A BARCA AFUNDOU!! SERGIO MORO DEIXA GOVERNO E DIZ QUE BOLSONARO QUIS INTERVIR NA POLÍCIA FEDERAL; Veja Entrevista
Moro: Bolsonaro queria interferir pessoalmente na PF, ligar pra diretores e superintendentes e ter acesso a relatórios
O ex-juiz federal Sergio Moro anunciou
nesta sexta-feira sua saída do cargo de ministro da Justiça, após Jair Bolsonaro exonerar o diretor-geral da Polícia Federal
Maurício Valeixo, nome de confiança do ministro na corporação. A troca,
segundo Moro, seria uma interferrência política na PF sem uma causa que
fosse aceitável.
— O presidente queria uma pessoa que ele
pudesse ligar, que ele pudesse colher informações de inteligência, e
realmente não é o papel da Polícia Federal prestar essas informações,
disse Moro.
—
O presidente também informou que tinha preocupação com inquéritos em
curso no Supremo Tribunal Federal e que a troca seria oportuna nesse
sentido. Também nao é uma razão que justifique, pelo contrário até gera
preocupação
Moro disse que Bolsonaro afirmou
a ele que o objetivo da troca no comando da Polícia Federal era, sim,
interferir politicamente na instituição. Segundo o ministro da Justiça, o
presidente “sinalizou que tinha preocupações em curso no Supremo
Tribunal Federal (STF)”, em referência às investigações em curso sobre
fake news e os atos antidemocráticos do último fim de semana. Ainda de
acordo com Moro, Bolsonaro afirmou que precisa de delegados na PF com
quem ele possa ter contato, inclusive tendo acesso a relatórios de
inteligência.
– Falei com presidente que seria interferência
política, e ele disse que seria mesmo. Presidente me disse mais de uma
vez expressamente que queria ter uma pessoa do contato dele, que ele
pudesse ligar, ter informações, colher relatórios de inteligência. Seja
diretor, seja superintendente, não é papel da Polícia Federal prestar
esse tipo de informação. Imagina se durante a própria Lava-Jato,
ministro ou diretor-geral, ou a presidente Dilma ou o ex presidente Luiz
(Lula) ficassem ligando para o superintendente…. Autonomia da PF é
valor fundamental. Grande problema não é quem entra, mas por que alguém
entrar. Eu fico na dúvida se vai conseguir dizer não (a Bolsonaro) em
relação a outros temas.
Moro destacou na entrevista que foi prometido carta branca a ele.
—
Foi me prometido na ocasião carta branca para nomear todos os
assessores, inclusive o superintendente da Polícia Federal – disse,
lembrando do convite feito por Bolsonaro.
— No final de 2018 eu
recebi convite do entao eleito presidente Jair Bolsonaro, isso eu já
falei diversas vezes, e fui convidado a ser ministro da Justiça e da
Segurança Publica. O que foi conversado com o presidente foi que
teriamos compromisso com o combate à corrupção e à criminalidade. Foi me
prometido na ocasião carta branca para nomear todos os assessores,
inclusive o superintendente da Polícia Federal — afirmou Moro.
Moro
chegou a afirmar que, na gestão anterior do governo federal durante a
gestão petista, foi garantida a autonomia aos trabalhos da PF e que isso
permitiu o avanço da Lava-Jato.
— É certo que o governo da época
tinha inúmeros defeitos, aqueles crimes gigantescos de corrupcao, mas
foi fundamental a autonomia da PF para que fosse realizado esse
trabalho. Seja de bom grado, seja pela pressão da sociedade — disse.
O
ministro afirmou que não estabeleceu como condição ao cargo uma
indicação ao cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal, mas disse
que pediu a Bolsonaro que fosse garantida uma pensão à sua família caso
ele ficasse sem emprego posteriormente.
— Tinha uma única condição
que eu coloquei. Eu disse que como estava abandonando 22 anos da
magistratura, contribuí por 22 anos à previdência, perdia ao sair da
magistratura essa previdência, pedi apenas que se algo me acontecesse,
pedi que a minha família não ficasse desamparada sem uma pensão. Foi a
única condição que eu coloquei — afirmou.
— Busquei ao maximo evitar que isso acontecesse mas foi inevitável. Não foi por minha opção – disse no início da fala.
Irritado com a exoneração de Valeixo, Moro fez o pronunciamento no final da manhã desta sexta e anunciou sua saída do cargo.
A
saída de Moro, uma semana após a demissão do ministro da Saúde Luiz
Henrique Mandetta, amplia o isolamento político de Bolsonaro e significa
a perda do principal fiador de seu discurso de combate à corrupção,
principalmente porque a demissão de Moro ocorre justamente devido a uma
tentativa de interferência externa na Polícia Federal, o que pode afetar
a independência de suas investigações.
A perda do aliado também
ocorre em meio ao crescimento nos casos de coronavírus no país, assunto
que provocou desgastes entre Moro e Bolsonaro –o ministro defendia
medidas mais duras para manter o isolamento, como punição a quem
descumprisse quarentena, enquanto o presidente tem se manifestado em
favor de um relaxamento do isolamento.
Exoneração de Valeixo
A
exoneração de Valeixo foi publicada por Bolsonaro no Diário Oficial
desta sexta-feira e pegou Sergio Moro de surpresa. Segundo
interlocutores do ministro, ele não foi avisado que a demissão seria
formalmente efetivada. Ontem, Bolsonaro afirmou a Moro durante uma
reunião no Palácio do Planalto que decidiu tirar Valeixo do comando da
PF, mas o ministro ameaçou pedir demissão caso isso se concretizasse.
Ex-juiz
da 13ª Vara Federal da Curitiba, Moro foi responsável por conduzir os
processos da Operação Lava-Jato, incluindo a condenação do ex-presidente
Lula por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá.
Ganhou projeção política no cargo e, após o resultado das eleições de
2018, foi convidado por Bolsonaro para comandar o Ministério da Justiça.
Moro, então, decidiu deixar o cargo de juiz federal, no qual tinha
estabilidade e carreira garantida, para aceitar o convite e integrar o
governo federal.
Como
ministro, porém, Moro passou a acumular desentendimentos com Bolsonaro,
tendo sido desautorizado em diversos atos da gestão. No primeiro mês da
gestão, Bolsonaro editou um decreto para flexibilizar porte e posse de
armas sem pareceres técnicos do ministério. Moro mostrou desconforto com
o projeto e disse que a medida não era política de segurança pública.
Depois, Moro indiciou a cientista política Ilona Szabó como suplente
para o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária. A
militância bolsonarista nas redes sociais reagiu, e o ministro foi
obrigado a desfazer o convite após telefonema de Bolsonaro.
#Fonte: O Globo
A BARCA AFUNDOU!! SERGIO MORO DEIXA GOVERNO E DIZ QUE BOLSONARO QUIS INTERVIR NA POLÍCIA FEDERAL; Veja Entrevista
Reviewed by Canguaretama De Fato
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24.4.20
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