A proposta de Reforma da Previdência
enviada pelo presidente Jair Bolsonaro aos deputados esta semana cai
como uma bomba nos direitos sociais das mulheres. No geral, são regras
que dificultam o acesso e resultam em pagamentos menores do que os
recebidos hoje.
Além do aumento da idade mínima – 65 anos para homens e 62 para
mulheres -, a proposta fixa um período mínimo de 20 anos de
contribuição. Hoje são 15 anos de colaboração para quem se aposenta por
idade, ou 35 (homens) e 30 (mulheres) para a aposentadoria por tempo de
contribuição, sem idade mínima.
O aumento desse tempo de contribuição afeta diretamente as mulheres, considerando que elas possuem uma trajetória de trabalho muitas vezes descontínua.
“Por ainda hoje serem as principais responsáveis pelas tarefas
domésticas e de cuidado, frequentemente elas precisam se ausentar do
mercado de trabalho por períodos de tempo indeterminados para que possam
cuidar dos idosos da família, ou por conta da maternidade, já que o
acesso às creches públicas nem sempre é fácil”, defende Beatriz
Rodrigues Sanchez, pesquisadora do Grupo de Estudos e Gênero da
Universidade de São Paulo.
Pelas regras atuais, uma mulher de 55 anos e com 25 anos de
contribuição teria de trabalhar mais cinco anos para se aposentar por
idade e receber o benefício integral. Estaria aposentada aos 60 anos e
com 30 anos de contribuição.
Já pelas regras de transição propostas por Bolsonaro, que pretende implementar a idade mínima de 62 anos para as mulheres, essa mesma mulher terá de trabalhar mais sete anos.
Ainda assim, ela só chegaria a 32 anos de contribuição (25+7 = 32) e
não se aposentaria com o benefício integral, que, pelas novas regras,
vai exigir, no mínimo, 40 anos de contribuição.
Dessa forma, o benefício será de apenas 60% a quem atingir 20 anos de
contribuição, subindo 2% por ano de contribuição que exceder esse tempo
mínimo exigido na proposta de reforma, até chegar a 100% com 40 anos de
contribuição.
No caso da nossa trabalhadora hipotética, a conta resultaria em um
benefício de apenas 84% do valor a que ela teria direito pela regra
atual. Ou seja, 60% correspondentes aos 20 anos mais 24% referentes aos
12 anos a mais que ela contribuiu para poder se aposentar aos 62 anos de
idade.
A mulher na faixa etária dos 55 anos ou menos será a mais
prejudicada. Se ela quiser se aposentar com benefício integral, terá de
trabalhar mais sete anos e continuar a contribuir por mais dez. Ou seja,
somente aos 70 anos de idade ela se aposentaria com salário integral.
#Fonte: Carta Capital
Nova Aposentadoria de Bolsonaro, Aprofunda Desigualdade Entre Homens e Mulheres
Reviewed by Canguaretama De Fato
on
22.2.19
Rating:
Nenhum comentário:
OS COMENTÁRIOS SÃO DE EXCLUSIVA RESPONSABILIDADE DO AUTOR.
REGRAS PARA FAZER COMENTÁRIOS:
Se registrar e ser membro do Blog; Se identificar (não ser anônimo); Respeitar o outro; Não Conter insultos, agressões, ofensas e baixarias; A tentativa de clonar nomes e apelidos de outros usuários para emitir opiniões em nome de terceiros configura crime de falsidade ideológica; Buscar através do seu comentário, contribuir para o desenvolvimento.