A tragédia que vitimou dez garotos em consequência do incêndio
ocorrido no alojamento das categorias de base do Flamengo, há pouco mais
de uma semana, no Rio de Janeiro, comoveu o Brasil por se tratarem de
jovens entre 14 e 16 anos e chocou por mostrar que um dos clubes mais
ricos do País alojava suas promessas em contêineres. Afinal, se no topo
da pirâmide do futebol os meninos viviam em local cheio de
irregularidades, o que esperar de times de estrutura mais modesta?
Levantamento feito pelo Estado junto aos órgãos competentes
(prefeituras e Corpos de Bombeiros) constatou que o caso flamenguista
pode não ter sido a exceção à regra: na verdade, dos 20 clubes que
disputarão a Série A do Campeonato Brasileiro em 2019, a maioria (14)
possui alguma pendência em seus centros de treinamento.
No Cruzeiro, por exemplo, outro gigante em termos técnicos e
financeiros, os dois locais utilizados para treinamentos, chamados de
Toca 1 e Toca 2, ainda “se encontram em processo de regularização, sendo
o clube formalmente notificado da necessidade de regularização no prazo
legal de 60 dias”, diz o Corpo de Bombeiros Militares de Minas Gerais
(CBMMG).
Já a prefeitura de Belo Horizonte afirma ter notificado o clube
para a obtenção dos alvarás de funcionamento. O Cruzeiro não se
posicionou sobre o assunto. A assessoria de comunicação afirmou que
trata da questão junto aos órgãos competentes.
O Grêmio, campeão da Copa Libertadores de 2017 e outra potência no
País, foi notificado na quarta-feira pela prefeitura de Eldorado do Sul
por não ter licença do município para o seu alojamento da base,
localizado na cidade a 50 km de Porto Alegre
O clube alega que “existe um alvará de funcionamento válido deste
local para a atividade hospedagem em nome do proprietário do prédio e
locador para o Grêmio”. Também diz que protocolou uma nova solicitação
de alvará, agora em seu nome.
Apenas seis clubes da elite estão em dia com as documentações
necessárias para alojar e manter os atletas: Atlético-MG, Avaí, Bahia,
Chapecoense, Internacional e São Paulo, sendo que este último possui uma
ressalva. O CT da Barra Funda, utilizado pelo time principal, ainda tem
pendente pedido de renovação da documentação, já que o local passou por
reformas recentemente. A própria Prefeitura de São Paulo diz, porém,
que “não foram observadas situações que pudessem ser caracterizadas como
risco iminente”, durante inspeção realizada nesta semana pela
Secretaria de Subprefeituras.
Mesmo assim, por precaução, na noite da última terça o elenco se
concentrou para o jogo contra o Talleres-ARG no Centro de Formação de
Atletas em Cotia, sede da base, que está regularizado. Tal decisão veio
após a Prefeitura paulistana divulgar um comunicado oficial falando em
“suspensão imediata de todos os alojamentos que não tivessem licença de
funcionamento”.
Na manhã seguinte, representantes da Secretaria Municipal de Esportes
e Lazer se reuniram com os clubes para definir um cronograma de
providências a serem tomadas. O Ministério Público de São Paulo também
abriu investigação sobre a situação desses locais.
Os grandes clubes da capital passaram a tomar providências
paliativas. O Palmeiras transferiu seus atletas da base para um hotel.
Normalmente, o clube aluga imóveis residenciais para os garotos, a
exemplo do que faz o Corinthians, que admitiu não ter o laudo de
segurança específico do Corpo de Bombeiros para abrigar os adolescentes.
A Prefeitura deu 90 dias para os clubes se enquadrarem. Em nota
enviada à reportagem, informou: “A ação da Prefeitura continuará,
abrangendo a fiscalização para os clubes menores que também abrigam
atletas em alojamentos, além de residências que servem de alojamento de
atletas”.
IRREGULAR!! Maioria dos clubes da Série A Descumpre Normas de Segurança em Seus Alojamentos
Reviewed by CanguaretamaDeFato
on
17.2.19
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