Foto: ONU/Martine Perret
No
Brasil, a pesca fantasma – caracterizada pela perda ou descarte nos
mares de equipamentos de pesca, como redes, linhas e armações – ocorre
em 70% da costa brasileira (12 dos 17 estados costeiros). De acordo com o
relatório “Maré Fantasma – Situação atual, desafios e soluções para a
pesca fantasma no Brasil”, estima-se que até 69 mil animais marinhos
sofram os impactos dessa pesca por dia, que incluem prejuízos ao
ecossistema, ferimentos, mutilações, emaranhamento, sufocamentos e até a
morte.
O documento foi apresentado esta semana pela organização não governamental Proteção Animal Mundial no evento “Oceano Plástico: como escapar desse emaranhado?”, promovido em parceria com a ONU Meio Ambiente, na capital paulista.
Michael Pitts/naturepl.com / Uma foca monge do Havaí presa em uma rede de pesca
No
mundo, o volume de equipamentos de pesca largados nos oceanos por ano
chega a 640 mil toneladas. No Brasil, o estudo estima que cerca de 580
quilos desses materiais sejam abandonados ou perdidos nos mares por dia,
inclusive em áreas de proteção ambiental, como unidades de conservação.
Entre os animais afetados pela pesca fantasma estão baleias, tartarugas
marinhas, toninhas, tubarões, raias, garoupas, pinguins, caranguejos,
lagostas e aves costeiras.
“Esse relatório é um primeiro
diagnóstico nacional da pesca fantasma, que reúne todas as informações
disponíveis e, de alguma forma, compila essas informações. Temos agora
condições de, pelo menos, ter um ponto de partida para desenvolver as
atividades para que a agenda de pesca fantasma se torne mais ativa nas
instituições e que o problema seja reduzido daqui para frente”, disse João Almeida, gerente de Vida Silvestre da Proteção Animal Mundial.
Para
Almeida, uma ação importante para o combate à pesca fantasma é a
intensificação de ações de fiscalização do ambiente marinho pelo governo
brasileiro. “O ambiente marinho fica muito abandonado de cuidado e, se o
indivíduo decide pelo descarte irresponsável de uma rede de pesca, nada
acontece com”, disse. Além disso, ele destacou a importância da
realização de mais campanhas de conscientização ambiental e da aplicação
de mecanismos de localização dos equipamentos de pesca.
“Uma
sugestão é que, na fabricação das redes de pesca, os materiais já sejam
feitos com campo para identificação do proprietário e também para usar
marcadores GPS nos equipamentos para, no caso de haver uma perda, por
manejo irresponsável ou por situação de mar virado, seja mais fácil
localizar esses materiais para retirada”, disse.
PESCA FANTASMA AMEAÇA QUASE 70 MIL ANIMAIS MARINHOS POR DIA NO BRASIL
Reviewed by CanguaretamaDeFato
on
9.12.18
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