Envolto na agitação do centro de Natal, a praça Padre João Maria,
guarda o busto do potiguar e a prece de seus devotos, embala por velas,
flores e olhares de admiração. O padre que ajudou na construção da
antiga Catedral, em Cidade Alta, e morreu em 1905, aos 57 anos, por
varíola, poderá ser o primeiro santo do Rio Grande do Norte. Desde 2002
se espera que isso aconteça. O único empecilho para a concretização é a
comprovação científica de um milagre.
Na Praça Pe. João Maria, fiéis agradecem graças alcançadas
O
processo foi aberto e permanece em Roma, onde consta histórico do
padre, assim como a comprovação de devoção e localização de santuários -
além da praça em seu nome, em Natal também existe uma igreja chamada
Padre João Maria, no bairro Tirol. O cônego José Mário, pároco da igreja
Bom Jesus das Dores, na Ribeira, e postulador da Causa dos Santos, já
esteve em Roma por três vezes no ano passado para tratar de questões
relativas ao processo.
“A igreja aguarda apenas o milagre. Ele
já é santo no coração dos potiguares”, declara o vigário paroquial da
igreja Nossa Senhora de Lourdes, padre Robério Camilo. Ele recorda
ainda de outros beatificados potiguares, como a irmã Lindalva,
recentemente reconhecida, e os mártires de Cunhaú e Uruaçu.
O
padre João Maria nasceu em uma fazenda que pertencia ao município de
Caicó, mas que hoje fica localizada em Jardim de Piranhas. Era
reconhecido pela sua piedade, na ajuda aos pobres, especialmente nos
tempos de seca, conta Camilo. Também era destacado por abrir mão de
presentes de valor financeiro, e preferir distribuir, ou doar, com os
pobres.
“Naquele
tempo, quando tinha seca no sertão, ele acolhia os retirantes. Assim
como acolhia os doentes durante as epidemias”, relata padre Robério.
Inclusive foi assim que ele morreu, acometido de varíola; doença que
combateu com fervor durante a epidemia que invadiu o Nordeste brasileiro
nas três décadas finais de sua vida.
Passados os anos, o
acolhimento ainda está na mente e coração de seus devotos, a exemplo de
Georgina Maria da Silva, 52. Ela conta que todas as vezes que está na
cidade se desloca até a praça a fim de fazer uma oração ao padre. “Para
mim ele é santo há muitos anos. Mas, como tem que beatificar, que seja
beatificado”, diz.
Além de novas preces, a doméstica vai ao
padre para agradecer por dois milagres: um relacionado a seu neto, que
nasceu com deficiência no braço. “Ele nasceu com o cordão umbilical
enrolado ao braço. Não tinha força para movimentar”, diz. Quando o
garoto fez dois anos, sadio, ela levou uma foto e pregou no santuário do
padre.
Francisco Canindé Pessoa, 70, vai todos os dias à praça.
Ele para em frente da imagem, molha as mãos com água já depositada num
balde, e se benze com gestos de cruz sobre a cabeça. “Ele é milagroso. O
que pedir a ele, se alcança. Para mim, ele já é santo”, relata.
#Fonte: Tribuna do Norte
RN Aguarda Beatificação de Padre João Maria
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