Manifestantes em defesa de Jair Bolsonaro em Brasília: STF e Congresso foram alvos de ataques(Pedro Ladeira/Folhapress)
Os protestos a favor do governo, coisa típica ou de ditaduras ou de governo que estão caindo — e não vivemos nem uma coisa nem outra —, foram pífios?
Resposta: não!
Conseguiram ombrear com os havidos no dia 15, em defesa da educação, com um acento à esquerda?
Resposta: não!
O presidente Jair Bolsonaro, com o resultado de hoje, está em situação desesperadora, perdido em seu labirinto?
Resposta: não!
As ruas lhe deram espaço para arrancar do Congresso o que bem entender, ou então virá o que os idiotas chamam "uma revolução"?
Resposta: não!
Acontece que todas essas perguntas são mais ou menos irrelevantes para o que se tem e para o que virá. E agora uma constatação inescapavelmente ruim para Bolsonaro, partindo de uma premissa óbvia: se os que foram hoje às ruas são a expressão do apoio que tem o presidente cinco meses depois da posse, então se pode falar sem medo de errar: com essa tropa, ele não ganharia a eleição se ela se realizasse hoje. Eis o dado nada irrelevante: isso significa que ele tem, sim, uma turma aguerrida, mas em número obviamente decrescente.
Querem outra evidência importante? Como os "bots", os robôs, não têm carne e osso, não têm presença física, contata-se que a expressão nas ruas do bolsonarismo é muito menor do que a presença nas redes sociais. Qualquer um que se transforme em alvo da difamação da "máquina" — cujos mecanismos de financiamento e estrutura, dentro e fora do país, ainda têm de ser investigados pela imprensa — sabe bem do que estou falando.
Bolsonaro e os bolsonaristas estão por aí a dizer que as ruas deram um recado importante e coisa e tal… Deram, sim! Se sobrar ainda ao presidente e sua turma um pouco de lucidez e apego à objetividade, a resposta é esta: "Nosso cacife é bem menor do que pensávamos. Mesmo o presidente tendo denunciado uma conspiração que o impediria de governar e, na prática, convocando uma manifestação a seu favor e contra o Congresso e o Supremo, perdemos feio para os críticos do governo. Não estamos sozinhos, mas não temos tropa para impor a nossa agenda — tão logo, claro!, a gente tenha uma agenda".
Bolsonaro prestou, assim, um grande favor a seus adversários: demonstrar que o diabo é bem menos feio do que se pinta. Reiterando tudo o que já se constatou sobre o arrenegado, o cramulhão, o zarapelho, a realidade está muito distante do mito.
Mais uma pergunta e uma resposta para saber se o presidente ganhou ou perdeu com as manifestações deste domingo: depois delas, há alguma razão para que Congresso e Supremo temam as ruas mais do que eventualmente temiam antes?
A resposta inequívoca é esta: não!
Então Bolsonaro perdeu.
Ainda que seus robôs insistam no contrário.
SOBRE O AUTOR
Fonte: UOL, Reinaldo Azevedo
Bolsonaro Ganhou ou Perdeu com as Manifestações?
Reviewed by CanguaretamaDeFato
on
27.5.19
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