naquele período —mais precisamente, no dia 15 de outubro de
2018. Com informações do Fórum
Quem deu ordem à Polícia Federal para suspender a operação que em meados de outubro de 2018, entre o primeiro e o segundo turno da eleição, tornaria público o envolvimento da dupla Flávio Bolsonaro-Fabrício Queiroz no caso da apropriação criminosa de parte dos salários pagos a funcionários da Assembleia Legislativa do Rio?
A
Polícia Federal só age a mando da Justiça. É ela que autoriza suas
operações a pedido do Ministério Público. Justiça e Ministério Público
são informados quando a Polícia Federal, por alguma razão técnica, adia
uma operação que tinha data marcada. Isso torna mais grave o que foi
revelado hoje pela Folha de S. Paulo.
Suplente do senador Flávio Bolsonaro, o empresário Paulo Marinho contou à colunista Mônica Bergamo o que diz ter ouvido de Flávio em reunião na sua casa na quinta-feira dia 13 de dezembro de 2018. Foi na casa de Marinho que o então candidato a presidente Jair Bolsonaro gravou seus programas de propaganda eleitoral.
Uma semana antes do primeiro turno, o ex-coronel Miguel Braga, atual chefe de gabinete de Flávio
no Senado, recebeu um telefonema de um delegado da Polícia Federal no
Rio dizendo que tinha um assunto do interesse do senador eleito e que
por isso queria encontrá-lo. Flávio preferiu mandar Braga ao encontro do delegado.
Braga
voou para o Rio. Ali, na companhia de um advogado e de Val Meliga,
pessoa da confiança de Flávio e irmã de dois milicianos, rumou para a
Praça Mauá onde funciona a Superintendência da Polícia Federal. Do
prédio, saiu o delegado que Flávio não diz o nome. Ainda na calçada, avisou a Braga mais ou menos assim:
–
Vai ser deflagrada a Operação Furna da Onça, que vai atingir em cheio a
Assembleia Legislativa do Rio. E essa operação vai alcançar algumas
pessoas do gabinete do Flávio. Uma delas é o Queiroz e a outra é a filha do Queiroz, que trabalha no gabinete do Jair Bolsonaro em Brasília.
Aconselhou em seguida:
–
Eu sugiro que vocês tomem providências. Eu sou eleitor, adepto,
simpatizante da campanha [de Bolsonaro], e nós vamos segurar essa
operação para não detoná-la agora, durante o segundo turno, porque isso
pode atrapalhar o resultado da eleição.
Braga avisou a Flávio, que avisou ao pai, que ordenou que ele demitisse Queiroz
do seu gabinete de deputado estadual e disse que faria o mesmo com a
filha dele. De fato, os dois foram demitidos no dia 15 de outubro. Bolsonaro elegeu-se presidente no dia 28. A operação da Polícia Federal só foi deflagrada no dia 8 de novembro.
Àquela altura, Sérgio Moro já fora convidado para ministro da Justiça. O convite se deu entre o primeiro e o segundo turno da eleição, intermediado por Paulo Guedes. Pouco antes do primeiro turno, Moro divulgara parte da delação feita por Antonio Palocci, ex-ministro de Lula e de Dilma, com pesadas acusações contra o PT.
O que há de mais explosivo na entrevista de Marinho à Folha não é o relato da reunião com Flávio. É a revelação de que o ex-ministro Gustavo Bebbiano, demitido do governo por Bolsonaro,
deixou um celular com mensagens em áudio e vídeo trocadas por ele com o
presidente durante mais de um ano. Está guardado nos Estados Unidos.
#Fonte: Por Noblat / Veja-Abril.com
BOMBA: ENTREVISTA EXPLOSIVA DE EMPRESÁRIO AGRAVA A SITUAÇÃO DOS BOLSONARO
Reviewed by Canguaretama De Fato
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17.5.20
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