A
governadora Fátima Bezerra participou neste sábado, 06, na Universidade
de Harvard, em Boston, nos Estados Unidos da América, da Brazil
Conference at Harvard & MIT. A governadora, a convite do evento,
debateu o tema “Caminhos para uma educação pública de qualidade”.
Além de Fátima Bezerra, a conferência reuniu o ex-secretário
executivo do Ministério da Educação e Cultura, Luiz Antonio Tozi, Débora
Garofalo, professora paulista que desenvolveu método de ensino de
tecnologia com equipamentos coletados no lixo e Paula Lozano, professora
de Harvard/Stanford e da universidade Diego Portales, no Chile, com
mediação de Julia Callegari.
Os debatedores criticaram a indefinição das prioridades para a
educação no Brasil para 2019 e os desacertos na equipe nomeada para a
gestão do MEC que em apenas três meses sofreu 14 substituições.
A governadora do RN, questionada sobre o papel do MEC, afirmou que “é
exercer a articulação junto aos estados e municípios para a execução de
uma política educacional em sintonia com o Plano Nacional de Educação,
que está ameaçado. As ameaças começaram com a emenda 95 que limitou os
gastos nas áreas sociais à inflação do ano anterior. Isso praticamente
congela os gastos nas áreas sociais por 20 anos. Educação não pode ser
encarada como gasto, mas sim como investimento”.
Fátima Bezerra também considerou ameaça à educação pública o anúncio
do Ministro da Economia, Paulo Guedes, de enviar ao Congresso Nacional
proposta de emenda à Constituição para desvincular as receitas gerais da
União. “A desvinculação geral das receitas orçamentárias vai de
encontro ao que existe hoje quando 25% de tudo que é arrecadado pelos
estados e municípios tem que ser destinado à educação”.
Ela explicou que, com os demais governadores dos estados do Nordeste,
vai propor junto a todos os governadores do Brasil a discussão sobre o
novo Fundeb – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica,
criado em 2006 e que termina em 2020. “Dia 23 próximo, em Brasília,
teremos nova reunião do fórum dos governadores do Brasil, ocasião na
qual vamos apresentar proposta para o novo Fundeb, sem prazo de
validade, fazendo com que ele se constitua em uma política de estado
permanente”, explicou a governadora do RN.
Fátima também considerou importante ampliar a participação financeira
do governo federal junto aos estados e municípios. “No caso do Fundeb,
hoje o governo federal entra com apenas 0,2% do PIB, o que dá um
montante de R$ 14 bilhões. Isso é insuficiente diante das demandas que
nós temos dos planos estaduais e municipais de educação”.
Em referência aos indicadores sociais da educação, a governadora
considerou que “tivemos avanços importantes nas duas últimas décadas,
mas temos uma longa caminhada pela frente. Temos o desafio de melhorar
os Idebs, melhorar a aprendizagem para conduzirmos a educação pública a
um patamar de ótima qualidade”.
Ela ainda se referiu à questão da
remuneração dos educadores: “Moramos em um país onde o professor de
nível superior ganha em média 40% a menos do que profissionais de outras
categorias com o mesmo nível. Isso nos levou, quando do debate do Plano
Nacional de Educação, a escrever metas que estipulam prazo para que o
estado brasileiro possa equiparar o salário dos professores aos demais
profissionais de forma equivalente. Educação não pode ser encarada como
um gasto, mas como investimento”.
Fátima Bezerra, que também é professora, ressaltou a importância da
autonomia dos professores nas redes de ensino. “Vemos hoje que até isso
está em risco. A autonomia é princípio básico para o trabalho docente,
ao trabalho pedagógico e ao processo de gestão democrática da escola.
Infelizmente a liberdade de cátedra, prevista na nossa Constituição, que
traduz e garante o direito da liberdade de ensinar, a liberdade de
aprender, a pluralidade do debate das ideias no interior da escola, está
seriamente ameaçada por projetos de lei que estão tramitando no
Congresso Nacional e, inclusive, em algumas assembleias legislativas e
câmaras municipais. A escola tem como uma das funções mais primordiais
promover o debate para que possamos ter todos os pontos de vista”.
A governadora ainda acrescentou: “A escola tem que ensinar a vida
como ela é. Tratar de um país que apresenta desigualdades sociais
profundas, um país que infelizmente ainda nega o direito à cidadania e à
dignidade a amplas parcelas da população”.
Governadora do RN Discute no Estados Unidos Caminhos para Educação Pública de Qualidade
Reviewed by CanguaretamaDeFato
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