Rio de Janeiro, quinta-feira, 15 de
março. Sob um sol de quase 40 graus, uma multidão se reuniu nas
escadarias do Palácio Pedro Ernesto, onde fica a Câmara Municipal, para
homenagear Marielle Franco,
a vereadora de 38 anos executada com quatro tiros na cabeça na noite
anterior. Marielle era novíssima na política: eleita pelo PSOL em 2016,
com 46 500 votos (a quinta maior votação),
entrava no segundo ano de mandato.
Voz vibrante a favor das mulheres,
dos negros, dos homossexuais e dos favelados — categorias em que se
encaixava pessoalmente —, tinha intensa atuação dentro e fora da Câmara.
A morte brutal a agigantou ao adicionar um componente político ao
inaceitável caldeirão de violência que engolfa o Rio: os disparos
abateram uma pessoa eleita pelos cariocas para representá-los. Exato um
mês depois de instalada, a intervenção federal nas polícias fluminenses,
que imaginava ter tempo para agir, vê-se encostada na parede. “A ação
federal foi desafiada pelo assassinato de Marielle”, diz a cientista
social Silvia Ramos, especialista em segurança pública.
Como no Brasil politicamente polarizado tudo é visto
pela lente da deformação ideológica, já apareceram críticas à enorme
repercussão do crime, creditando-a ao perfil de Marielle: mulher, negra,
lésbica, esquerdista. Nada mais equivocado. Seu assassinato é um
símbolo dramático porque se trata de uma execução contra uma voz
pública, que detinha um mandato popular.
Sua morte traz à memória a
carnificina de uma Medellín dos anos 90, em que o crime chegava
perigosamente perto de controlar o Estado, ameaçar autoridades e abalar
as instituições da Colômbia. Fosse a vítima um homem, branco,
heterossexual e direitista, a gravidade não seria um milímetro menor.
Por tudo isso, o presidente Michel Temer tocou no ponto nevrálgico: é um
atentado à democracia.
#Fonte: Veja
INSEGURANÇA!! A Quem Interessava a Morte da Vereadora no Rio!
Reviewed by CanguaretamaDeFato
on
18.3.18
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