Foto: Reprodução
Após
os protestos que reuniram mais de 1 milhão de pessoas em diversas
cidades do Brasil, jornais internacionais destacaram a primeira grande
manifestação popular contra o governo de Jair Bolsonaro.
Para o The Wall Street Journal, o presidente “luta para manter sua
popularidade enquanto se defende de uma profunda crise fiscal”.
“Este
é o primeiro protesto nacional contra o presidente de extrema-direita
Jair Bolsonaro desde que assumiu o cargo em janeiro”, afirmou o francês Le Monde.
Segundo as entidades organizadoras do movimento, que protesta contra
cortes nas verbas da educação promovidos pelo governo, as manifestações
aconteceram nos 26 estados e no Distrito Federal, em diferentes
proporções.
De acordo com a União Nacional dos Estudantes (UNE),
que convocou os atos, 1,5 milhão de pessoas foram aos protestos. Novas
manifestações devem ocorrer em 30 de maio. A imprensa estrangeira também
destacou a reação do presidente brasileiro aos
atos e suas declarações controversas sobre os manifestantes. “O
impetuoso líder da direita chamou os manifestantes de ‘idiotas úteis’
depois que dezenas de milhares de pessoas marcharam pela capital
Brasília e por todos os 26 estados brasileiros”, diz a matéria do Wall Street Journal.
Em entrevista durante sua viagem a Dallas, nos Estados Unidos, Bolsonaro
também afirmou ver os protestos como algo “natural” e disse que “a
maioria ali (na manifestação) é militante”. “Se você perguntar quando é
sete vezes oito para eles não sabem, não sabem nada”, disse. “São uns
idiotas úteis que estão sendo usados como massa de manobra de uma
minoria espertalhona que compõe o núcleo das universidades federais”,
completou.
“Uma manifestação pacífica de milhares de pessoas no
centro do Rio de Janeiro tornou-se violenta quando o protesto estava
terminando, com agressores incendiando um ônibus e atirando fogos de
artifício contra a polícia, que respondeu com gás lacrimogêneo para
dispersar a multidão”, relatou o jornal britânico Telegraph.
Para o The Guardian, as marchas marcam um momento de tensão na administração de Bolsonaro,
“cujos números [de aprovação] nas pesquisas estão caindo enquanto ele
luta contra uma economia fraca, desemprego crescente, uma coalizão
indisciplinada no Congresso e lutas internas em seu gabinete”.
“Especialistas
em educação, professores e estudantes dizem estar particularmente
preocupados com o congelamento de 30% dos orçamentos direcionados às
universidades federais, dinheiro usado para pagar contas de serviços
públicos, segurança, limpeza e manutenção”, explicou o The New York Times, que reproduziu uma nota da agência Associated Press.
O Washington Post
afirma que, desde a campanha presidencial, o líder brasileiro fala em
melhorar a educação do Brasil por meio da supressão da “ideologia
marxista” nas salas de aula e do aumento da segurança. “Uma vez no
gabinete presidencial, Bolsonaro falou em planos de revisar os livros
didáticos escolares para eliminar referências ao feminismo,
homossexualdade e violência contra as mulheres”, diz o diário americano.
A
imprensa internacional também lembrou que, ao mesmo tempo em que os
protestos tomavam as ruas do Brasil, o ministro da Educação foi
convocado a participar de uma sessão na Câmara dos Deputados para
explicar as últimas decisões tomadas pelo governo. “Em uma audiência no
Congresso sobre a decisão do MEC, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, disse: ‘Não há cortes, apenas contingências’”, relatou a emissora do Catar Al Jazeera.
O argentino Clarín destacou
uma declaração do ministro da Economia sobre as previsões para o
crescimento do PIB brasileiro. “Paulo Guedes disse na terça-feira que a
economia brasileira está ‘no fundo do poço’ e que haverá uma revisão da
previsão de crescimento para este ano, e que por isso poderia haver mais
cortes no orçamento nacional”, relatou.
“A atividade econômica do
Brasil fechou em negativo no primeiro trimestre e ontem o Banco Central
antecipou um indicador considerado uma ‘prévia do PIB’, que suscita
temores sobre a desaceleração da economia”, completou o Clarín.
IMPRENSA INTERNACIONAL DESTACA PROTESTOS NO BRASIL CONTRA BOLSONARO POR CORTES NA EDUCAÇÃO
Reviewed by CanguaretamaDeFato
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16.5.19
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