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"Sergio Moro é Um Canalha. Um Dia as Pessoas Vão Ver", Diz Ciro Gomes; VEJA ENTREVISTA
"Sergio Moro é Um Canalha. Um Dia as Pessoas Vão Ver", Diz Ciro Gomes; VEJA ENTREVISTA
Ao avaliar os seis primeiros meses do governo de Jair Bolsonaro, Ciro Gomes usa a franqueza característica para atacar o presidente, militares e ministros. Os alvos principais são Sergio Moro (Justiça) e Paulo Guedes (Economia). Também critica o PT.
A três anos da próxima eleição, Ciro, na segunda entrevista da série de
conversas com candidatos ao Planalto em 2018, diz que irá concorrer
outra vez à Presidência. Ano passado, ficou em terceiro, com 13,3
milhões de eleitores ou 12,47% dos votos válidos.
Qual é a sua análise dos seis primeiros meses do governo do presidente Bolsonaro?
Seis
meses é pouco para estabelecer sentença definitiva sobre o governo.
Tanto mais, a herança que recebeu é macabra. O desmonte do Brasil começa
com Dilma (Rousseff) e se aprofunda com (Michel) Temer. Agora, já é possível afirmar que Bolsonaro, eleito com 57 milhões de votos,
teria força para fazer qualquer coisa. Mas dissipou isso por
despreparo, por lhe faltar projetos e por cair na mão de um governo
heterogêneo. O primeiro grupo fica ao redor do Paulo Guedes e impõe a Bolsonaro
um diagnóstico estrutural completamente equivocado. O segundo são os
militares que, para minha vergonha e constrangimento, estão violentando
questões nacionais, como a negociata da Embraer, o acordo entre Mercosul e União Europeia
e o esquartejamento da Petrobras. Não tenho nada contra privatização,
falo de descuido estratégico que vai comprometer. O terceiro grupo é o
da “praça da alegria”, e os mais lesivos desses doidos são os ministros da Educação e das Relações Exteriores.
O Congresso deve aprovar as reformas da Previdência e a tributária?
Vai votar (a da Previdência).
Não a que o governo propôs. Na comissão, a aprovação foi por maioria
simples. Daqui para frente, tudo muda em favor da crítica. A
Constituição determina o quórum qualificado de 308 votos, então é muito
provável que outras aberrações da reforma sejam corrigidas. Acho
improvável a tributária.
O governo apresenta dificuldades, mas o Congresso está funcionando. Quais seriam as razões?
O
poder real não está na Presidência, mas no setor financeiro. O que o
setor quiser, tem mais potencial de passar no Congresso. Pouco importam
as habilidades, grossuras e incapacidades do governo. Paulo Guedes
é um enclave do setor financeiro nas instituições brasileiras. A
reforma tributária que poderia fazer alguma coisa pelo Brasil aponta
para cima, para os ricos, com tributos sobre heranças mais progressivos e
sobre lucros e dividendos. Aí o baronato não quer, então não vai
aprovar.
Na eleição, não ficou claro que Paulo Guedes representava o pensamento liberal?
Não,
ninguém sabe quem é o Guedes. O que foi eleito foi o antipetismo, mais
claro de ser entendido. Essa é a grande fragilidade do Bolsonaro. Ele
está fidelizando um núcleo duro, que são obscurantistas, xenófobos,
misóginos, um movimento internacional que se replica no Brasil.
O senhor identifica a polarização política no país?
Ela está aí, fortíssima. Nosso esforço é trocar o ambiente da discussão. Por exemplo, acharam 39 quilos de cocaína no avião da FAB. No dia seguinte, o PT e essa máquina de propaganda responsabilizam o Bolsonaro. Aí, a turma do presidente passa a dizer que o cara já andava em avião com a Dilma (Rousseff).
Não é essa a questão. Bolsonaro não pode ser imediatamente
responsabilizado. Do outro lado, dizer que o camarada já andava em avião
no tempo da Dilma, além de ser mentira, o que é que tem a ver? A
responsabilidade lá na frente é achar um caminho para um ambiente que
quebre esse pêndulo.
O senhor defende uma frente progressista para o país?
Isso
não é útil para o Brasil, porque tudo o que se falou de frente, da
redemocratização para cá, significa hegemonia de populistas, de
personalistas, do PT. Se fosse ao redor de um projeto, tudo bem, mas
qual projeto? Não tem. É um projeto de poder pelo poder, de concessões
das mais variadas por uma pseudoética de que, pela revolução, pode fazer
qualquer merda. Daí, a turma do PT relativiza tudo, como se Palocci não
fosse réu confesso, como se fosse um pecadilho colocar (Michel) Temer na linha de sucessão ou depois, do impeachment, que chamamos de golpe, se associar ao presidente do Senado (à época, Renan Calheiros), que praticou o golpe, nas eleições de 2018. Como se fosse normal colocar como coordenador da campanha do (Fernando) Haddad o ex-presidente da Petrobras Sergio Gabrieli. Como assim? Não aprenderam nada?
No Congresso, fala-se que está difícil de fazer oposição. O senhor concorda?
Nós,
do PDT, estamos nadando de braçada, porque escolhemos o caminho
correto. Assumimos que fomos derrotados. Não quisemos transformar a luta
no Congresso em terceiro turno da eleição. Compreendemos nosso papel,
que era atrair Bolsonaro
para o jogo democrático. Ele está cumprindo rigorosamente os prazos de
tramitação pactuados conosco da reforma da Previdência. Por exemplo,
caiu a capitalização, estamos no bastidor disso. Estamos atenuando
danos.
O senhor afirma que será candidato em 2022?
O partido está dizendo que sim. Topo e vou com entusiasmo, para quebrar ou ser quebrado. Mas gostaria de ficar quieto.
Como o senhor vê esse movimento em torno do ministro Sergio Moro?
Você
pergunta a qualquer brasileiro: como um juiz deve se comportar numa
partida de futebol? Deve visitar o vestiário de um time e mandar um
jogador se jogar para marcar um pênalti? A resposta é que destrói o
futebol. Mas aí inventaram isso de herói, que não existe. Para mim, Moro
é um politiqueiro de quinta categoria. Sempre foi.
Lula não é inocente. Agora, o processo do triplex, juridicamente, é fraco. Com esse conjunto de suspeição, o processo é nulo. Não é que Lula fique absolvido. Volta à estaca zero. A denúncia é fraca e a sentença é pior.
Lula não é inocente. Agora, o processo do triplex, juridicamente, é fraco. Com esse conjunto de suspeição, o processo é nulo. Não é que Lula fique absolvido. Volta à estaca zero. A denúncia é fraca e a sentença é pior.
Mas Sergio Moro é considerado um herói por boa parte da opinião pública.
Moro
é um herói com pé de barro, em processo de desmoronamento. Ele condena
um político, depois sai da magistratura para ser ministro do político
que ganhou a eleição, porque o outro não participou. Isso faz do Brasil
uma República de bananas. Sergio Moro é um canalha, não é nada mais,
nada menos do que isso. E um dia as pessoas vão ver.
Quando acabou a eleição muita gente temia que a democracia estaria em risco. E agora?
Nunca temi. Terrorismo mentiroso do PT. Risco à democracia zero.
E os ataques ao Supremo Tribunal Federal?
Esse babaca desse (Augusto) Heleno, que pensei que seria uma figura diferente, é um merda também. Imagina um quilo de cocaína no avião do presidente e não cai nem o chefe do GSI? No meu governo, o ministro estaria demitido na hora.
São ataques do populacho. O que está errado é o comportamento de certas figuras do Supremo. O ministro Dias Toffoli,
presidente do Supremo, não pode tomar café da manhã com os poderes
políticos e assinar um pacto, porque esse pacto poderá ser contestado na
esfera final do Estado de direito democrático, que é o Supremo.
O senhor se arrepende de algo na eleição passada?
Não.
Estava numa encruzilhada, já percebia que o antipetismo era muito
forte, mas não tinha percebido que era a força dominante. Normalmente,
as pessoas votam pelo positivo. O cara que esculhamba não é quem ganha
normalmente. Desta vez, o povo votou para negar. Me surpreendeu. Esse
babaca desse (Augusto) Heleno,
que pensei que seria uma figura diferente, é um merda também. Imagina
um quilo de cocaína no avião do presidente e não cai nem o chefe do (Gabinete de Segurança Institucional) GSI? No meu governo, o ministro estaria demitido na hora.
#Fonte: GauchaZH
#Fonte: GauchaZH
"Sergio Moro é Um Canalha. Um Dia as Pessoas Vão Ver", Diz Ciro Gomes; VEJA ENTREVISTA
Reviewed by Canguaretama De Fato
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11.7.19
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