Ciro Gomes Diz, sobre Bolsonaro: “Acho que não termina o governo. Espero que não seja pelo Suicídio. Meu palpite, é um mero palpite, é que vai ser por Renúncia”; VEJA ENTREVISTA!
Foto: Isadora Neumann / Agencia RBS
Candidato à Presidência derrotado pelo PDT em 2018, o ex-ministro
Ciro Gomes afirmou que o “campo progressista” perderá as próximas três
ou quatro eleições caso o que ele chama de “burocracia do PT” mantenha
uma estratégia em “nome da direção imperial” do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
Como mostrou a Coluna do Estadão, cresceu entre políticos e analistas
a percepção que Ciro decidiu radicalizar o discurso de defesa da
democracia e romper com a “frente de esquerda”. “Agora ninguém mais vai
enganar ninguém porque o que eu tinha para dar de engolir, de ter que
fazer silêncio em nome da unidade, eles acabaram de liquidar”, disse
Ciro ao Estado.
Ele esteve em Belo Horizonte para participar da filiação ao PDT da
professora Duda Salabert, a primeira transexual a se candidatar ao
Senado, nas eleições do ano passado – ela estava sem partido desde que
se desfiliou do PSOL. Abaixo, os principais trechos da entrevista, feita
por telefone.
O deputado Alexandre Frota lhe pediu desculpas sobre comentários que fez contra o senhor. O pedido foi aceito?
Não vou atribuir nenhuma relevância política a isso. Mas eu aceito as
desculpas e reconheço nisso um gesto humano muito nobre. Porque eu,
quando erro, gosto também de pedir desculpas. Aceito as desculpas dele e
bola para frente.
O PT não apoiou o sr. na eleição presidencial de 2018 e
lançou um candidato próprio. Agora, o sr. já se colocou como candidato
para 2022. O sr. acredita que o PT pode, na próxima eleição
presidencial, apoiar um candidato de outro partido?
O PT são vários PTs. E é importante que você entenda essa premissa
para o raciocínio que vou elaborar. Esta burocracia do PT e a estratégia
que essa burocracia está fazendo em nome da direção imperial do Lula é
certeza da derrota do campo progressista no Brasil agora e pelas
próximas três ou quatro eleições. Por quê? Porque você explodiu sobre a
cabeça do povo brasileiro, tal como nosso povo é, dois gravíssimos
problemas. Um, a corrupção generalizada. Você pode relativizar, como
petista fanático dessa burocracia faz. A segunda questão é econômica (a
crise).
Ambos os lados agem da mesma maneira?
São rigorosamente as duas faces da mesma moeda. E aí você vê na
caricatura. O Datafolha publica uma pesquisa em que há uma violenta
deterioração da popularidade do Bolsonaro, e o Bolsonaro faz um discurso
dizendo, ‘tá bom, errei em alguma coisa’, mas se vocês falarem mal de
mim, o PT vai voltar. No mesmo dia, a (presidente do PT) Gleisi
Hoffmann, que interpreta esse PT corrupto e incompetente, que é uma pau
mandado do Lula, sem nenhum tipo de atitude crítica, simplesmente o
partido mais importante do País é dirigido por essa mulher. Ela diz o
quê? Que vai ser nós contra o Bolsonaro. Enquanto isso alguém ilude o
Flávio Dino, alguém fala em unidade comigo, e tal.
Algum partido já conversou novamente em unidade com você? Alguém do PT?
Comigo unidade é o cacete. Unidade é na luta. E na luta em cima da
mesa. Agora ninguém mais vai enganar ninguém porque o que eu tinha para
dar de engolir, de ter que fazer silêncio em nome da unidade, eles
acabaram de liquidar.
Quando isso foi liquidado, na eleição do ano passado?
Quando entregaram o Brasil para o Bolsonaro. Ou você acha que o
Bolsonaro se elegeria sem o que o PT fez? O Bolsonaro nunca foi o
candidato da direita brasileira. O Bolsonaro foi engolido pela direita
brasileira porque era o cara que foi identificado pelo nosso sofrido
povo como o mais tosco intérprete do antipetismo que era a força
dominante. Bolsonaro interpretou de forma tosca o sentimento de medo do
povo. Porque também durante 14 anos não mexemos uma linha nas
instituições para enfrentar o narcotráfico, o contrabando de armas, as
facções criminosas comandando o crime. E a única política que foi
implantada no Brasil foi a política do encarceramento do jovem pobre,
negro.
Existe alguma possibilidade de o presidente Jair Bolsonaro não terminar o governo?
Acho que ele não termina o governo. Isso é um mero palpite. Espero
que não seja pelo suicídio. Meu palpite, é um mero palpite, é que vai
ser por renúncia. Os políticos, que de alguma forma foram negados também
pelo caráter antipolítico que o Bolsonaro impôs na retórica dele, estão
muito ressabiados com a bobagem que fizeram no impedimento da Dilma.
Então, por exemplo, o PSDB sabe que talvez tenha se liquidado
mortalmente naquele gesto burro. Se tivesse esperado o tempo fluir, até o
final do mandato ruidoso da Dilma, tinha ganho as eleições. O que
aconteceu, interromperam o mandato e passaram a ser corresponsáveis pelo
desastre que veio daí adiante com Michel Temer e agora com o Bolsonaro.
Produziram o Bolsonaro. Isso o PT também está vendo. Então a
probabilidade de um impeachment hoje é pequena. Mas as energias são tão
negativas e tão rápidas que não vejo como Bolsonaro termine o governo.
O que vai ser mais fácil na sua campanha em 2022, atrair apoiadores do Bolsonaro ou do PT?
Quero produzir corrente de opinião. O Brasil vai passar por muita
confusão. Acho que o Brasil vai passar por momentos terríveis nos
próximos seis meses. O cenário internacional está se deteriorando de
forma grave. O nível de paciência do Paulo Guedes para as
irracionalidade do Bolsonaro, e para a orgânica contradição do Bolsonaro
com o liberalismo que o Guedes representa, tudo isso provavelmente
sinaliza para uma saída do Guedes em algum momento. A deterioração da
economia é um fato. O teto de gastos será atingido no ano que vem. O
Bolsonaro votou a favor disso. É uma aberração. O ano que vem vai ser
terrível. E isso tem um poder de combustão muito grande. De provocar
novos alinhamentos na vida brasileira. Como eu calculo? Acho que o
bolsonarismo doente são 15% da população. Acho que o petismo doentio são
20% da população. E o grande problema é que essa grande maioria (65%)
está atomizada, sem compreensão.
O senhor veio a Belo Horizonte para participar da filiação ao
PDT da professora Duda Salabert, a primeira transexual a se candidatar
ao Senado, nas eleições do ano passado. Há uma tentativa de o partido se
aproximar das chamadas minorias?
A professora Duda é uma figura extraordinária. Ela está saindo do
PSOL. E escolheu o PDT. Isso para mim é uma grande honra. E, para nós,
não é para reforçar luta identitária, é para reforçar a militância em
torno de um projeto nacional que tenha compromisso com as diferenças,
com a tolerância, com a igualdade, trabalhar para que seja respeita a
fé, a preferência dessa ou aquela forma de amar, porque para nós todas
elas são justas.
Ciro Gomes Diz, sobre Bolsonaro: “Acho que não termina o governo. Espero que não seja pelo Suicídio. Meu palpite, é um mero palpite, é que vai ser por Renúncia”; VEJA ENTREVISTA!
Reviewed by Canguaretama De Fato
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17.9.19
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