O
presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, voltou a barrar a
apreensão de livros de temática LGBT, promovida pela gestão Marcelo
Crivella (PRB), na Bienal do Rio. A decisão de Toffoli suspende despacho
do presidente do Tribunal de Justiça do Estado, Cláudio de Mello
Tavares, neste sábado, 7, que havia voltado a autorizar a ação de
fiscais da prefeitura no evento. O ministro acolhe pedido da
procuradora-geral Raquel Dodge. O prefeito diz que vai recorrer.
Em outra decisão, o ministro Gilmar Mendes afirmou que a Prefeitura
promove ‘censura prévia’, ‘patrulha do conteúdo de publicação
artística’, e também decidiu impedir a apreensão de livros. O despacho
de Gilmar acolhe pedido da Bienal.
“A liberdade de expressão é um dos grandes legados da Carta Cidadã,
resoluta que foi em romper definitivamente com um capítulo triste de
nossa história em que esse direito – dentre tantos outros – foi
duramente sonegado ao cidadão. Graças a esse ambiente pleno de
liberdade, temos assistido ao contínuo avanço das instituições
democráticas do país. Por tudo isso, a liberdade e os direitos dela
decorrentes devem ser defendidos e reafirmados firmemente”, anotou o
ministro.
A decisão de Tavares havia, por sua vez, suspendido liminar concedida
pelo desembargador Heleno Ribeiro Pereira Nunes, que acolheu pedido do
Sindicato Nacional dos Editores de Livros, contra ação de fiscais da
Prefeitura – sob vaias, eles estiveram nesta sexta, 6, na Bienal do Rio
para checar a forma com a qual o livro era comercializado. Após o
despacho do presidente do TJ, que acolhia recurso da gestão Crivella,
fiscais chegaram à voltar ao evento, onde se reuniram com sua direção.
Com a decisão de Toffoli, fica valendo a decisão de Pereira Nunes. A
decisão de Toffoli representa uma derrota na Justiça para o prefeito
Marcelo Crivella (PRB), que havia criticado a novela gráfica (história
em quadrinhos) Vingadores – A Cruzada das Crianças, da Marvel Comics. Na
obra, que foi lançada em 2010 e não é destinada ao público infantil, os
personagens Wiccano e Hulkling são namorados. O prefeito evocou o
Estatuto da Criança e do Adolescente, que prevê lacre em obras
impróprias para o público infantil.
Em seu despacho, o ministro ainda anota que ‘o regime democrático
pressupõe um ambiente de livre trânsito de ideias, no qual todos tenham
direito a voz’. “De fato, a democracia somente se firma e progride em um
ambiente em que diferentes convicções e visões de mundo possam ser
expostas, defendidas e confrontadas umas com as outras, em um debate
rico, plural e resolutivo”.
“Nesse sentido, é esclarecedora a noção de “mercado livre de ideias”,
oriunda do pensamento do célebre juiz da Suprema Corte Americana Oliver
Wendell Holmes, segundo o qual ideias e pensamentos devem circular
livremente no espaço público para que sejam continuamente aprimorados e
confrontados em direção à verdade.”, escreve
Toffoli diz ainda que o ‘Supremo Tribunal Federal tem construído uma
jurisprudência consistente em defesa da liberdade de expressão’. Entre
as decisões rememoradas pelo ministro, estão a ‘inconstitucionalidade da
antiga lei de imprensa, por possuir preceitos tendentes a restringir a
liberdade de expressão de diversas formas, a ‘constitucionalidade das
manifestações em prol da legalização da maconha, tendo em vista o
direito de reunião e o direito à livre expressão de pensamento’ e também
a dispensa do ‘diploma para o exercício da profissão de jornalismo, por
força da estreita vinculação entre essa atividade e o pleno exercício
das liberdades de expressão e de informação’
O ministro lembra ainda que a Corte já ‘determinou, em ação de minha
relatoria, que a classificação indicativa das diversões públicas e dos
programas de rádio e TV, de competência da União, tenha natureza
meramente indicativa, não podendo ser confundida com licença prévia (ADI
2404, DJe de 1/8/17) – para citar apenas alguns casos’.
#Fonte: Estadão
Ministro Dias Toffoli barra apreensão de livros com temática LGBT na Bienal do Rio
Reviewed by Canguaretama De Fato
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