Em artigo publicado no jornal estadunidense The New York Times, o
jornalista Glenn Greenwald denuncia que Bolsonaro e seus aliados atacam
jornalistas e ativistas que se opõe a ele. "Eles querem intimidação e
violência, em vez de política e jornalismo. Eles precisam disso como
pretexto para introduzir a repressão que desejam", diz o jornalista,
referindo-se ao clã Bolsonaro
No artigo publicado nesta segunda-feira no jornal,
Glenn Greenwald denuncia ao mundo as práticas de Bolsonaro para
intimidar jornalistas que denunciam as ações arbitrárias de seu
governo.
"O movimento Bolsonaro, como a maioria das facções autoritárias,
favorece a intimidação e a violência sobre o discurso cívico - contra
seus adversários em geral, mas principalmente contra jornalistas que
eles consideram obstáculos. Previsivelmente, o clima para jornalistas
desde as eleições presidenciais de 2018 se tornou muito mais perigoso do
que antes", denuncia.
"Outros jornalistas sofreram ataques semelhantes. Patrícia Campos
Mello, jornalista do maior jornal do país, divulgou uma grande história
durante a campanha de 2018 sobre financiamento ilegal por meio de
campanhas de mensagens pelo WhatsApp. Ela passou meses sendo alvo de
ameaças, juntamente com uma rede de notícias falsas, altamente
organizada e bem financiada, espalhando mentiras horríveis sobre ela",
relata.
"Em julho, uma das jornalistas mais famosas e influentes do país,
Miriam Leitão, da Globo, foi forçada a cancelar uma aparição pública
depois de ter sido inundada de ameaças após os ataques do presidente
contra ela".
"Nesse mesmo mês, fui convidado a falar sobre nossas exposições
jornalísticas em um famoso evento literário na cidade de Paraty que
normalmente atrai autores e jornalistas internacionais. Os organizadores
do evento estavam tão preocupados com o número de ameaças de violência
direcionadas a mim que exigiram que eu chegasse de barco pequeno e não
por terra", diz ele.
"Quando chegamos, tivemos fogos de artifício disparados contra nós
horizontalmente pelos apoiadores de Bolsonaro. Ao longo do meu discurso,
eles continuaram disparando fogos de artifício para nós, um dos quais
pousou na multidão de 3.000 pessoas e acendeu uma bandeira em chamas. Os
apoiadores de Bolsonaro, incluindo membros do Congresso de seu partido,
comemoraram essa agressão".
O jornalista segue com as denúncias: "Depois que uma investigação da
Globo no mês passado revelou os vínculos da família Bolsonaro com o
assassinato de Marielle Franco em 2018, o presidente cumpriu sua
promessa de cortar fundos públicos para a Globo. Há muito que ele ameaça
fazer o mesmo com o jornal Folha, e até prometeu no último discurso que
fez antes de ser eleito presidente que inauguraria um Brasil sem a
'Folha de São Paulo'".
"Quando fui chamado para testemunhar perante o Congresso em julho
sobre as reportagens do The Intercept, vários membros do partido de
Bolsonaro exigiram que eu fosse preso antes de deixar o prédio. Desde
que começamos a reportar sobre o explosivo arquivo brasileiro do The
Intercept, nem eu nem meu marido saímos de casa uma vez sem uma equipe
de seguranças armados e um veículo blindado"
"Antes de sua vitória em 2018, Bolsonaro passou quase três décadas
como deputado à margem da vida política por causa de seu apoio manifesto
à brutal ditadura militar que governou o país até 1985", relembra.
"Recentemente, seu filho congressista, Eduardo Bolsonaro, e o Sr.
Olavo de Carvalho ameaçaram explicitamente o retorno dos decretos da era
da ditadura no caso de a desordem cívica exigir repressão ".
"Felizmente, a Constituição do Brasil garante liberdades de imprensa
ainda mais robustas e específicas do que as garantidas pela Primeira
Emenda da Constituição dos Estados Unidos. Enquanto houver uma imprensa
livre, somos capazes de não apenas revelar a corrupção e os erros dos
atores mais poderosos do país, mas também garantir que a história não
seja reescrita, que os horrores das duas décadas de regime militar do
Brasil não sejam esquecidos".
"É exatamente por isso que os membros do movimento Bolsonaro
nos visam: eles sabem que transparência e discurso livre são os
principais obstáculos para retornar o Brasil aos seus dias mais
sombrios. Quanto mais eles mostram sua verdadeira face, mais resistência
encontram. O trabalho dos jornalistas, o objetivo de uma imprensa
livre, é garantir que essa verdade permaneça clara", conclui.
#Fonte: Brasil 247
Jornalista diz, no New York Times, que Bolsonaro Ameaça a Liberdade de Expressão no Brasil
Reviewed by Canguaretama De Fato
on
25.11.19
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