Em meio a tantos flagelos ambientais, as queimadas deram um salto neste ano da graça de 2019. O acréscimo foi de 83% de janeiro ao início desta semana, numa comparação com o mesmo período do ano passado. Numa de suas paradinhas na frente do palácio residencial do Alvorada, Jair Bolsonaro disse enxergar crime por trás da fumaça. Declarou que seu “sentimento” indica que as ONGs são responsáveis pelo fogaréu. Hummm…
Vale a pena ouvir o presidente: “Pode estar havendo, não estou afirmando, ação criminosa desses ongueiros para exatamente chamar a atenção contra a minha pessoa, contra o governo do Brasil. Essa é a guerra que nós enfrentamos. Vamos fazer o possível e o impossível para conter esse incêndio criminoso”.
Um pouco mais de Bolsonaro: “O crime existe. E nós temos de fazer o possível para que esse crime não aumente, mas nós tiramos dinheiros de ONGs. Dos repasses de fora, 40% ia para ONGs. Não tem mais. Acabamos também com o repasse de dinheiro público, de forma que esse pessoal está sentindo a falta do dinheiro”.
O “sentimento” de Bolsonaro é uma lição de vida. Que governante precisa mais do que isso, uma língua solta, meia dúzia de microfones e as ONGs para assumir todas as culpas? É tão prático quanto um misto quente: presunto, queijo e duas torradas.
A política convive com uma regra antiga. Foi importada da propaganda. Baseia-se num procedimento elementar: personalize. Qualquer coisa pode ser vendida —de óleo de peroba à desfaçatez— se tiver uma cara e um enredo. Dê um nome ao seu inimigo, ornamente-o com um rabo e um par de chifres e pronto! Seus problemas acabaram. A identificação do demônio libera o exorcista do exame de todo o mal.
Na área embiental, Bolsonaro personalizou o demônio: as ONGs. Muitos podem enxergar nas palavras do presidente algo parecido com uma denunciação caluniosa. Mas para o capitão “sentimento” é uma outra palavra para sentença. Isso exime Bolsonaro de qualquer tipo de exame. A começar pelo auto-exame. Há de tudo em Brasília, menos culpados no reflexo do espelho do Palácio da Alvorada.
Vale a pena ouvir o presidente: “Pode estar havendo, não estou afirmando, ação criminosa desses ongueiros para exatamente chamar a atenção contra a minha pessoa, contra o governo do Brasil. Essa é a guerra que nós enfrentamos. Vamos fazer o possível e o impossível para conter esse incêndio criminoso”.
Um pouco mais de Bolsonaro: “O crime existe. E nós temos de fazer o possível para que esse crime não aumente, mas nós tiramos dinheiros de ONGs. Dos repasses de fora, 40% ia para ONGs. Não tem mais. Acabamos também com o repasse de dinheiro público, de forma que esse pessoal está sentindo a falta do dinheiro”.
O “sentimento” de Bolsonaro é uma lição de vida. Que governante precisa mais do que isso, uma língua solta, meia dúzia de microfones e as ONGs para assumir todas as culpas? É tão prático quanto um misto quente: presunto, queijo e duas torradas.
A política convive com uma regra antiga. Foi importada da propaganda. Baseia-se num procedimento elementar: personalize. Qualquer coisa pode ser vendida —de óleo de peroba à desfaçatez— se tiver uma cara e um enredo. Dê um nome ao seu inimigo, ornamente-o com um rabo e um par de chifres e pronto! Seus problemas acabaram. A identificação do demônio libera o exorcista do exame de todo o mal.
Na área embiental, Bolsonaro personalizou o demônio: as ONGs. Muitos podem enxergar nas palavras do presidente algo parecido com uma denunciação caluniosa. Mas para o capitão “sentimento” é uma outra palavra para sentença. Isso exime Bolsonaro de qualquer tipo de exame. A começar pelo auto-exame. Há de tudo em Brasília, menos culpados no reflexo do espelho do Palácio da Alvorada.
#Fonte: Uol: Josias de Souza
PEGANDO FOGO!! Sentimento’ do Capitão Vira Sentença Ambiental
Reviewed by CanguaretamaDeFato
on
22.8.19
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