No primeiro dia do próximo ano, quando descer a rampa do Palácio do
Planalto, Michel Temer enfrentará uma nova realidade jurídica. Sem foro
especial, ele responderá a, ao menos, quatro processos em diferentes
tribunais pelo país.
Contra o presidente, há hoje dois inquéritos que tramitam no STF
(Supremo Tribunal Federal) e duas denúncias que foram barradas pela
Câmara dos Deputados, no ano passado, mas que podem ser reativadas a
pedido do MPF (Ministério Público Federal).
Ele foi denunciado em casos envolvendo a delação premiada da JBS. Em
um dos processos, a acusação é de corrupção passiva; em outro, de
obstrução à Justiça e participação em organização criminosa.
Esses casos devem seguir para a Justiça Federal do Distrito Federal,
onde já tramita uma denúncia contra integrantes do seu partido por
formação de quadrilha. Há outra por fatos ligados à JBS e ao ex-assessor
do presidente Rodrigo Rocha Loures.
Além das denúncias, pesam contra o presidente dois inquéritos que
estão em fase de coleta de provas e atualmente tramitam no STF.
Um deles apura se Temer e aliados negociaram com executivos da
Odebrecht, em reunião no Palácio do Jaburu, R$ 10 milhões em doações
ilícitas de campanha para integrantes do MDB em 2014.
O outro inquérito investiga se houve ilegalidade em decreto assinado
em maio de 2017 pelo presidente e que beneficiou empresas do setor
portuário. Os rumos da investigação podem levar o caso a ser remetido à
Justiça Federal do Distrito Federal ou de São Paulo.
No começo de maio, o STF alterou o entendimento sobre o foro especial
para deputados federais e senadores: o tribunal vai processar e julgar
os casos cometidos em função do cargo e durante o mandato.
Antes, qualquer crime cometido por um parlamentar ficava no Supremo.
A mudança não atinge o cargo de presidente, de acordo com o
entendimento da corte até agora. Assim, se Temer assumir um cargo de
embaixador ou de ministro em eventual governo de aliado, seus processos
continuarão tramitando no STF, foro de ministros e chefes de missões
diplomáticas.
O emedebista vinha se colocando como possível candidato na corrida
presidencial, mas, nas últimas semanas, declarou a integrantes do
partido que não deverá se candidatar à reeleição.
Em conversas reservadas, segundo relatos feitos à Folha, o presidente
já manifestou preocupação em ser preso após passar a faixa
presidencial. O maior receio dele, no entanto, é de que os
investigadores avancem sobre sua família.
O primeiro golpe sofrido por ele ocorreu no mês passado, quando a
Folha revelou que a mulher do coronel João Baptista Filho, amigo do
emedebista, pagou em dinheiro vivo obra na casa da filha do presidente
Maristela Temer.
Na sequência, a Polícia Federal a convocou a prestar depoimento. Na
época, a filha telefonou assustada ao presidente, que fez questão de
viajar a São Paulo para dar apoio.
No mesmo mês, a Folha revelou que a Polícia Federal suspeita que o
presidente lavou propina em imóveis da família, alguns dos quais em nome
de sua mulher, Marcela, e do filho do casal.
De acordo com assessores presidenciais, a primeira-dama já reclamou
com o presidente sobre a exposição do filho, de apenas 9 anos.
Além do receio jurídico, o presidente já disse a um auxiliar e amigo
que não quer deixar o Palácio do Planalto com o risco de ser hostilizado
em locais públicos. Ele, contudo, na média, é o presidente mais
impopular da história desde a redemocratização.
TEM QUE PAGAR!! Fora do governo, Michel Temer Enfrentará Quatro Processos
Reviewed by CanguaretamaDeFato
on
14.5.18
Rating: