VÍCIO!! Você tira o celular do bolso mais de 200 vezes por dia: smartphone já vicia mais gente, e de forma mais intensa, do que o cigarro, informa pesquisa
(Tomás Arthuzzi/Superinteressante)
Fumar era normal. As pessoas acendiam o primeiro cigarro logo ao
acordar, e repetiam o gesto dezenas de vezes durante o dia, em
absolutamente todos os lugares: lojas, restaurantes, escritórios,
consultórios, aviões (tinha gente que fumava até no chuveiro). Ficar sem
cigarro, nem pensar – tanto que ir sozinho comprar um maço para o pai
ou a mãe, na padaria da esquina, era um rito de passagem para muitas
crianças. O cigarro estava na TV, nos filmes, na música, na propaganda
(nos EUA, ficou famoso um anúncio que dizia: “Os médicos preferem
Camel”). 30% a 40% da população, dependendo do país, fumava.
O cigarro foi, em termos absolutos, a coisa mais viciante que a
humanidade já inventou. Hoje ele é execrado, com razão, e cenários assim
são difíceis até de imaginar. Olhamos para trás e nos surpreendemos ao
perceber como as pessoas se deixavam escravizar, aos bilhões, por algo
tão nocivo. Enquanto fazemos isso, porém, vamos sendo dominados por um
vício ainda mais onipresente: o smartphone.
Quatro bilhões de pessoas, ou 51,9% da população global, têm um, de
acordo com uma estimativa da empresa sueca Ericsson. E o pegam em média
221 vezes por dia, segundo uma pesquisa feita pela consultoria inglesa
Tecmark. O número de toques diários no aparelho é ainda mais
impressionante: são 2.600, segundo a empresa de pesquisa Dscout
Research. O smartphone já vicia mais gente, e de forma mais intensa, do
que o cigarro.
O smartphone já vicia mais gente, e de forma mais intensa, do que o cigarro.
Vivemos grudados em nossos smartphones porque eles são úteis e
divertidos. Mas o que pouca gente sabe é o seguinte: por trás dos ícones
coloridos e apps de nomes engraçadinhos, as gigantes da tecnologia
fazem um esforço consciente para nos manipular, usando recursos da
psicologia, da neurologia e até dos cassinos. “O smartphone é tão
viciante quanto uma máquina caça-níqueis”, diz o americano Tristan
Harris. E o caça-níqueis, destaca ele, é o jogo que mais causa
dependência: vicia três a quatro vezes mais rápido que outros tipos de
aposta.
Harris trabalhou quase cinco anos no Google, primeiro como
programador e depois como “especialista em ética de design”: a pessoa
encarregada de garantir que os apps e serviços do Google não fossem
manipulativos ou viciantes. Em 2016, saiu da empresa para criar uma ONG,
que se chama Center for Humane Technology e reúne programadores
alarmados com o impacto da indústria da tecnologia. “Estamos colocando
toda a humanidade no maior experimento psicológico já feito, sem nenhum
controle.
A internet é a maior máquina de persuasão e vício já construída”, diz
o programador Aza Raskin, criador daquilo que o que viria a se tornar
um dos elementos mais viciantes dos smartphones: a “rolagem infinita”.
A internet é a maior máquina de persuasão e vício já construída”, diz
o programador Aza Raskin. Você provavelmente nunca ouviu falar dele,
mas Raskin é famoso no Vale do Silício. Isso porque, em 2006, ele
inventou o que viria a se tornar um dos elementos mais fundamentais (e
viciantes) dos smartphones: a “rolagem infinita”. Sabe quando você vai
descendo pela tela e o conteúdo nunca termina, pois vai aparecendo mais?
Trata-se da rolagem infinita, que torna mais prático o uso do
smartphone – mas também mexe com a sua cabeça.
“Se você não dá tempo para o seu cérebro acompanhar os seus impulsos,
simplesmente continua rolando para baixo”, diz Raskin. Ele não
imaginava o poder viciante de sua criação, e hoje se arrepende dela –
tanto que é um dos fundadores do Center for Human Technology. “A
pergunta que nós nos fazemos no Vale do Silício é: estamos programando
apps ou pessoas?”, diz.
“Só Deus sabe o que estamos fazendo com o
cérebro das crianças”, afirmou Sean Parker, um dos fundadores e primeiro
CEO do Facebook, num debate em 2018. “Nós exploramos uma
vulnerabilidade da psicologia humana. Eu, Mark (Zuckerberg), Kevin
Systrom (criador do Instagram), todos nós entendemos isso,
conscientemente, e fizemos mesmo assim”, afirmou.
VÍCIO!! Você tira o celular do bolso mais de 200 vezes por dia: smartphone já vicia mais gente, e de forma mais intensa, do que o cigarro, informa pesquisa
Reviewed by Canguaretama De Fato
on
24.9.19
Rating:
Nenhum comentário:
OS COMENTÁRIOS SÃO DE EXCLUSIVA RESPONSABILIDADE DO AUTOR.
REGRAS PARA FAZER COMENTÁRIOS:
Se registrar e ser membro do Blog; Se identificar (não ser anônimo); Respeitar o outro; Não Conter insultos, agressões, ofensas e baixarias; A tentativa de clonar nomes e apelidos de outros usuários para emitir opiniões em nome de terceiros configura crime de falsidade ideológica; Buscar através do seu comentário, contribuir para o desenvolvimento.