A investigação sobre a movimentação financeira de Fabrício Queiroz,
ex-assessor de Flávio Bolsonaro (PSL), foi iniciada há seis meses e tem
como foco de apuração a suspeita de prática de lavagem de dinheiro ou
“ocultação de bens, direitos e valores” no gabinete do deputado estadual
– atualmente senador eleito – na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).
O Estado teve acesso aos autos do procedimento de investigação
criminal, que está sob sigilo.
A base deste e de outros 21 procedimentos criminais abertos no
Legislativo fluminense é um relatório do Conselho de Controle de
Atividades Financeiras (Coaf), que apontou movimentação atípica de
funcionários e ex-funcionários da Alerj.
O documento foi produzido por técnicos do Coaf há um ano, em janeiro
de 2018, e anexado aos autos da Operação Furna da Onça – que em novembro
do ano passado prendeu dez deputados estaduais do Rio suspeitos de
receberem propina. O relatório mostrou que Queiroz movimentou R$ 1,2
milhão de janeiro de 2016 a janeiro de 2017, como revelou o Estado.
Nesta sexta-feira, 18, o Jornal Nacional, da TV Globo, teve acesso a
outro relatório do Coaf, que mostra movimentações bancárias suspeitas do
próprio Flávio Bolsonaro, filho mais velho do presidente Jair
Bolsonaro.
Segundo o documento, entre junho e julho de 2017, Flávio Bolsonaro
recebeu 48 depósitos em espécie em sua conta, concentrados no
autoatendimento da agência bancária que fica dentro da Alerj, e sempre
no mesmo valor: R$ 2 mil. No total, foram R$ 96 mil, depositados em
cinco dias.
Nesta quinta-feira, 17, o vice-presidente do Supremo Tribunal
Federal, ministro Luiz Fux, atendeu a um pedido de Flávio Bolsonaro e
determinou a suspensão da investigação. O relator do caso, Marco Aurélio
Mello, vai analisar a reclamação de Flávio Bolsonaro. Nesta
sexta-feira, o ministro indicou que vai negar o pedido após o fim do
recesso do Judiciário.
Os autos do procedimento para investigar as movimentações suspeitas
de Queiroz e outros assessores do gabinete são assinados pelo promotor
que cuida do caso, Bruno Gaspar, do Grupo de Atribuição Originária
Criminal da Procuradoria-Geral de Justiça. Queiroz recebeu depósitos de
outros servidores do parlamentar, sempre próximos às datas de pagamentos
na Alerj. No início do documento, o MP anexou páginas com textos sobre a
trajetória política.
No dia 14 de dezembro o promotor do caso pediu que fossem
requisitadas informações do Coaf sobre movimentações financeiras de
Flávio de 2007 até os dias atuais. O pedido abrange movimentações de
Queiroz e de mais sete funcionários e ex-funcionários do gabinete no
mesmo período. A iniciativa serviu para que a defesa de Flávio pedisse
ao Supremo a ilegalidade do processo. O argumento foi de que Flávio tem
foro privilegiado, já que ele havia sido eleito senador pelo Rio na
época.
Os arquivos do MP também comprovam que a investigação sobre o
relatório do Coaf começaram antes da exoneração da filha de Queiroz,
Nathalia, citada no documento, do gabinete do então deputado federal
Jair Bolsonaro, em 15 de outubro. No mesmo dia, o seu pai também foi
exonerado do gabinete de Flávio Bolsonaro, na Alerj.
A família de Queiroz faltou a todos depoimentos no MP para esclarecer
as questões apontadas pelo Coaf. Eles alegaram que o ex-assessor passa
por um tratamento contra um câncer. Os assessores de Flávio citados no
relatório também foram convidados a depor no órgão.
Investigado. Nesta sexta-feira, o MP afirmou que Flávio Bolsonaro não
consta como investigado na portaria que instaurou o procedimento de
apuração criminal. No entanto, disse que isso não impede que o senador
eleito ainda possa se tornar alvo da investigação. Até esta
segunda-feira, 14, ele sustentava que não era investigado, argumento
também usado por ele para faltar ao depoimento marcado no MP para o
último dia 10.
#Fonte: Estadão
ICEBERG!! Investigação Sobre Ex-Assessor do Filho de Bolsonaro, Apura Lavagem de Dinheiro
Reviewed by CanguaretamaDeFato
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19.1.19
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