Foto: Reprodução/ Youtube
O
Ministério Público Federal do Rio Grande do Sul ajuizou ação civil
pública contra a União por “ilegal veto (censura) imposto à peça
publicitária do Banco do Brasil denominada ‘Selfie’, estrelada por
atores e atrizes em sua maioria negros (mas também outros brancos),
tatuados, com cabelos coloridos e uma personagem transexual, que visava
trabalhar a diversidade racial e de orientação sexual e de identidade de
gênero brasileira”.
A ação pede à Justiça que a exibição da
propaganda seja retomada, conforme contratação original da mídia, e que a
União pague, por dano moral coletivo, indenização de R$ 51 milhões, o
equivalente a três vezes o custo do anúncio e sua veiculação. O
“montante deverá ser aplicado em campanha de conscientização de
enfrentamento ao racismo e à homofobia”, diz a ação assinada pelo
procurador da República Enrico Rodrigues de Freitas.
O
MPF do Rio Grande do Sul alega que a proibição da propaganda viola a
Lei das Estatais (Lei 13.303/2016), que proíbe a redução ou a supressão
da autonomia conferida pela lei específica que autorizou a criação da
entidade supervisionada ou da autonomia inerente a sua natureza, bem
como a ingerência do supervisor em sua administração e funcionamento,
devendo a supervisão ser exercida nos limites da legislação aplicável.
Preconceito
A
ação também acusa a União de “ofender a Constituição da República, que
veda o preconceito com base em raça e com base no sexo do indivíduo
(art. 3º, inciso IV), o que inclui o preconceito denominado de
LGBTQfobia, bem como qualquer discriminação atentatória dos direitos e
liberdades fundamentais.
Além disso, acusa também a União de
violar o Estatuto da Igualdade Racial, “que torna ilegal qualquer
distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor,
descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou
restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de
condições de direitos humanos e liberdades fundamentais (Lei no
12.288/2010, art. 1o, I)”.
De acordo com o documento, o Executivo
Federal, não satisfeito com o veto à propaganda, buscou passar a
controlar toda a publicidade das estatais, posteriormente recuando “em
face da ilegalidade evidente”.
A ação ressalta ainda que o presidente da República, Jair Bolsonaro,
justificou o veto à propaganda como um ato de respeito à “família
brasileira”, que “é conservadora”, concluindo que a “agenda
conservadora”, especialmente se pautada em dogmas, não configura
motivação capaz de sustentar a proibição de publicidade estatal, “em
especial violando o singular conjunto de direitos e garantias
fundamentais que viola”.
Fonte: Estadão
MPF ACUSA GOVERNO FEDERAL DE CENSURA, RACISMO E HOMOFOBIA POR VETAR PROPAGANDA DO BANCO DO BRASIL
Reviewed by CanguaretamaDeFato
on
10.5.19
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