Foto: Pedro França/Agência Senado
Em votação secreta, o plenário do Senado aprovou nesta quarta-feira
(25), por 68 votos a 10, a indicação de Augusto Aras para chefiar a
Procuradoria-Geral da República. Para ser aprovado, um indicado à PGR
precisa de pelo menos 41 votos. Dos 81 senadores, dois faltaram e um se
absteve.
Aras foi escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro para ser o sucessor
de Raquel Dodge à frente do Ministério Público Federal. Com a aprovação
do Senado, Aras ficará no cargo pelos próximos dois anos.
Antes da votação no plenário principal do Senado, Aras passou por uma
sabatina de mais de cinco horas na Comissão de Constituição e Justiça
(CCJ) da Casa. No colegiado, recebeu 23 votos favoráveis e somente 3
contrários.
Com a aprovação no Senado, será marcada uma data para a posse de Aras como chefe do MPF.
Logo após a votação, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre
(DEM-AP), assinou mensagem que, segundo o senador, será “imediatamente”
encaminhada ao Palácio do Planalto, para comunicar ao presidente a
aprovação do indicado.
Ao lado de Aras, Alcolumbre cumprimentou o subprocurador e desejou
“êxito” ao aprovado. “Muita sorte na condução da PGR, para que possamos
juntos pacificar o Brasil”, disse o presidente da Casa.
Aras deixou o Senado sem falar com a imprensa.
Sabatina
Na sabatina, Aras ressaltou que terá uma atuação independente no
comando da PGR e que a operação Lava Jato é um “modelo de excelência” e
um “marco” na história do país, mas deverá passar por “correções”.
“A Lava Jato é um marco, traz boas referências. Mas é preciso que nós
percebamos que toda experiência nova traz dificuldades. Sempre apontei
os excessos, mas sempre defendi a Lava Jato. A Lava Jato é resultado de
experiências anteriores. Esse conjunto de experiências gerou um novo
modelo, passível de correções”, afirmou Aras.
Ele foi questionado por senadores sobre o fato de seu nome não
constar na lista tríplice elaborada pela Associação Nacional dos
Procuradores da República (ANPR) com sugestões para o cargo de
procurador-geral. Desde 2003, o presidente da República escolheu um
procurador dentro da lista, o que não ocorreu desta vez. Apesar de
outros presidentes terem respeitado a lista tríplice, essa não é uma
exigência legal.
“Não há alinhamento no sentido de submissão a nenhum dos Poderes, mas
há evidentemente o respeito que deve reger as relações entre os Poderes
e suas instituições. […] Eu asseguro a Vossas Excelências que não
faltará independência a esse modesto indicado”, disse Aras.
Vazamentos
Aras defendeu ainda, durante a sabatina, a “unidade institucional” do
Ministério Público e condenou o vazamento de informações sobre
investigações conduzidas pela instituição. De acordo com ele, os
vazamentos, que atingiram diversos políticos nos últimos anos, “violam a
privacidade e a dignidade da pessoa humana”.
O novo procurador-geral disse ainda que o MP não deve “condenar por condenar” nem “perseguir” na sua atuação.
Aras afirmou ainda ser favorável à prisão após condenação em segunda
instância porque, segundo ele, “o nosso processo civilizatório exige.”
Entretanto, defendeu o direito dos condenados a recursos e a habeas
corpus.
O procurador-geral afirmou ainda que o MPF “tem o dever de zelar
pelas minorias”, mas também pelas “maiorias que são tratadas como
minorias porque são sub-representadas, como mulheres e
afrodescendentes.”
Ele também defendeu o direito de índios explorarem terras demarcadas através de agricultura e mineração.
Senado Aprova por 68 votos a 10 a Indicação de Augusto Aras Para a Procuradoria-Geral da República
Reviewed by Canguaretama De Fato
on
25.9.19
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