COAF: Filha de Queiroz Repassou 80% de Salário na Câmara Quando Era do Gabinete de Jair Bolsonaro para o Pai
Um novo relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras ( Coaf )
enviado ao Ministério Público do Rio (MP-RJ) mostra outras
movimentações atípicas na conta corrente de Nathália Melo de Queiroz,
filha de Fabrício Queiroz e ex-assessora do presidente Jair Bolsonaro quando ele era parlamentar na Câmara dos Deputados.
Entre junho e novembro do ano passado, a conta de Nathália recebeu o
montante de R$ 101 mil, entre o salário na Câmara e outros rendimentos.
Deste total, ela repassou para seu pai R$ 29,6 mil, o equivalente a 80%
do total de R$ 36,6 mil que ganhou como assessora de Jair Bolsonaro.
Queiroz é investigado pelo MP-RJ em apuração sobre possível prática
de “rachadinhas” na Assembleia Legislativa do Rio — quando servidores
devolvem parte dos salários aos deputados que os nomearam. Em fevereiro,
o ex-assessor confirmou em depoimento por escrito que servidores do
gabinete de Flávio Bolsonaro devolviam parte do salário e que esse
dinheiro era usado para ampliar a rede de colaboradores junto à base
eleitoral do então deputado.
O nome de Nathália veio à tona pela primeira vez quando um relatório
do Coaf apontou que seu pai movimentou R$ 1,2 milhão de entre 2016 e
2017. O documento identificou que ela fez repasses a Queiroz em um total
de R$ 97,6 mil ao longo do ano de 2016, quando ainda era assessora de
Flávio na Alerj.
Incompatibilidade
De setembro de 2007 até dezembro de 2016, a filha de Queiroz foi
funcionária do deputado na Alerj. Nesse período, foi da liderança do PP,
do setor de notas taquigráficas e, a partir de 2011, servidora do
gabinete de Flávio.
Depois disso, ela foi lotada no gabinete do então deputado Jair
Bolsonaro na Câmara — tendo sido exonerada em outubro, no mesmo dia em
que seu pai deixou o gabinete de Flávio.
O novo relatório do Coaf também registra como ocorrência que a
movimentação financeira de Nathália no período é “aparentemente
incompatível com a capacidade financeira da cliente”. Além disso, o
órgão aponta como ocorrência ainda o “uso do dinheiro em espécie” para
“inviabilizar a identificação da origem e real destino dos recursos”.
Nesse período, ela efetuou 23 saques em dinheiro no total de R$ 11.950.
O documento do Coaf explica que 75% do valor que entrou na conta de
Nathália foi por meio de transferências eletrônicas, o que demonstraria o
trabalho dela fora da política. Em dezembro, a TV Globo revelou que
Nathália atuava como personal trainner no Rio de Janeiro na mesma época
em que era lotada em Brasília.
Em um relatório da Divisão de Laboratório de Combate à Lavagem de
Dinheiro e à Corrupção do MP, é descrito que ela foi registrada como
funcionária de três academias no Rio. Entre 2011 e 2012, na Norte
Fitness Center. Na Sports Solution Academia entre 2016 e 2017 e há um
vínculo aberto ainda com a Bodytech. Mesmo assim, o gabinete de Jair
Bolsonaro atestou oficialmente sua frequência prevista em lei de 40
horas semanais sem jamais faltar ou tirar licença, como informou a rádio
CBN. Procurado, o Palácio do Planalto não retornou.
O advogado Paulo Klein, que atua na defesa de Queiroz e suas filhas,
diz que Nathália trabalhava com serviços de mídias sociais, à distância,
e que os repasses para o pai foram combinados já que Fabrício Queiroz
geria os recursos da família.
Outras movimentações
O Coaf também emitiu relatório sobre dois ex-assessores de Flávio. Na
análise sobre o tenente-coronel Wellington Sérvulo Romano da Silva, foi
registrado que ele movimentou R$ 1,59 milhão de janeiro de 2015 até o
ano passado.
A comunicação ocorreu depois que a TV Globo mostrou que ele passou
248 dias em Portugal quando era funcionário da Alerj. Como ocorrência, o
conselho aponta “movimentações atípicas de recursos”.
Dos R$ 798 mil que entraram na conta de Sérvulo, o Coaf registra que a
maior parte é oriunda de salários, e que ele repassou os valores quase
integralmente a outra conta bancária em seu nome. Na Alerj, ele recebia
R$ 5.486,76. Ao banco onde possui conta, declarou renda de R$ 12.998,87.
Silva foi exonerado em setembro de 2016. Até então, a Alerj jamais
foi informada sobre qualquer licença. Flávio Bolsonaro disse que a
ausência ocorreu devido a férias que o militar acumulou direito de
tirar. Em 2016, Silva repassou a Queiroz R$ 1,5 mil. Procurado, ele não
retornou.
Já sobre o inspetor Jorge Luis de Souza, o Coaf registrou como
movimentação atípica um depósito em dinheiro de R$ 90 mil em 23 de março
do ano passado. O órgão, no entanto, diz que não há análise de mérito
desse caso. Ao longo de 2016, ele repassou a Queiroz R$ 3.140,00.
Procurado, ele não quis se pronunciar.
#Fonte: O GLOBO
COAF: Filha de Queiroz Repassou 80% de Salário na Câmara Quando Era do Gabinete de Jair Bolsonaro para o Pai
Reviewed by Canguaretama De Fato
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20.3.19
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