ENTREVISTA terapeuta Brasilda Rocha: "As crianças Estão Mais imaturas e Indefesas”

A entrevista com a terapeuta Brasilda Rocha é uma aula sobre um pouco do universo da criança. Lição e alertas para os pais. Com a autoridade de quem há 35 anos se dedica a prática clínica e pesquisa sistemática da psicoterapia corporal.

Brasilda Rocha  é terapeuta de crianças e adolescentes, desenvolve o trabalho de terapia corporal de criança e adolescente.Há cerca de trinta e cinco anos vem se dedicando à prática clínica e à pesquisa sistemática da psicoterapia corporal. No atendimento com crianças e adolescentes, ensinando e formando novos psicoterapeutas e difundindo a teoria e prática deste trabalho em outros estados do BrasilBrasilda Rocha é terapeuta de crianças e adolescentes, desenvolve o trabalho de terapia corporal de criança e adolescente.Há cerca de trinta e cinco anos vem se dedicando à prática clínica e à pesquisa sistemática da psicoterapia corporal. No atendimento com crianças e adolescentes, ensinando e formando novos psicoterapeutas e difundindo a teoria e prática deste trabalho em outros estados do Brasil

O foco de Brasilda são crianças e adolescentes. “As crianças estão num estado mais de emergência do que antigamente, inclusive crianças que vêm muito mais cedo para o consultório (da terapia) ainda bebês. Elas vêm ser atendidas para questões de sobrevivência”, analisa a professora, que esteve em Natal participando do Congresso Internacional de Biossíntese.

Brasilda Rocha desmistifica a ideia de que as crianças da nova geração estão mais adultas. “As crianças estão com uma abertura espiritual maior e uma sensibilidade maior. E isso muitas vezes é confundido com uma maturidade emocional, mas elas (as crianças) não conseguem processar o que estão percebendo”, destacou.

Ela citou dado de uma pesquisa que fez onde mostra 88% das crianças com perfil esquizóide, que são os pequenos que têm problemas no vínculo com a mãe. Um problema que surge porque filho e mãe não conseguiram estabelecer uma “conexão”.
Confira nossa conversa com Brasilda Rocha:

Qual análise que a senhora faz hoje dessa geração das crianças?
Hoje elas estão, como nós também, num momento de crise social, mudança planetária e muitas questões de mudanças sociais, as crianças estão precisando ser trabalhadas no nível de serem salvas porque estão no estado mais mais boderline. As crianças estão num estado mais de emergência do que antigamente, inclusive crianças que vêm muito mais cedo para o consultório (da terapia) ainda bebês. Elas vêm ser atendidas para questões de sobrevivência.

As crianças estão mais adultas hoje?
Não. Elas estão mais imaturas  e indefesas. Psiquicamente, elas têm uma percepção maior do que as crianças de antigamente. As crianças estão com uma abertura espiritual maior e uma sensibilidade maior. E isso muitas vezes é confundido com uma maturidade emocional, mas elas (as crianças) não conseguem processar o que estão percebendo, assim como trazendo vivências de outras vidas que não metabolizaram e não encarnaram nessa vida.

A senhora então traz, para sua análise, o âmbito espiritual?
Também. São crianças que não estão dando mais para negar que estão trazendo questões espirituais. Elas estão trazendo vivência e conectadas com histórias que não fazem parte do contexto familiar em que elas vivem.

E essa imaturidade da criança é resultado da sociedade?
Sim. A estrutura familiar está muito empobrecida, está muito sem articulação. As crianças estão mais desconectadas da mãe e dos pais. Então, na minha pesquisa, ultimamente fiz uma atualização, e no caráter esquizóide nós temos 88% das crianças. Em 1994 eram 54%. E hoje nós já estamos com quase 90% com defesas psicopatas formadas por pais com defesas psicopatas também.

O que é o caráter esquizóide a que a senhora se refere?
São crianças  que têm problemas na gestação ou no vínculo com a mãe. São crianças que passaram por traumas intensos nos vínculos com as mães ou com os pais desde o início da gestação e no início de vida. São criança que trazem questões primárias do desenvolvimento ainda, como amamentação, de alimentação, de brincar. São crianças que não conseguem se vincular a algum brinquedo.

Por que não conseguiram se conectar emocionalmente a mãe?
Isso. Elas não conseguiram se conectar emocionalmente a mãe e a mãe a ela (a criança).

Então as mães estão mais despreparadas para serem mães?
Eu acho que o mundo solitário está deixando as mães mais isoladas em um contexto mais materno. Antigamente, as famílias tinham uma continência maior, tinha avó, tinha tia, tinha vizinho. Acho que perdeu essa continência familiar e não tem mais quem possa auxiliar e transmitir as funções maternas. A mulher foi para o mercado de trabalho e não há mais o intermediário para facilitar o processo. Questão básica da criança está com febre e tomar um banho, muitas mães não sabem.

A senhora falou que há crianças com caráter psicopata. Mas se revela tão cedo assim?
O caráter psicopata a gente trabalha mais a questão dos pais que vão buscando os poderes econômicos e não se vinculam ao afeto. Essas crianças têm dificuldade muito grande de se vincularem. Elas vão buscando o poder na relação amorosa.

É o caso de pais que compensam a ausência com presentes?
Pode ser uma das características, nem sempre. Mas é mais uma questão de enxergar quem é essa criança. São pessoas que têm muita dificuldade de enxergar o afeto.

Os traumas que os pais trazem repercutem nas crianças?
Com certeza. As vezes até as crianças demonstram outro lado, mas os pais as vezes têm dificuldade de enxergar. O mais importante no nosso trabalho com a criança é que o brinquedo sempre representa ao aspecto saudável. A criança se vinculando a ele (o brinquedo) vai aprendendo a brincar e ele (o brincar) por si só é uma terapia.

Até que ponto as crianças devem manter a agenda de atividades em detrimento do brincar?
O brincar sempre é estimulado desde o bebê. Ele (o bebê) deve ter um objeto intermediário e os pais têm muita dificuldade. Não querem dar chupeta, não querem dar esse objeto, a fraldinha. E as crianças precisam desses objetos intermediários. São objetos que representam a relação da mãe e da criança e que seriam substituto dessa relação para ela (a criança) poder ter uma autonomia maior. O brinquedo vai facilitar essa autonomia maior para criança e ela poder se desvincular da mãe. Acho que a questão da agenda não é só familiar, mas é uma questão da educação. A escola está deixando muito a desejar não pela escola porque estão pela estrutura educacional, mas é o ensino que não dá espaço para as crianças suprirem e os pais vão procurar fora. Essa agenda acaba, realmente, ultrapassando o limite da criança e causando um estresse na criança. O importante é ajudar os pais a articular e selecionar as coisas que são importantes para eles, deixando o dia livre para brincadeira. E os pais se vincularem as crianças com os brinquedos, isso é importante. Os pais aproveitarem a presença dos filhos brincarem com eles.

Quais os brinquedos mais indicados?
Os brinquedos eletrônicos devem ter um limite, uma ponderação, realmente, porque vicia e acaba trazendo danos físicos, psíquicos e neurológicos para as crianças. Os pais as vezes não têm consciência disso. E os pais também precisam reaprender a brincar. No trabalho que eu faço também observo que os professores também estão com dificuldade de brincar. Já é uma geração que também não aprendeu a brincar. Eles também não estão sabendo ensinar as crianças a brincarem. A gente precisa depurar esse movimento. As crianças que se mostram mais inteligentes estão mais conectadas com a alma, elas têm uma percepção maior do que está acontecendo. Não dá mais para mentir para as crianças hoje em dia, elas percebem. Isso é diferente de antigamente, mas volto a dizer que isso não significa inteligência.

Como a senhora define uma criança saudável?
Está mais adequada a sua idade, brinca, se solta, é feliz, ela consegue cumprir os requisitos da idade dela, dentro do estágio do desenvolvimento dela. Uma criança de 3 anos já brinca, se solta, já sai perto da mãe.

Toda criança precisa de terapia?
Nem toda criança precisa. As vezes orientando os pais as crianças não precisam. É preciso primeiro o diagnóstico para ver o problema e saber se dá para atuar profilaticamente ou algumas intervenções. As vezes com intervenção mensal já consegue fazer com desenvolvimento maior. Mas tem crianças que precisam de terapia duas ou três vezes por semana.
 #Fonte: Tribuna do norte
ENTREVISTA terapeuta Brasilda Rocha: "As crianças Estão Mais imaturas e Indefesas” ENTREVISTA terapeuta Brasilda Rocha: "As crianças Estão Mais imaturas e Indefesas” Reviewed by CanguaretamaDeFato on 26.4.15 Rating: 5

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