Sem informar detalhes, a Santa Sé informou na manhã deste sábado (23)
que o papa Francisco aceitou o pedido de renúncia do cardeal chileno
Ricardo Ezzati, 77.
Segundo informações das agências internacionais, Ezzati foi acusado
de supostamente encobrir casos de abuso sexual infantil em sua diocese,
revelados em maio passado.
Em uma situação similar na terça (19), o papa alegou “presunção de
inocência” e rejeitou o pedido de demissão do cardeal francês Philippe
Barbarin, condenado por ocultar casos de abuso sexual de menores.
Com a renúncia de Ezzati, foi nomeado para a posição de arcebispo de
Santiago um administrador apostólico. Até o momento, o papa já aceitou a
renúncia de sete bispos chilenos.
Na sexta (22), a Justiça chilena negou o pedido de Ezzati de insenção das acusações.
“Reitero meu compromisso e o da Igreja de Santiago pelas vítimas,
pela busca da verdade e pelo respeito à justiça civil. Estou certo de
que nunca cobri ou obstruí a justiça e, como cidadão, cumprirei o meu
dever de fornecer toda a informação que ajude a esclarecer os fatos “,
disse o cardeal em declaração feita em julho de 2018.
Ezzati foi nomeado bispo por João Paulo II em 1996. Bento XVI o
nomeou arcebispo de Santiago do Chile em 2010 e o Papa Francisco o
nomeou cardeal em 2014.
Em uma carta aos fieis chilenos divulgada em maio de 2018, Francisco
disse estar envergonhado que nem ele nem os líderes católicos do Chile
tenham verdadeiramente escutado às vítimas de abuso sexual por parte de
religiosos chilenos.
Na época, o papa recebeu a renúncia coletiva de 34 bispos chilenos,
fato inédito na história da Igreja Católica. Nenhum outro papa falou
publicamente sobre práticas de acobertamento na igreja.
Na última década, o Vaticano focou suas investigações em punir
aqueles religiosos acusados de abuso, mas ignorou os bispos ou outros
superiores que transferiam pedófilos de paróquia em paróquia sem
removê-los da igreja ou denunciá-los à polícia.
Em 2010, o então papa Bento 16 criticou bispos irlandeses pela
“resposta frequentemente inadequada” aos casos de abuso. Mas o pontífice
alemão nunca falou de um sistema de poder dedicado a proteger
molestadores e a se esquivar das vítimas.
Papa Aceita Renúncia de Cardeal Chileno Acusado de Envolvimento em Escândalo Sexual
Reviewed by Canguaretama De Fato
on
23.3.19
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