Envolto em contínua crise política e sem assistir a uma melhora na
economia, Jair Bolsonaro (PSL) registra a pior avaliação após três meses
de governo entre os presidentes eleitos para um primeiro mandato desde a
redemocratização de 1985.
Segundo o instituto, 30% dos brasileiros consideram o governo de
Bolsonaro ruim ou péssimo, índice semelhante ao daqueles que consideram
ótimo ou bom (32%) ou regular (33%). Não souberam opinar 4% dos
entrevistados.
O instituto ouviu 2.086 pessoas com mais de 16 anos em 130 municípios
nos dias 2 e 3 de abril. A margem de erro é de dois pontos percentuais
para mais ou para menos.
Antecessores de Bolsonaro nas mesmas condições tiveram melhor
desempenho. Fernando Collor (então no PRN) era reprovado por 19% em
1990, enquanto Fernando Henrique Cardoso (PSDB) marcava 16% de índices
ruim ou péssimo em 1995.
Os petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, alvos
frequentes de críticas do atual presidente, eram mal avaliados apenas
por 10% e 7% da população ao fim dos primeiros três meses do governo.
Na série histórica, Dilma é quem teve numericamente a melhor avaliação a esta altura do mandato, com 47% de ótimo/bom em 2011.
Não se comparam aqui os primeiros trimestres de presidentes
reeleitos, pois suas imagens já passaram pela exposição de todo um
governo além dos três meses: Lula se mantinha com uma rejeição
confortável (14%), FHC amargava 36% e Dilma já começava a viver o
inferno político que a derrubaria do cargo em 2016, com 60% de ruim e
péssimo.
Os vices que assumiram desde a redemocratização também não são
comparáveis —a aferição de Michel Temer (MDB) não foi feita, enquanto
Itamar Franco tinha 11% de ruim/péssimo nesse intervalo.
Antes da posse, 65% esperavam que Bolsonaro fizesse um governo ótimo ou bom, 17%, regular, e 12%, ruim ou péssimo.
Os índices já eram os piores entre os presidentes eleitos para primeiro mandato desde a redemocratização.
Agora, a expectativa é positiva para 59%, mediana para 16% e negativa para 23%.
Nesses primeiros meses, Bolsonaro viveu diversos episódios de
desgaste político: a investigação sobre milícias envolvendo o gabinete
de seu filho Flávio na Assembleia do Rio, as candidaturas de laranjas de
seu partido, os entrechoques entre militares e a ala do governo sob
influência do escritor Olavo de Carvalho, a crise no MEC, a troca de
farpas com o Congresso e a dificuldade no encaminhamento da reforma da
Previdência.
A economia segue em ritmo lento, e a taxa de desemprego subiu em relação ao trimestre passado —está em 12,4%.
Assim, para 61% dos ouvidos, Bolsonaro fez menos do que se esperava
no exercício do cargo. Já 13% consideram que ele fez mais, enquanto 22%
avaliam que ele fez o que era esperado. Entre os descontentes, a
predominam pessoas mais pobres e menos escolarizadas.
Nessa comparação, ele também perde para os primeiros mandatos de Lula
e de Dilma, que tiveram o mesmo tipo de mensuração pelo Datafolha. Em
2003, o petista fez menos do que poderia para 45%, e em 2011 a
ex-presidente pontuou 39% no quesito.
A aprovação de Bolsonaro é maior entre os homens (38%) do que entre as mulheres (28%).
O comportamento do presidente, que se envolveu em polêmicas como a
divulgação de um vídeo pornográfico para criticar o que seriam abusos
nas ruas durante o Carnaval, é avaliado como correto por 27% dos
ouvidos.
Já outros 27% acham que Bolsonaro na maioria das vezes se posiciona
de forma adequada, mas às vezes não. No lado negativo, 20% pensam que na
maioria das vezes o presidente é inadequado, e 23% dizem que ele nunca
se comporta como o cargo exige.
Há sinais de alerta para o bolsonarismo em dois grupos que apoiaram
consistentemente o então candidato durante a campanha de 2018.
Os que ganham mais de 10 salários mínimos e os que têm curso superior
registram numericamente também a maior rejeição ao governo até aqui:
37% e 35%, respectivamente, avaliam a gestão como ruim ou péssima.
Esses grupos também registram a maior aprovação, 41% (empatada
tecnicamente com os 43% dos que ganham de 5 a 10 salários mínimos) e 36%
de ótimo/bom (empatada tecnicamente com os 33% de quem tem ensino
médio), indicando assim uma polarização entre o eleitor mais elitizado.
Os mais pobres (até 2 salários mínimos) são os menos contentes, com 26% de ótimo e bom.
Já o eleitorado evangélico (34% da população) segue mais entusiasmado
com o presidente, que é católico, mas foi batizado por um pastor e é
fortemente associado ao setor. Acham o governo até aqui ótimo ou bom 42%
desse segmento, índice que cai a 27% entre católicos (50% dos
brasileiros).
Brancos são os que mais aprovam Bolsonaro (39%), enquanto pretos e
pardos são os que mais desaprovam (29% para cada um dois grupos).
Ainda não há uma reversão na divisão geográfica do apoio ao
presidente. O Sul, sua principal fortaleza em 2018, deu a maior
aprovação a ele neste levantamento: 39% (empatado com os 38% do
Centro-Oeste/Norte), contra 22% de desaprovação.
O Nordeste é a região que mais rejeita o governo, com 39% de
ruim/péssimo e 24% de ótimo/bom. Também lá existe a menor expectativa
positiva: 50%.Folhapress
O PIOR! Aos 100 dias, Bolsonaro Tem a Pior Avaliação Entre Presidentes de 1º mandato
Reviewed by CanguaretamaDeFato
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7.4.19
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