A crise desencadeada pela greve dos caminhoneiros escancarou a situação delicada de Michel Temer neste final de mandato.
Com baixos índices de aprovação popular e
amargando uma margem diminuta de articulação com Congresso e sociedade,
o governo cometeu erros estratégicos que colocam em suspense o desfecho
dessa crise, cujas características remetem ao cenário que antecedeu aos
protestos de junho de 2013.
Naquela ocasião, um grupo de estudantes
foram às ruas contra o aumento dos preços das passagens do transporte
público em São Paulo. A resposta violenta da polícia escalonou o
movimento que acabou se espalhando por uma série de cidades e que
repercute até hoje na política nacional.
O Brasil de 2013 é bem diferente do de
2018, é fato. Mas, tanto naquele momento como agora, a insatisfação
popular é latente. Como nas jornadas de junho, o movimento dos
caminhoneiros também não tem líderes claros – o que dificulta ainda mais
a estratégia de negociação com os grevistas (vide o resultado nulo do
acordo do governo com alguns sindicatos na última quinta-feira).
“O governo está tomando decisões para
combater greves comuns. Essa não é uma greve comum porque não tem
líderes claros”, afirma o cientista político César Alexandre Carvalho,
da CAC consultoria política.
Para a opinião pública, pelo menos nas
redes sociais, o responsável pelos transtornos derivados das
paralisações tem nome e sobrenome: Michel Temer, segundo levantamento da
consultoria de análise de dados Bites. Tanto que a hashtag #foratemer,
que andava desaparecida do Twitter, reapareceu com força hoje em 114 mil
posts.
Por outro lado, de acordo com a
consultoria, nos últimos sete dias (a contar até quinta-feira), os
caminhoneiros foram mencionados em quase meio milhão de postagens no
Twitter – 32% continham a hashtag #euapoioagrevedoscaminhoneiros.
A Greve dos Caminhoneiros Pode Repetir Onda de Protestos de 2013?
Reviewed by CanguaretamaDeFato
on
26.5.18
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