O papa Francisco
afirmou, em uma entrevista transmitida neste domingo, 31, compreender
quem o critica por não agir com maior contundência contra a pedofilia na
Igreja, mas defendeu ter iniciado um “processo de cura” que levará “seu
tempo”.
Um mês depois da histórica cúpula organizada no Vaticano para abordar a delicada questão dos abusos a menores na Igreja, o pontífice foi perguntado na rede espanhola La Sexta sobre os resultados de tal encontro, decepcionantes para muitas das vítimas.
“Entendo
eles, porque às vezes você busca resultados que sejam fatos concretos,
no momento”, afirmou Francisco.”Se eu tivesse enforcado cem padres na
praça de São Pedro, diriam: ‘Que bom, há um fato concreto!’. Teria
ocupado espaço, mas meu interesse não é ocupar espaço, mas iniciar
processos de cura”, continuou.
“As coisas concretas na cúpula foram iniciar processos, e isso leva seu tempo”, insistiu o pontífice. Francisco reconheceu que durante muito tempo a tendência na Igreja foi esconder estes casos, o que facilitou sua propagação.
“Até
o dia em que explodiu escandalosamente o assunto de Boston, a
hermenêutica era […] cobrir, tapar, evitar males futuros como se faz nas
famílias”, admitiu. Mas “desde a época de Boston diminuíram as coisas
na igreja, o que quer dizer que se tomou uma consciência distinta, um
proceder distinto”, afirmou.
Na mesma entrevista, Francisco lamentou a atitude da Europa em relação aos migrantes e criticou que tenham se esquecido de quando seus cidadãos migraram para a América fugindo da Segunda Guerra Mundial. “A mãe Europa se tornou avó demais, envelheceu de repente”, lamentou o pontífice argentino.
“Para mim, o maior
problema da Europa é que se esqueceu de quando, depois da guerra, seus
filhos iam bater nas portas da América”, continuou o Papa.
Francisco,
que durante seu mandato se pronunciou frequentemente em favor dos
refugiados e dos migrantes, disse sentir “muita dor” ante os milhares de
migrantes mortos no Mediterrâneo e não compreender “a injustiça de quem
fecha a porta para eles”.
Também lançou uma advertência aos que, como o presidente americano Donald Trump, propõem construir muros para deter o fluxo de migrantes.
“Quem
levanta um muro termina prisioneiro do muro que levantou, isso é lei
universal, se dá na ordem social e na ordem pessoal (…) As alternativas
são as pontes, construir pontes”, afirmou
#Fonte: AFP via Estadão
PAPA FRANCISCO DIZ TER INICIADO A CURA DA PEDOFILIA NA IGREJA
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