Mesmo
envolvidas com frequência em escândalos de corrupção, são como forças
armadas de concreto: grandes empreiteiras ou seus donos e executivos
nunca foram condenados em processos relevantes, embora até políticos
importantes e banqueiros estejam presos.
Sem contar o caixa dois,
só as doações legais das empreiteiras já bastariam para financiar com
sobras as campanhas de todos os partidos, embora não devessem ser
chamadas de doações, mas de investimentos, porque a conta é cobrada
depois, com superfaturamentos e aditivos. No fim, elas acabam agindo
como intermediárias, repassando aos partidos e candidatos parte de seus
ganhos não contabilizados às custas dos contribuintes. Uma forma bem
brasileira de financiamento público das campanhas… rsrs.
Nas
concorrências, os preços na prática são simbólicos: o que vale são os
aditivos. Ganha-se uma licitação com um preço menor que o dos
concorrentes, as vezes com informações privilegiadas ou preços
combinados, mas ao longo do contrato vão sendo feitos incontáveis
aditivos que tornam a obra muito mais cara e fazem da concorrência uma
farsa que todos aceitam como legitima. É um jogo, mas quem perde sempre é
o contribuinte.
Se forem mesmo proibidas as doações de empresas,
as maiores prejudicadas serão as empreiteiras, que economizarão nas
doações, mas perderão influencia sobre seus representantes no poder, e
vão ter que gastar mais em subornos, mordidas e comissões no varejo para
manter a bola rolando. No fim das contas, vai sair mais caro.
Claro,
há empreiteiros vitoriosos e honestos, muitos até gostariam de ser, mas
não sobreviveriam à concorrência desleal institucionalizada. O irônico é
que os que constroem tantas obras úteis e grandiosas são os que mais
geram entulho ético e político para o país. Mas, ao contrário dos
políticos, eles roubam, mas, ao menos, fazem.
#Fonte: O Globo - Por Nelson Motta (jornalista)
Desconstrunido o Novo Brasil (Doaçoes de Campanha)
Reviewed by CanguaretamaDeFato
on
21.4.14
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