Com Enredo Politizado, Mangueira é a Campeã do Carnaval 2019 do Rio de Janeiro














A Estação Primeira de Mangueira é a campeã do Carnaval 2019 do Rio de Janeiro. A escola, que apostou no enredo politizado "História para ninar gente grande", conquistou 270 pontos, a nota máxima possível na apuração, e comemora seu 20º título.





Na Sapucaí, a taça de campeã foi erguida por Robson Negão, porteiro do barracão, já que o presidente da escola, Chiquinho da Mangueira, está em prisão domiciliar -- ele foi preso no final do ano passado na operação Furna da Onça.

A disputa foi acirrada com a Unidos do Viradouro, que ficou em segundo lugar, com 269,7 pontos. A Beija-Flor, campeã do ano passado, terminou na 11ª posição (de 14 escolas, no total), com 267,6 pontos.

Com o samba mais badalado do Carnaval 2019, a Mangueira entrou na avenida com pinta de favorita. Com um desfile de visual irrepreensível e evolução emocionada, a verde e rosa saiu da Sapucaí aos gritos de campeã. Desde os primeiros momentos, o desfile arrebatou o público.






Estreante no posto que um dia foi de Jamelão, o intérprete Marquinho Art'Samba estava emocionado. "Minha família é mangueirense. Cresci com aquele referência: Jamelão, Jamelão, Jamelão. E hoje estou na escola do mestre, ganhando um título", disse ao UOL.

"A gente passou a mensagem que a gente queria, não só para o Brasil, mas para o mundo inteiro. A valorização da nossa raça, os verdadeiros desbravadores da história do nosso país. Essa vitória é pro povo preto", falou Evelyn Bastos, rainha de bateria da Mangueira, em entrevista à Globo logo após o anúncio da campeã.

A escola volta à Sapucaí no próximo sábado (9) para o Desfile das Campeãs, junto com as outras cinco primeiras colocadas do Grupo Especial: Unidos do Viradouro, Vila Isabel, Portela, Salgueiro e Mocidade Independente de Padre Miguel.

O desfile da Mangueira

O samba-enredo do carnavalesco Leandro Vieira, que há três anos venceu o Carnaval com um enredo em homenagem a Maria Bethânia, trouxe luz para personagens importantes que praticamente não foram abordados pelos livros de história, como Dandara, Luiza Mahin e Sepé Tiaraju. Dois dos maiores nomes do samba desfilaram pela Mangueira na Sapucaí: Alcione representou Dandara, uma guerreira negra do período colonial que preferiu o suicídio a voltar a viver como escrava; já Nelson Sargento surgiu na avenida como Zumbi dos Palmares.

Homenageada em São Paulo pela Vai-Vai e no Rio pela Vila Isabel, Marielle Franco (PSOL) também se fez presente na Mangueira. A viúva da vereadora, Mônica Benício, desfilou na ala especial e apareceu com uma camiseta escrita "lute como Marielle". Quem também esteve no desfile foi o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL).

A bateria e a comissão de frente, que tiraram a escola da disputa do título em 2018, tiveram novos comandantes este ano.

Na comissão de frente, assinada por Rodrigo Negri e Priscila Mota, os personagens da história oficial foram anões e tinham seus livros rasgados por índios e negros. A cantora mirim Cacá Nascimento, que participou da gravação do samba ainda nos tempos de disputa, surgiu com um livro novo, nas cores da Mangueira, e abriu a palavra "presente", levando a plateia ao delírio.

A bateria de Mestre Wesley foi outro destaque. Com uma bossa em que uma marcha militar vira um típico batuque africano, fez as arquibancadas explodirem em delírio. Ao final, uma bandeira gigante do Brasil nas cores da escola, carregado por ativistas, clamava pela igualdade.

O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Matheus Olivério e Squel Jorgea, teve um desempenho irrepreensível, o que refletiu nas notas: receberam 10 de todos os jurados.



#Fonte: Uol


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