Passados quase 30 anos, o Estado brasileiro ainda desconhece a
verdadeira dimensão das demissões de funcionários públicos promovidas em
massa pelo governo Collor (1990-1992).
A caçada aos marajás e o enxugamento da máquina administrativa
levaram à defenestração de mais de 100 mil servidores sem estabilidade e
celetistas contratados pela União. A revolução liberal extinguiu 24
empresas estatais, e os ministérios foram reduzidos de 23 para 12.
Em 1994, Itamar Franco assinou uma lei para anistiar parte dos
desligados, mesmo sob a ameaça demissionária de seu ministro da Fazenda,
Fernando Henrique Cardoso. Foram readmitidos 48 mil pela nova norma,
que protegia os despedidos ilegalmente —quem sofrera perseguição
política ou tinha mandato sindical, por exemplo.
Ao chegar ao Palácio do Planalto, FHC revogou os processos de anistia
e revisou todos os casos. Moral da história: apenas 10% dos demitidos
voltaram à folha de pagamento do governo, e centenas ainda brigam
judicialmente pelo posto perdido.
“Despetizar” cargos comissionados no governo Bolsonaro soa tão
arbitrário —só que mais ideologizado e menos disseminado— quanto a
moenda instalada por Collor. A caça às bruxas de vermelho na Casa Civil
de Onyx Lorenzoni exonerou, por ora, 320 pessoas e emitiu sinal verde
para outras instâncias reproduzirem o procedimento. Em órgãos como Apex e
ABDI, técnicos dispensados prometem buscar a Justiça.
“Você tem no serviço público funcionários que são realmente
funcionários de Estado. O cara passou o governo A, B, C, D e fez ali o
trabalhinho dele bonitinho. Não pode pegar esse cara porque estava no
governo anterior. O cara é bandido por causa disso?”, disse o
vice-presidente Hamilton Mourão, sugerindo que o processo pudesse ter
sido feito “com mais carinho”.
#Fonte: POR JULIANNA SOFIA - Folhapress
VOLTA AO TEMPO! Despetização do governo Bolsonaro na Casa Civil, lembra Collor na Caça aos Marajás
Reviewed by CanguaretamaDeFato
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12.1.19
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