(Syolacan/Getty Images)
Em algum momento da vida, todo mundo já se deparou diante de algo tão
belo que parece tocar lá no âmago do ser. Aquele tipo de coisa que, de
tão bonita, mexe com a gente de maneiras difíceis de explicar.
Neurocientistas acabam de confirmar que essa sensação pode ser detectada
no cérebro, e possui uma relação íntima com a auto-imagem de cada
pessoa.
Pesquisadores da Alemanha e dos Estados Unidos desenvolveram um
estudo em que submeteram 16 voluntários a exames de ressonância
magnética funcional (fMRI) — uma técnica que analisa a atividade neural.
A equipe investigou especificamente como o cérebro das pessoas reagia
quando elas eram expostas a obras de arte, construções arquitetônicas e
paisagens. As regiões cerebrais envolvidas no processamento daquelas
imagens tinham comportamento bastante variado, sem qualquer padrão
aparente.
Mas o foco da pesquisa era outro. O interesse real dos cientistas era
analisar uma área bem peculiar da mente: a chamada “rede de modo
padrão” (DMN, na sigla em inglês). É um sistema grande, que engloba
várias regiões cerebrais e desempenha um papel fundamental no nosso
senso de identidade. Essa rede fica a todo vapor sempre que estamos
introspectivos, exercitando a autorreflexão, trazendo à tona memórias do
passado ou traçando planos para o futuro. Também atua bastante nos
momentos mais inspirados, em que a imaginação e a criatividade estão
aguçadas.
Segundo o novo estudo, publicado este mês no periódico PNAS, a rede
também se “acende” toda vez que somos confrontados com algo que tenha
apelo estético para nós. Ou seja: a mesma região do cérebro processa
informações sobre o que achamos belo e sobre quem nós somos. Isso tem
implicações profundas não só para a neurociência, mas também para a
psicologia. E trouxe novos aprendizados sobre a DMN.
Os pesquisadores descobriram que essa rede apresentava um
comportamento muito parecido em todos os participantes quando eles
tinham uma experiência visual emocionante. Não importava o tema, se era
um belo quadro, um edifício de arquitetura arrojada ou uma paisagem de
tirar o fôlego — os padrões de atividade cerebral continuavam bem
similares. Por isso, os autores acreditam que a DMN poderia conter um
“código universal” do apelo estético.
“Ainda não sabemos se a DMN de fato computa essa representação, mas
ela claramente tem acesso a informações abstratas sobre se achamos uma
experiência esteticamente atraente ou não”, disse em comunicado Edward
Vessel, do Instituto Max Planck, na Alemanha.
Agora, a equipe pretende criar experimentos para investigar se o
padrão também vale para outros estímulos, como música e poesia. Aquela
frase “a beleza está nos olhos de quem vê” nunca pareceu tão certa.
#Foto: Super Interessante
A Beleza Está Mesmo Nos Olhos de Quem Vê, Diz Estudo
Reviewed by Canguaretama De Fato
on
18.9.19
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