O
Ministério da Educação (MEC) criou nesta quarta-feira uma comissão com
três pessoas para avaliar as questões do Exame Nacional do Ensino Médio
(Enem).
O grupo inclui um ex-aluno do ministro Ricardo Vélez Rodríguez
e terá acesso ao ambiente de segurança máxima onde ficam as perguntas
da prova para “verificar sua pertinência com a realidade social, de modo
a assegurar um perfil consensual do exame”, segundo o ministério.
A
comissão tem dez dias para dar um parecer e dizer quais questões ficam e
quais serão retiradas do maior vestibular do País. O MEC nega que se
trate de censura. Se o grupo considerar que a questão dever ser
eliminada, o diretor de Avaliação da Educação Básica do Instituto de
Estudos e Pesquisas Educacionais do MEC (Inep), Paulo Cesar Teixeira, junto com a equipe técnica especialista em exames do órgão, ainda poderá discordar. Nesse caso, o presidente do Inep, Marcus Vinícius Rodrigues, decidirá se a questão sai ou fica. Teixeira é ligado a Igreja Católica. Rodrigues foi indicação dos militares.
Os membros da comissão são Marco Antônio Barroso Faria, ex-aluno de Vélez, que é secretário de Regulação e Supervisão da Educação Superior no MEC, o representante do Inep, Antônio Maurício Castanheira das Neves e um membro da sociedade civil, Gilberto Callado de Oliveira, procurador de Justiça do Ministério Público de Santa Catarina, também indicado por Vélez.
Callado de Oliveira,
em entrevista dada a uma revista da Igreja Católica, afirmou que há uma
ação ideológica na comunidade do pensamento jurídico brasileiro. “Os
motivos são vários, mas destaco a contaminação ideológica nas
universidades, que vêm formando juristas e políticos com mentalidade
cada vez mais liberal e esquerdizante”, afirmou.
Barroso Faria é formado em Filosofia. Teve mestrado e doutorado em Ciência da Religião orientados por Vélez na Universidade Federal de Juiz de Fora. Castanheira é psicólogo, com doutorado em Filosofia, e atualmente é diretor no Inep.
O presidente Jair Bolsonaro
já criticou algumas vezes as questões do Enem e disse que ele mesmo
veria a prova antes de ser feita pelos alunos. Ele não gostou de uma
pergunta no último exame que falava de um dialeto usado por transexuais.
Segundo portaria publicada hoje pelo Inep, os membros da comissão
assinarão Termo de Compromisso de Confidencialidade e Sigilo sobre o que
verão no ambiente seguro onde ficam as questões. Para entrar na área,
que fica no prédio do Inep, é preciso passar por um scanner de corpo,
deixar celulares fora e ter o nome autorizado.
Um dos nomes que
inicialmente havia sido pensado para a comissão era de Murilo Resende,
hoje assessor no MEC. Ele chegou a ser nomeado para comandar a diretoria
no Inep que faz o Enem, mas após repercussão negativa, foi retirado do
órgão.
O Estado apurou que o Inep não queria Resende na
comissão e por isso ele acabou ficando de fora. Em uma audiência
pública no Ministério Público Federal, em 2016, sobre “Doutrinação
Político-Partidária no Sistema de Ensino” ele afirmou que professores
brasileiros são desqualificados e manipuladores, que tentam roubar o
poder da família praticando a “ideologia de gênero”. Resende também não
tem experiência em avaliações.
Quando ele foi indicado para o cargo no Inep, o filho do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro
defendeu a indicação. Ele disse que os alunos não precisariam mais
saber “sobre feminismo, linguagens outras que não a língua portuguesa ou
História conforme a esquerda” já que o Enem estaria “sob a égide de
pessoas da estirpe de Murilo Resende“.
O Enem
será realizado neste ano nos dias 3 e 10 de novembro. No ano passado,
teve cerca de 6 milhões de inscritos. A prova seleciona para vagas nas
universidades púbicas e particulares do País.
#Fonte: Estadão
MEC CRIA COMISSÃO PARA VIGIAR ENEM, MAS NEGA CENSURA
Reviewed by Canguaretama De Fato
on
20.3.19
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