Ministério Público Federal (MPF) Processa Ministro da Educação de Bolsonaro e Pede R$ 5 milhões por Dano Moral a Alunos e Professores
Imagem: Renato Costa – Estadão
O MPF (Ministério Público Federal) informou hoje que ajuizou uma ação
civil pública na Justiça Federal do Rio Grande do Norte contra o
ministro da Educação, Abraham Weintraub, e a União por danos morais
coletivos. O motivo foram as condutas praticadas pelo titular do MEC
desde que assumiu a pasta, em abril, com falas consideradas ofensivas a
alunos e professores.
O MPF pede R$ 5 milhões em caso de condenação. O caso será agora analisado pela 10ª Vara Federal de Mossoró.
Apesar de incluir a União, o MPF assegura que há uma
“responsabilização direta do ministro, pois, uma vez comprovado o dolo,
não há necessidade de demandar unicamente o ente público”.
Na ação, os procuradores citam diversas declarações que seriam
preconceituosas do ministro, entre elas estão a declaração dada em
entrevista em 30 de abril, quando ele falou que “universidades que, em
vez de procurar melhorar o desempenho acadêmico, estiverem fazendo
balbúrdia, terão verbas reduzidas”.
“Vontade discriminatória”
Para o MPF, a fala demonstra “clara vontade discriminatória por parte
do réu, pois as universidades inicialmente retaliadas pelo MEC
atingiram ótimo desempenho”, diz a ação, com base em rankings de
avaliação do ensino superior, como Times Higher Education.
“Sua Excelência classificou o ambiente acadêmico e, portanto, os
respectivos estudantes e professores como pessoas afetas a algazarra,
confusão, desordem ou tumulto. Perceba-se que a consequência que Sua
Excelência atribuiu a eventuais atos que, a seu juízo, configurariam
balbúrdia não foi responsabilizar e individualizar os autores, mas sim
atingir a todas as universidades com o citado corte de gastos MPF no Rio
Grande do Norte.”
Em 20 de maio, o MPF lembra de outro fato e alega que Weintraub, em
reunião com reitores e membros da bancada parlamentar do Rio Grande do
Norte, propôs que “se chamasse o CA e o DCE” para realização dos
serviços. Os CAs (centros acadêmicos) e DCEs (diretórios centrais dos
estudantes) são órgãos de representação dos alunos, e para os
procuradores, a prestação desses serviços pelos seus integrantes seria
ilegal.
“O exercício de atividade de limpeza e manutenção não é compatível
com as atividades de ensino, pesquisa e extensão. A proposta parte da
premissa inafastável de que, para Sua Excelência, os respectivos alunos
são desocupados, não realizando a contento as atividades de ensino,
pesquisa e extensão a ponto de ostentarem tempo livre para, ilegalmente,
exercerem tarefa que cabe à Administração”, afirma a ação.
Dois dias depois, em uma audiência na Comissão de Educação na Câmara
dos Deputados, o MPF lembra que o ministro se recusou a pedir desculpas
por usar o termo “balbúrdia” ao se referir às universidades federais.
“Eu não tenho problema nenhum em pedir desculpas, mas esse não”, disse.
Ministério Público Federal (MPF) Processa Ministro da Educação de Bolsonaro e Pede R$ 5 milhões por Dano Moral a Alunos e Professores
Reviewed by CanguaretamaDeFato
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30.5.19
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