Estudo produzido pela equipe de estatística
da maior unidade de urgência e emergência do RN aponta que 333 pessoas
deram entrada com ferimentos causados por arma de fogo em 2019
O Hospital Monsenhor Walfredo
Gurgel está localizado no bairro de Lagoa Nova, na zona Sul de Natal, mas bem
que poderia estar situado em uma zona de guerra.
A estrutura hospitalar
recebeu, entre 1º janeiro até o último dia 18 de junho, um total de 333 pessoas
feridas por armas de fogo, o que representa um atendimento a cada 12 horas.
As informações saíram de um
levantamento preliminar obtido pelo Agora RN, a partir de dados fornecidos pelo
setor de estatísticas do Walfredo Gurgel, a maior unidade de urgência e
emergência do Rio Grande do Norte. Os dados apresentados não informam o número
total de óbitos registrados no atendimento de emergencial.
Ainda de acordo com as
estatísticas do Hospital Walfredo Gurgel, em 2018, foram atendidas 940 pessoas
com lesões provocadas por armas de fogo. Já em 2017, o número foi de 1.088
casos. Desta forma, houve uma redução de 13,6% no número de atendimentos deste
tipo.
Mesmo os potiguares não vivendo
uma guerra civil, o Rio Grande do Norte apresenta altas taxas de mortes
violentas. Ao longo dos últimos dez anos, os homicídios aumentaram 229%. Hoje, o Estado o ocupa a
posição de mais violento de todo o País. Em números absolutos, foram 589
assassinatos em 2007. O número subiu para 2.203 em 2017.
De acordo com dados do Atlas da
Violência, feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o
registro representa taxa de 60,2 mortes por grupo de 100 mil habitantes.
Os números da violência em
terras potiguares são superiores à de regiões mergulhadas em conflitos armados,
como o Iraque, que ainda sofre com a disputa territorial entre grupos fundamentalistas
(Estado islâmico) e as forças estatais. Em 2017, segundo as informações das
Organizações das Nações Unidas, a taxa de mortes violentas no país asiático foi
de 34,4 mortes por grupo de 100 mil habitantes.
Os números da violência no Rio
Grande do Norte encontram eco na atual discussão sobre as mudanças no porte de
armas, a partir do Decreto 9785/19, editado em maio pelo presidente Jair
Bolsonaro. O texto foi rejeitado pelo Senado Federa, mas agora está em
discussão na Câmara dos Deputados. Especialistas que defendem o maior controle
das armas argumentam que, caso o projeto
de lei entre em vigor, os números de violência poderão crescer ainda
mais.
Para efeito de comparação, ao
longo dos últimos quatro anos, segundo dados do Ministério da Saúde, o Sistema
Único de Saúde (SUS) gastou R$ 191,33 milhões com atendimentos de pessoas
baleadas em todo o Brasil.
RN: Hospital Walfredo Gurgel Atende um Caso de Lesão por Arma de Fogo a cada 12 horas
Reviewed by Canguaretama De Fato
on
21.6.19
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