Nunca houve uma delação como esta. Ao longo de pelo menos treze anos,
os irmãos Joesley e esley Batista, sócios da holding J&F,
pavimentaram com farta distribuição de propinas uma trajetória de
sucesso fulminante. Na semana passada, mostraram que o crime
aparentemente compensa.
Os termos do acordo fechado com a
Procuradoria-Geral da República (PGR), e homologado pelo Supremo
Tribunal Federal (STF), escandalizaram leigos e especialistas. Os
empresários não passarão um dia sequer na cadeia, não precisarão usar
tornozeleira eletrônica, nem cumprirão pena em regime aberto. Seus bens
não serão arrestados e seus passos não serão vigiados.
Ambos poderão circular livremente pelo país e fora dele. Em troca,
além de se comprometerem a não cometer novos crimes e de confessarem os
praticados até agora, os irmãos pagarão uma multa total de 220 milhões
de reais. “É uma anistia plena”, diz o jurista Modesto Carvalhosa, um
dos maiores especialistas em corrupção no país.
VEJA analisou os acordos
de todos os dirigentes de empresas arrebatados pela Lava-Jato. Entre os
que colaboraram com a Justiça — Marcelo Odebrecht (Odebrecht), Ricardo
Pessoa (UTC), Augusto Mendonça Neto (Toyo Setal), Otávio Azevedo
(Andrade Gutierrez) e Milton Schahin (Grupo Schahin) —, todos se
submeteram a denúncias e a algum tipo de pena. Em relação às multas, a
média aplicada a delatores desse quilate é de 24,2 milhões de reais.
Individualmente, portanto, a de Joesley é a mais alta de todas, embora
nesse caso ela não chegue a fazer cócegas: a punição representa apenas
0,03% do patrimônio do empresário.
NUMA BOA!! Por que Joesley Batista se Deu Tão Bem?
Reviewed by CanguaretamaDeFato
on
27.5.17
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