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A prisão política do Lula não é uma injustiça qualquer.
É uma injustiça equiparável às injustiças
perpetradas contra os grandes personagens da história.
A Globo, Moro, Dallagnol e os poderosos que
verdadeiramente estão por trás da Lava Jato e do golpe têm consciência
de que Lula é e sempre foi inocente. Por isso forjaram a farsa jurídica
operada à jato para viabilizar sua condenação e prisão fraudulenta em
tempo recorde, de olho no calendário eleitoral.
Contra Lula não existe uma única prova de
um único crime sequer. Existe apenas a obsessão fascista e doentia de
condená-lo para castigá-lo com a privação do mais transcendente direito
que todo ser humano adquire ao nascer: a liberdade.
Condenaram Lula ao castigo cruel do
isolamento social e do silenciamento da sua voz não porque ele cometeu
uma única ilegalidade, mas porque, como maior líder popular do Brasil,
Lula significa o fim do golpe e do regime de exceção e a restauração da
democracia no país.
A proibição despótica de Lula receber
visitas de parlamentares, governadores, do líder religioso Leonardo Boff
e do Nobel da Paz Perez Esquivel, sinaliza que o fascismo será
impiedoso, implacável e, enquanto suportar, seguirá indiferente ao
clamor internacional que reclama justiça para Lula.
Todo esse massacre, porém, é em vão. Quanto
mais agridem Lula, mais fica esclarecido no imaginário popular que ele
está sendo injustiçado, e mais estampada fica a motivação política da
perseguição a ele.
Hoje, Lula seria eleito no primeiro turno.
Mesmo banido da eleição, continua sendo a peça decisiva do tabuleiro – o
jogo eleitoral passa por Lula, inclusive os movimentos da direita.
O projeto de poder de médio e longo prazo da ditadura Globo-Lava Jato está comprometido.
A despeito de toda armação fascista, não
conseguem ter viabilidade eleitoral. Com Alckmin cada vez mais
esvaziado, deverão concentrar a aposta em Joaquim Barbosa – e, se essa
opção também fracassar, então ... cancele-se a eleição.
Perdemos o presente – o curto prazo –, é
preciso reconhecer. Afinal, o projeto emancipatório que retirou 40
milhões da miséria foi golpeado numa conspiração que abarcou a Globo, a
PF, o MPF, o judiciário, o Congresso e o capital nacional e
internacional em aliança com agências norte-americanas.
É um período de derrota da soberania
nacional, dos direitos do povo, da democracia, da integração regional e
do Estado de Direito. A agenda anti-povo e anti-nação, executada com
fúria selvagem, exigirá um esforço extraordinário para a reconstrução do
país.
A dignidade socrática com que Lula
deixou-se levar pelos carcereiros naquele de 7 de abril, entretanto,
escreveu na eternidade da história os gestos, os símbolos, as imagens,
as representações e, sobretudo, o discurso político que conecta a
esquerda e os valores humanistas com o futuro que já começou.
A elite dominante conseguiu muito com o
golpe, é verdade; mas fracassou no objetivo estratégico e fundamental de
exterminar Lula, o PT, o lulismo, o progressismo e a esquerda.
A luta não só continua, como ficou ainda
mais unitária, mais forte, mais massiva e mais generosa. Da resistência
ao golpe e da sobrevivência no regime de exceção/na ditadura brota uma
dialética de afirmação da possibilidade de futuro em meio a esse
contexto de derrota.
O horizonte onde se enxerga a vitória da
esquerda, do povo e da democracia está distante, porém ao alcance não só
dos olhos, como também das mãos. A direita, os fascistas nos roubaram o
presente e o curto prazo, mas não conseguiram nos roubar o futuro.
Como disse Maiakóvski, o grande poeta russo, "para o júbilo o planeta está imaturo. É preciso arrancar alegria ao futuro".
#Fonte: Brasil 247
Jeferson Miola: Integrante do Instituto de Debates, Estudos e Alternativas de Porto Alegre (Idea), foi coordenador-executivo do 5º Fórum Social Mundial
Nos roubaram o Presente, Mas Não Conseguiram Nos Roubar o Futuro
Reviewed by CanguaretamaDeFato
on
23.4.18
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