São sujeitos feridos, mas na alma, que é muito pior do que estar ferido no corpo. São uma fraquejada
Nada mais perigoso do que um
homem medíocre e triste que odeia a inteligência e a felicidade
alheias. Esta é a cara do governo Bolsonaro. Personagens de uma
mediocridade tão ostensiva que disfarçá-la é tarefa impossível. Como me
disse um dia um aluno, é a burrice ostentação. Juntam-se a essa
mediocridade as paixões tristes que o movem.
Há dois tipos de medíocre: o que é
consciente de sua limitação e fica recolhido nela humildemente ou se
esforça para crescer e o que, incapaz dessa humildade ou desse
crescimento, tenta destruir, exterminar tudo aquilo ou todos aqueles que
brilham mais que ele. Não é preciso dizer a qual dos dois tipos
pertencem os patéticos personagens bolsonaristas.
Também há dois tipos de infelizes: os
que lutam em construir a própria felicidade e os que detestam a
felicidade alheia e se empenham em arruiná-la. Os que lutam por viver
seus desejos livremente e os que odeiam quem os vive. Os que amam em
toda a plenitude do amor e os que odeiam quem ama. Tampouco desta vez é
preciso dizer a qual dos dois tipos pertencem os patéticos personagens
bolsonaristas.
Acrescente-se uma masculinidade complexada, frágil, mas tão autocentrada que não consegue enxergar para além dela mesma. Homens que odeiam outros homens, que odeiam mulheres, talvez porque, no fundo, esses homens odeiem a si mesmos.
Durante minhas entrevistas com eleitores de Bolsonaro, várias mulheres
me confessaram que tinham medo de seus maridos, porque a agressividade
deles tinha aumentado muito depois de começarem a seguir o “mito”.
São
os cidadãos de bem. Eu, quando vejo um cidadão de bem na rua, mudo de
lado ou saio correndo. São aqueles que não enxergam contradição em ir à
igreja aos domingos e apedrejar um homossexual ou agredir a própria
companheira em casa. Não veem incoerência em citar a Bíblia e aplaudir
Bolsonaro, quando ele faz o gesto de arma na Marcha para Jesus.
O curioso nesses cidadãos de bem é
que eles pensam ter um canal direto com Deus, como num grupo de WhatsApp
ou Telegram, que agora está na moda. Queridos, se Deus existe, deve
estar desesperado, se perguntando onde errou para que de um barro
supostamente inócuo surgissem seres como vocês. “Deu merda”, Ele deve
pensar. São sujeitos feridos, mas na alma, que é muito pior do que estar
ferido no corpo. São uma fraquejada.
Não por acaso, querem acabar com as
universidades públicas. Para quem é tão medíocre, a inteligência alheia
deve ser estarrecedora. Não por acaso, quiseram acabar com Lula em um
processo arbitrário. Não por acaso, Bolsonaro recusou-se a ir aos
debates eleitorais e a enfrentar um professor. Não por acaso, queiram
dominar os corpos das mulheres, pois mulheres livres e fortes devem ser
assustadoras para eles.
Sujeitos pequenos, tacanhos,
intelectualmente ínfimos, figuras que em tempos de normalidade
democrática e institucional seriam irrisórias e desapareceriam,
engolidas na própria irrelevância. Mas em tempos “desdemocráticos”, em
tempos obscuros e autoritários, esses anões se fizeram gigantes e
vomitaram sobre todos nós sua capacidade de destruição. Esses mesquinhos
estão no poder. Encarnam o mito do homem medíocre. O medíocre que se
apresenta como herói. Vejam que drama. Esses heróis iriam salvar o
Brasil. Bolsonaro é o “mito”. Moro é o “herói”.
#Fonte: Carta Capital - Esther Solano
OPINIÃO! O Perigo dos Homens Medíocres Como Jair Bolsonaro
Reviewed by Canguaretama De Fato
on
30.6.19
Rating:
Nenhum comentário:
OS COMENTÁRIOS SÃO DE EXCLUSIVA RESPONSABILIDADE DO AUTOR.
REGRAS PARA FAZER COMENTÁRIOS:
Se registrar e ser membro do Blog; Se identificar (não ser anônimo); Respeitar o outro; Não Conter insultos, agressões, ofensas e baixarias; A tentativa de clonar nomes e apelidos de outros usuários para emitir opiniões em nome de terceiros configura crime de falsidade ideológica; Buscar através do seu comentário, contribuir para o desenvolvimento.