CLIMA DE VIOLÊNCIA! Massacre no Colégio de Suzano/SP Revela Culto às Armas e Estado de Barbárie, Dizem Especialistas
Especialistas ouvidos pelo GLOBO avaliam que o ataque à Escola
Estadual Raul Brasil, em Suzano, exige reflexões sobre violência que vão
além de facilitar ou dificultar o acesso a armas de fogo. Com os
atiradores Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos, e Luiz Henrique de
Castro, de 25 anos, foram encontrados itens variados, como um revólver
calibre .38 com numeração raspada, machados, equipamento para preparar
coquetéis molotov e uma balestra — misto de espingarda com arco e
flecha.
A origem dos armamentos ainda não foi totalmente esclarecida. Paulo
Storani, antropólogo e ex-capitão do Bope, alerta que a conduta dos
criminosos traz à tona um “estado de barbárie”.
— É uma tolice, neste momento, discutir a ferramenta utilizada antes
de investigar a motivação por trás daquilo. Chamou a minha atenção o
segundo rapaz, que entra com o machado e desfere golpes em pessoas que
já estavam mortas. É um nível de selvageria inexplicável — afirmou
Storani. — O problema é muito mais grave do que armar ou não a
população. Estamos falando de um ambiente de falta de respeito à vida do
outro.
O antropólogo classificou como “ideológica” a discussão sobre o
impacto do acesso a armas de fogo no caso de quarta-feira. Após a
tragédia, defensores do desarmamento criticaram a facilidade na posse de
armas, ampliada por um decreto do presidente Jair Bolsonaro em janeiro.
Para Storani, a rápida chegada da Polícia Militar —
acionada primeiro por conta do tiroteio na concessionária de carros do
tio de Guilherme, que também faleceu — foi o que evitou uma ação ainda
mais brutal por parte dos criminosos.
José Ricardo Bandeira, presidente do Instituto de Criminalística e
Ciências Policiais da América Latina (Inscrim), ressaltou que é preciso
investigar como os atiradores tiveram acesso às armas. Na avaliação de
Bandeiram, revólveres calibre .38 são comuns no mercado ilegal, muitas
vezes desviados de empresas de segurança privada. O especialista também
chamou atenção para os outros itens no arsenal carregado por Guilherme e
Luiz Henrique.
— Arco e flecha e machado são equipamentos que você encontra em lojas
esportivas ou na internet. E isso, quando cai em mãos erradas, causa
problemas — pontuou Bandeira. — Caberia a cada estado uma legislação que
restringisse esses artefatos. Como foi feito no Rio, por exemplo, que
proibiu porte de arma branca com lâmina acima de 10cm.
A antropóloga Alba Zaluar afirma que o acesso a armas “tem que ser
discutido de forma mais séria”. Para a especialista, pior do que a
facilidade de acesso é a valorização do uso de armamentos como forma de
resolução de conflitos. Zaluar criticou ainda retóricas políticas que,
na sua avaliação, contribuem para gerar um clima mais bélico.
— Há um contexto político, um discurso que alimenta conflitos, o uso
da violência. Tudo isso contribui para esse clima — afirmou.
CLIMA DE VIOLÊNCIA! Massacre no Colégio de Suzano/SP Revela Culto às Armas e Estado de Barbárie, Dizem Especialistas
Reviewed by Canguaretama De Fato
on
14.3.19
Rating:
Nenhum comentário:
OS COMENTÁRIOS SÃO DE EXCLUSIVA RESPONSABILIDADE DO AUTOR.
REGRAS PARA FAZER COMENTÁRIOS:
Se registrar e ser membro do Blog; Se identificar (não ser anônimo); Respeitar o outro; Não Conter insultos, agressões, ofensas e baixarias; A tentativa de clonar nomes e apelidos de outros usuários para emitir opiniões em nome de terceiros configura crime de falsidade ideológica; Buscar através do seu comentário, contribuir para o desenvolvimento.