Falta o Básico, no Maior Hospital Urgência do RN, o Walfredo Gurgel

O aviso está lá, num cartaz afixado na parede externa do saguão de entrada do pronto-socorro Clóvis Sarinho: “SOS Walfredo Gurgel – o que vim fazer aqui fazer hoje sem...”. Logo abaixo, vem uma listagem apontando a falta de insumos e medicamentos, atestando, mais uma vez, a crise de desabastecimento no Hospital Walfredo Gurgel (HWG), principal porta aberta para o atendimento de pacientes politraumatizados do Rio Grande do Norte.

Cartaz denuncia a falta de medicamentos e insumos no maior hospital de urgência do Rio Grande do Norte. No estoque da unidade faltam luvas, álcool, seringas, antibióticos, ataduras e até sabãoCartaz denuncia a falta de medicamentos e insumos no maior hospital de urgência do Rio Grande do Norte. No estoque da unidade faltam luvas, álcool, seringas, antibióticos, ataduras e até sabão

A diretora geral do HWG, médica Maria de Fátima Pereira Pinheiro, admitiu, ontem de manhã, que aquela unidade de saúde passa por uma situação de desabastecimento, mas informou que a Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap), já disponibilizou R$ 2,6 milhões, em caráter emergencial, para a aquisição de insumos e medicamentos.

Fátima Pinheiro disse que, apesar do HWG ter autonomia financeira, a exemplo de outras unidades hospitalares como o José Pedro Bezerra e Maria Alice Fernandes, na Zona Norte e o Deoclécio Marques Lucena, em Parnamirim, e Tarcísio Maia, em Mossoró, os recursos dependem de repasses financeiros da Secretaria Estadual do  Planejamento e das Finanças (Seplan), que por sua vez repassa o dinheiro para a Sesap e desta para os hospitais.

“Quando o dinheiro chega aqui é que tenho autonomia para utilizar. Mas o repasse não vem direto para o hospital”, afirmou Fátima Pinheiro, para explicar que no HWG é feito um planejamento anual para a compra de medicamentos, mas os recursos são repassados mês a mês.

Adriano AbreuFátima Pinheiro explicou que repasses dependem da SeplanFátima Pinheiro explicou que repasses dependem da Seplan

Segundo a diretora do HWG, o volume de recursos para a compra de medicamentos e insumos baseia-se no número de leitos, que hoje é de 284 e não entra nessa contabilidade os pacientes internadores no corredor: “Não se pode fazer o o planejamento determinando quantas macas vão entrar no hospital e não entram nesse orçamento”.

Fátima Pinheiro declarou que, em média, ficam 70 pacientes internados fora do leito, diariamente: “Se for feito pedido e compras de medicamentos baseando-se em macas, depois eu posso passar como se estivesse superfaturando”, ressalvou ela, a respeito do limite de compras com base no número de leitos, porque não tem como fazer pedido suplementar de recursos em cima dos pacientes excedentes.
Ela disse que além da crise da saúde no fim de 2014, a mudança de governo também trouxe dificuldades para o custeio do Hospital Walfredo Gurgel, pois como ocorre todo ano, o Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2015 só foi aberto em março.

Então, acrescentou ela, o HWG só sobreviveu no começo do ano, em função de uma ação judicial promovida pelo Conselho Regional de Medicina (Cremern), que bloqueou R$ 2 milhões da conta única do governo “e abasteceu o hospital durante dois meses”.

Atualmente existem 17 fornecedores cadastrados no HWG, informou a sua diretora geral, que admite “correr contra o tempo” para vencer os trâmites burocráticos para a aquisição dos medicamentos. Ontem mesmo a Assessoria Juridica da Sesap já havia dado o aval para a continuidade do processo de compra, que agora foi enviado para a Procuradoria Geral do Estado (PGE), que também deve o sinal para o empenho e liberação dos recursos.
Adriano AbreuMaria Marília Gonçalves disse que teve de comprar soro e gases para um primo, que está internado há oito dias no Walfredo GurgelMaria Marília Gonçalves disse que teve de comprar soro e gases para um primo, que está internado há oito dias no Walfredo Gurgel

Depois disso, a direção do hospital informa que os fornecedores terão, ainda, 30 dias de prazo para a entrega dos insumos e medicamentos, que em parte estão sendo adquiridos pelos acompanhantes dos próprios pacientes, como é o caso de Maria  Marília Gonçalves do Nascimento,  a qual disse que teve de comprar soro e gases para um primo, que está internado há oito dias depois ter sofrido dois tiros na Zona Norte de Natal. “Uma parente de um leito vizinho (449) comprou luvas e esparadrapo”, disse ela, que não lembrou quanto gastou na compra de insumos para o primo.

SOS WALFREDO GURGEL*
“O que vim fazer aqui hoje sem:
- álcool
- sem seringas
- sabão
- sem Cidez para esterilização química
- gesso 10cm 12cm e 15cm
- ataduras de crepon 10cm 12cm e 15cm
- luvas de procedimentos
- Drill para cirurgia ortopédica
- Sem RX (raio-x)
- Sem impressos
- Sem antibióticos
Só me resta a indignação”

*Transcirção do aviso fixado na porta do Pronto-Socorro Clóvis Sarinho
 
 
 
 
#Fonte: Tribuna do norte
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