A internet é uma excelente ferramenta na disseminação de informações e
conhecimentos. Ao mesmo tempo, serve também para propagar boatos e
mitos sobre diversos temas.
Câncer é um dos tópicos favoritos, entretanto, informações
incorretas, imprecisas, ou mesmo falsas, podem gerar angústias
desnecessárias. São os chamados “mitos da internet”. Abaixo vamos
discutir sobre alguns deles, sobre o câncer de mama:
1. Usar sutiã causa câncer?
Criado em 1914, o sutiã era uma invenção que tinha o objetivo de
acomodar o seio, em detrimento do uso do espartilho, possibilitando
moldá-lo, diminuí-lo, escondê-lo ou exibi-lo. Apesar de ser uma peça
frequente do guarda-roupa feminino, muitas mulheres têm a preocupação
que seu uso possa aumentar o risco de câncer de mama. Entretanto, não há
estudos que comprovem esta visão.
Em junho de 2002, a Clínica Mayo, um importante centro de estudos
norte-americano, realizou uma pesquisa com o objetivo de avaliar a
relação entre o uso do sutiã e o risco de neoplasia mamária. Foi
realizada uma comparação entre 1.044 mulheres diagnosticadas com
carcinoma mamário entre 2000 e 2004, com 469 mulheres sem a doença.
Nenhum aspecto relacionado ao uso do sutiã, incluindo o tamanho do bojo,
número médio de uso em horas/dia e a idade em que começaram a
utilizá-lo, foi associado ao risco de desenvolvimento da neoplasia.
2. Todos os nódulos da mama são câncer?
Considerada a queixa mais comum dos consultórios de mastologia,
podendo chegar a 60% das consultas, os nódulos mamários, em sua maioria,
correspondem a patologias benignas (70-75% dos diagnósticos), podendo
apresentar conteúdo cístico ou sólido.
A glândula mamária sofre profundas mudanças durante a evolução da
mulher, entre a menarca e a menopausa. Após a menarca (primeira
menstruação), o tecido mamário pode responder de maneira exagerada aos
estímulos hormonais fisiológicos, formando os fibroadenomas, que
correspondem aos nódulos mamários mais frequentes. São nódulos com
crescimento limitado e em geral, não ultrapassam dois centímetros,
diminuindo o seu tamanho após a menopausa.
Portanto, ao palpar um nódulo, não há motivo para desespero, apenas
consulte o mastologista que irá realizar o exame físico das mamas e
solicitar os exames complementares que julgar necessário.
3. Próteses de silicone aumentam o risco de câncer?
Existem cerca de 10 milhões de mulheres em todo o mundo com implantes
mamários. Nos Estados Unidos, assim como no Brasil, a mamoplastia de
aumento é o procedimento cosmético mais realizado, com uma estimativa
recente de mais de 550.000 implantes por ano.
Apesar de décadas de uso, a segurança em longo prazo dos implantes
mamários continua a ser uma preocupação. Todavia, pesquisadores em Los
Angeles, Califórnia, acompanharam 3.182 mulheres com implantes mamários
por mais de 14 anos e mostraram que estas pacientes não apresentaram
diferença na incidência de neoplasia, bem como não havia atraso na
detecção da lesão. Outros seis estudos epidemiológicos publicados sobre o
tema também relatam que o risco de câncer de mama é igual ou inferior à
taxa esperada.
4. História familiar negativa para câncer de mama significa que não há motivos para preocupação com esta neoplasia?
Apenas 5% a 10% de todos os casos de câncer da mama são atribuídos a
defeitos (mutações) em um número pequeno de genes que podem ser
transmitidos de geração em geração. Estas famílias têm o que se chama de
câncer hereditário. Dentre estas mutações, a mais comum está no gene
BRCA1-BRCA2.
A atriz Angelina Jolie assumiu publicamente ser portadora de uma
dessas mutações. Nessa situação, o risco do desenvolvimento do câncer de
mama durante a vida da mulher está entre 50% a 80%. Uma mulher sem
fatores de risco apresenta uma chance aproximada de 10% de desenvolver a
neoplasia.
A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) recomenda que o
rastreamento do câncer de mama deva ser realizado por TODAS as mulheres a
partir dos 40 anos, com a realização periódica de mamografia ou outros
exames complementares e avaliação clínica pelo Mastologista, visando à
detecção precoce da neoplasia, com o objetivo de reduzir a mortalidade
pela doença.
5. Usar desodorante antitranspirante causa câncer de mama?
Após a publicação de um estudo Suíço em setembro de 2016 no International Journal of Cancer
que estabeleceu uma ligação em camundongos entre câncer de mama e sais
de alumínio, a controvérsia sobre desodorantes ou, mais precisamente,
acerca de sais de alumínio em antitranspirantes reacendeu novamente esta
polêmica.
No entanto, nenhum estudo epidemiológico realizado em seres humanos
conseguiu estabelecer uma relação direta entre os sais de alumínio e o
risco de câncer de mama. Até esta data, apenas dois estudos com alto
nível de evidência científica analisaram as consequências da aplicação
regular de antitranspirantes, não havendo comprovação que o seu uso
tenha influência no aumento do risco de se desenvolver a neoplasia.
Usar desodorante antitranspirante causa câncer de mama?
Reviewed by CanguaretamaDeFato
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27.3.17
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